novembro 23, 2012

O Aeroporto de Beja, e as atoardas.


Quando o aeroporto de Faro sofreu os acidentes atmosféricos que o deixaram inoperativo durante meses, este Governo tudo fez para que os aviões fossem pousar no aeroporto mais próximo: Sevilha, Espanha!



Terminal civil no topo sul do complexo de pistas militares
Corria o já distante (nos tempos que correm uma hora atrás é já ontem)  Ano de 2010 quando na então plena pré-campanha política o Aeroporto de Beja saiu como notícia, agora de novo repetida.
Desde a  falta de vias de comunicação, aos problemas com a construção das pistas, o despesismo inútil, tudo servia para o combate político de forma a desacreditar o já moribundo governo de Sócrates.
Diziam para começar, que "um erro na construção das pistas não permitia a aterragem de aeronaves comerciais".
Oportunamente esse facto foi de imediato desmentido e  ridicularizado pelos especialistas. A manobra jornalística, de mau jornalismo, não investigava nem as fontes nem os preceitos técnicos e científicos. A notícia não tinha qualquer fundamento e dava por isso todos os indícios de ser mais um golpe baixo encomendado.
Na verdade o aeroporto foi finalmente acabado e não foi construída qualquer pista! As pistas de Beja, duas paralelas,  - a maior das quais tem mais de quatro quilómetros de comprimento e quase cem de largura-, tem mais de quarenta anos e são as únicas onde em Portugal podem poisar e levantar os gigantes do ar, Tupolev, Antonov e o Galaxy, cujas pontas das asas, apesar da enormidade da pista, ultrapassam  as suas margens laterais. 
Instalada na vasta planície Alentejana pelos especialistas Alemães no quadro da estratégia da Nato, em plena Guerra Fria, o simples facto de se argumentar que a pista está mal feita é tão ridicula como as exigências que o nosso Estado faz aquando da importação de ambulâncias: nunca são aprovadas, pois há sempre qualquer coisa a apontar pelos cabeçanas da nossa praça e é necessário mudar uma coisa qualquer, que não faz falta alguma na óptica dos construtores, mas já se sabe que eles, os que as fabricam, não sabem fazer ambulâncias...

Mas voltemos à BA 11: Os coeficientes do piso são três vezes superiores em qualidade e resistência ao que comumente se exige para a aviação comercial. Não nos esqueçamos que se destinava a cenários de voos intensos e em condições de possivel bombardeio em caso de conflito.
Felizmente nunca aconteceu e à medida que a Base, com o fim da Guerra Fria, foi perdendo o interesse militar, tornou-se palco de actividades ligadas ao uso civil. Durante décadas a TAP utilizou as pistas da Base para voos de treino e formação e dadas as excelentes condições das pistas foi desde cedo proposto que a vertente civil fosse ampliada através de um terminal aeroportuário, ideia que deu corpo ao projecto agora terminado.
O preço dessa obra também foi mais uma vez o paradigma do que nunca acontece em portugal: orçamentada em 35 milhões, foi feita por 33 e picos, ou seja, uma única vez na história em que não foi preciso rectificar orçamentos e onde houve verba devolvida! E é falso, totalmente FALSO que tenha necessidade de mais 39 milhões. Mais uma atoarda, um golpe baixo.

As únicas obras para o Aeroporto foram o terminal civil e a placa de estacionamento. Por outro lado, as obras não foram do Sócrates, mas terminadas por ele. Vinham já da era Barroso que anunciou prever ser em 2007 o ano de conclusão do projecto.
Se não há vias rodoviárias de perfil mais rápido, esse facto deve-se exclusivamente a este Governo. A auto-estrada quase pronta, com expropriações,  pontes , terra-planagens e pontões construídos, foi abandonada sine die.  As justificações as do costume, não há dinheiro.  Não se sabe em que condições estarão  e quanto custará recuperar as infra-estruturas quando um dia se retomar a obra, fundamental entre Sines, Espanha passando por Beja, cruzando com a A1 entre Algarve e Lisboa. A saída da Auto-estrada, com as suas portagens fica juntinho ao terminal cívil do Aeorporto e é obviamente incontornável para dar sentido e viabilidade ao investimento.



Quanto à linha férrea, esta passa a poucas centenas de  metros do topo Norte da Pista e já desde os tempos dos Alemães  que existe a terra-planagem para um ramal ferroviário que serviria  uma eventual estação da Base Aérea, que nunca foi construída.


Vista aérea das pistas, a principal em primeiro plano, Do lado direito em baixo e obliquamente, o terminal aeroportuário.
No que toca às  distâncias referidas, deve ter-se em conta um facto fundamental: Não é só a proximidade que conta, mas a segurança e a operacionalidade. A zona foi escolhida nos anos sessenta aquando da construção por não ter ventos cruzados e ser muito parca em nevoeiros o que permite uma elevada taxa operacional e de segurança, na altura dados fundamentais para um  hipotético cenário de guerra com a Urss. Mas a distância não é nada de especial, a Ota ficava a oitenta quilómetros de Lisboa, o Aeroporto de Beja fica a  cem do que seria o novo aeroporto da Capital e acento e doze do de Faro. Por todo o mundo existem aeroportos de apoio a distâncias médias  por razões estratégicas que se prendem fundamentalmente com questões atmosféricas ou de saturação de espaço aéreo. Em caso de nevoeiro denso num determinado complexo, é lógico acreditar que um outro a poucas dezenas de  quilómetros possa estar sujeito às mesmas condicionantes e que as alternativas devam estar deslocalizadas a uma distância aceitável, distância essa que concorre para o descongestionamento em alturas de ponta.
Por fim a razão principal pela qual o Aeroporto está emperrado: a cereja em cima do bolo, ou seja a má vontade política. Quando o aeroporto de Faro sofreu os acidentes atmosféricos que o deixaram inoperativo durante meses, este governo tudo fez para que os aviões fossem pousar no aeroporto mais próximo: Sevilha, Espanha!
Aqui os critérios de distância não tiveram qualquer importância, destacando-se por isso a falácia do argumento. Estando o terminal do Aeroporto de Beja terminado e pronto a receber passageiros e a pouco mais de uma hora de carro do seu destino,  (só porque a auto estrada não estava pronta senão era menos) , foram estes obrigados a ter que  deslocar-se desde Sevilha a Faro e vice-versa a mais de duzentos e cinquenta quilómetros. Durante meses. A justificação para tal facto foi dada pelos porta-vozes do poder actual: a pista não estava certificada(!!!???)
Ou seja, uma pista onde desde há quarenta e tal anos pousam aviões de todos os tamanhos, civis e militares, “não tinha certificado”! Podemos perguntar quanto tempo é que um primeiro ministro leva a assinar um papel de forma a agilizar qualquer procedimento bacoco de carácter burocrático, mas se calhar não teve tempo nem a situação de urgência derivada da ocorrência em Faro justificava qualquer tomada de posição. Como consequência, além do incómodo dos passageiros e os custos adicionais, todo o dinheirinho dos serviços aeroportuários que tanta falta nos faz, até para amortizar o investimento do aeroporto, foi direitinho para Espanha…

É por isso triste que Pedro Rolo Duarte no seu programa diário na Antena Um tenha  dado  voz  ao Blogue 31 da Armada que desenterra a “notícia “ de Outubro de 2010 como novidade. Triste porque o Pedro não precisava de repetir a mentira nem as piadolas tolas que à sua volta se construíram. O 31 da Armada foi buscar a rolha da espingarda de pressão de ar, puxou o cordel e atirou de novo, e o Pedro achou piada. Eu não!

8 comentários:

  1. The base is now modern and well-equipped, employing around 1,000 personnel.[2] It comprises two parallel runways running north/south (01L/19R, 01R/19L, the largest being 3,450 m (11,320 ft) in length and the other 2,951 m (9,682 ft) long.*
    A third parallel runway/taxiway supports its helicopter facilities.[2] Beja Air Base is one of the most important training facilities of the Portuguese Air Force and during 2008 operated over 70,000 flying hours.[3] The first training phase comprises flying on Socata TB 30 Epsilon aircraft, while the final course is made on Alpha Jets of the 103 Squadron, which currently has 15 operational aircraft.[4] The 552nd Squadron operates 12 Alouette III helicopters tasked with tactical transport for the army, helicopter pilot training and occasional search and rescue. The Alouette helicopters made a total of 314,000 flight hours and are due to be replaced by Agusta AW109 or Eurocopter Colibri by 2011.[5] The 601st Squadron currently uses 7 P-3 Orion aircraft which provide 24/7 search and rescue and anti-submarine warfare cover.[6]

    Currently, construction of a civilian terminal is underway at Beja, the airport specifically aiming at low-cost carriers.[7]

    * nota, depois deste artigo foi acrescentada aos topos da pista principal mais de quinhentos metros pelo que ultrapassa os quatro quilómetros

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  2. Não querendo ser como o maluco dos comboios que aqui há atrasado nos brindou com tantos mimos, e pondo um ponto final até para não maçar, não me coíbo de colocar um breve excerto do estudo feito à pista por Rodolfo Arnaldo.
    Ao fim de 40 anos de tráfego e centenas de milhares de horas acumuladas, precisaria obviamente de alguns retoques. No entanto, nenhum fala em erros de pista e outros disparates convenientes ao combate político. Nem sequer a pista, no estado actual apresenta qualquer limitação para um uso normal.
    E para quem sabe ler, bastam estes parágrafos para mandar os cavalheiros irritantes com este e outros temas, pegar na lancheira levar o almocinho lá ao sítio onde as costas mudam de nome.

    ....Actualmente, após muitos anos de serviço, a pista ainda se encontra em boas condições sem apresentar
    anomalias graves nas inspecções visuais efectuadas [4]......
    (no entanto acusa nalguns pontos as passagens dos anos estando aíabaixo do valor mínimo.)

    ...Na presente dissertação estudaram-se quatro hipóteses de reabilitação estrutural, das pistas em betão
    pré-esforçado da BA11, para diferentes níveis de tráfego. Dimensionando-se as mesmas segundo o
    método da FAA, com recurso ao programa FAARFIELD.
    Com base nas dimensões dos pavimentos novos e das camadas de reforço, calcularam-se as
    capacidades de carga dos mesmos, e atribuiu-se a cada um, uma classificação PCN. Mediante este
    cálculo observou-se que todas as hipóteses, calculadas segundo o FAARFILED, tinham classificação
    superior à determinada como classificação alvo para a operação de aeronaves para a nova missão
    a
    que a pista se destina e parece que no fim de 20 anos a exigência dum PCN de 55 seria largamente
    cumprida. Possivelmente a consideração de um tráfego coordenado com a operação verdadeiramente
    espectável para o aeroporto pudesse induzir reabilitações menos conservadoras, visto que as camadas
    de reforço calculadas parecem estar sobredimensionadas.
    (nota, estas obras, a cobertura completa da pista e não os arranjos pontuais, aqui e ali, é que custriam os tais oito milhões de Euros. Como diz especialista, não são necessários, mas recomendáveis, obviamente, e com esta me calo.)

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    1. ahahahahah

      De quem te foste lembrar, ó... maluco dos aviões :O)

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  3. Eu prefiro andar de autocarro.

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    1. Olha, Charlie, um maluco dos autocarros!

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    2. Um avião de passageiros é um autocarro, ao descolar e aterrar...

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