junho 05, 2012

«Regra de ouro para impedir a dívida pública» - Jaime Ramos

A austeridade que enfrentamos, pondo em causa a sustentabilidade da segurança social, gerando desemprego e falências em série, aumentando a pobreza, deve-se ao irresponsável endividamento. O endividamento não é um exclusivo de Portugal. Com o mal dos outros estaríamos nós bem. A evolução da dívida mundial: «A Global History of Debt By Region: Map from 1970-2010». O problema é que teremos de ser nós a pagar as dívidas que sucessivos governos, eleitos com o nosso voto, contraíram em nosso nome. A perigosa redução da classe média, devido à austeridade necessária a honrar os compromissos da dívida, é uma espiral que agrava o nosso bem estar colectivo. É fundamental que Portugal assegure um pacto de regime, envolvendo os principais partidos políticos e as grandes corporações, que proíba que, no futuro, novos irresponsáveis voltem a endividar a Pátria. É positivo ver Passos Coelho a defender uma regra de ouro, com força constitucional, que impeça no futuro novas irresponsabilidades, que porão em causa a independência nacional. Não percebo o PS, que receia criar uma regra capaz de impedir a loucura de alguns políticos. O PS é o principal culpado do nosso endividamento, mas não o único, pois não podemos esquecer os governos do PSD/PP nem a habitual demagogia do PCP e BE , sempre prontos a aumentar a despesa pública, sem cuidar da sustentabilidade. A EU quer obrigar os Estados, principalmente os da euro zona, a aprovar uma regra de ouro que impeça o crescente endividamento. Só temos de aplaudir.

Jaime Ramos
Autor do livro «Não basta mudar as moscas»

4 comentários:

  1. Pois eu não concordo nada com essa coisa de que temos de empobrecer para pagar uma dívida. Acho que a melhor forma de a pagarmos é precisamente enriquecermos. Quando alguém compra uma casa para pagar em 30 anos, não é suposto que passe a vencer menos para fazer face à dívida, mas sim que aumente progressivamente os seus rendimentos de forma a diluir o peso percentual da mesma. E além do mais, a dívida mundial é o resultado do modelo económico global baseado no crédito.
    E se durante décadas a prosperidade e crescimentos económicos se basearam neste sistema (excluindo as vigarices bolsistas) nao entendo como é que de repente se quer pagar tudo a todo o custo sem se ter em conta o que virá a seguir. É preciso ter em conta os ciclos, os ciclos longos, os contraciclos etc.
    E nada de bom pode vir desta presssão sobre a produção de riqueza; não se pode pagar uma dívida de forma saudável ganhando menos, produzindo menos, mas antes e exactamente fazendo o contrário.

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    1. Charlie, não se trata de empobrecer e sim de não dever mais do que se pode pagar.

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  2. e o "poder pagar" expressa-se sempre no binómio "quantidade/tempo". Ou seja, dividir a dívida por um número de prestações pagáveis. Repara como "dívida" e "dividir" tem a mesma etimologia....

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    1. Claro, estrangular financeiramente alguém, em vez de resolver o problema, só o agrava.
      Mas o que se passava antes também era o "fartar vilanagem" da despreocupação com a falta de capacidade para honrar compromissos, agora ou no futuro.

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