julho 05, 2012

Sobre a relva

Ontem estive na esplanada. Em ocasiões assim quase nunca posso evitar pousar os olhos sobre alguma coisa (apesar do que me diz a minha mãe sobre o “não haver já onde pousar os olhos”). Sobre a relva havia um gato. Sob o gato havia uma pomba. Sobre o passeio havia um homem. Na mão direita do homem havia um pau. Na mão esquerda do homem havia uma corda e na ponta da corda havia um cão. Ao ver o gato sobre a pomba e a pomba sob o gato o homem apressou-se para, mais acima, saltar sobre a vedação baixa e correr a par do cão na direcção do gato para lhe acertar com o pau. Relutante, o gato fugiu, o cão correu atrás do gato e o homem correu atrás do cão e do gato gritando ao cão palavras de incentivo. (Nesta parte pousei os olhos sobre a parede, para não correr o risco de ver o gato enfiar-se sob a roda dum carro). Depois lá o vi passar, ao gato, magro como um cão, sob os carros estacionados... e entretanto voltei a pousar os olhos sobre a parede para ver melhor estes animais: o gato que não comeu; a pomba que fugiu; e o cão que passeava com aquele homem.

8 comentários:

  1. Respostas
    1. Acho que não. Se era, estava muito enfarruscada... Mas não dá para garantir... não tive ângulo para lhe ver a anilha...

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  2. Acho que o homem se chamava Miguel e que atirou o pau ao jornalista, perdão, ao gato, por estar a fazer uma coisa feia sobre a Relva, a qual ficaria cheia de penas e restos de carniça columbina, e já se sabe que a coisa que melhor casa com um belo relvado é a bosta de cão e mainada!
    Haja Paz, disse a esvoaçar para longe das garras, a pomba que já tinha sido na outra vida Dona Xica, curiosamente também de pau na mão a enxotar um qualquer gato, mas cujo pau nada conseguira contra a jornalista, digo pulga, maldita...
    Ai ai, como a vida seria mais fácil para o homem se a todos se pudesse por uma trela. Só por causa da paz né? Assim não seria necessário atirar o pau

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