outubro 14, 2013

A verdade tremenda sobre as origens da emigração ilegal do Norte de África


...é mais do que altura de abrirmos os olhos, ainda o podemos fazer, o Somali na foto já não o pode
É de admirar que os desgraçados assaltem os barcos e outros tenham de fugir de um sítio que os viu nascer mas onde não podem viver?...


habitante Somali atingido por lixo tóxico Foto http://somalitalk.com/
Somos praticamente todos os dias confrontados com a tragédia em corrente contínua que é em resumo o fluxo ininterrupto de gente que se atira literalmente ao mar em desespero. Uma pequena parte da austeridade que sofremos e que apenas serve para enriquecer ainda mais os mais ricos e empobrecer os mais pobres e tornar os que são mais pobres miseráveis resolveria o drama inadmissível dos milhares de mortes resultantes da emigração ilegal do Norte de África para a Europa.

As causas são difusas e mantidas distantes do nosso entendimento, para a grande maioria das pessoas são apenas uma estranheza incómoda, essa coisa de gente nos barcos que vêm engrossar os bairros marginais.

Pouco ou nada podemos fazer, julgamos, mas a verdade é que poderíamos fazer toda a diferença.
E começaria na nossa rua, e por razões aparentemente tão distantes, que nem nos damos conta como quando por exemplo compramos um pacote de açúcar.
Na Africa equatorial, existiam não um nem dois tipos de açúcar, mas dezenas.
Com paladares, texturas e aplicações diferentes.
Um dos açúcares, por exemplo, tinha a característica de se transformar pela acção do calor em caramelo líquido de forma permanente. Com um sabor distinto e inconfundível e adequados para os pudins e bolos.
Esse produto, cuja produção em toda a linha, desde o cultivo, a apanha e a transformação, poderia dar trabalho e dignidade aos povos, foi simplesmente cilindrado por ? ....a nossa PAC.
A par da equivalente nos EUA, um pacote de açúcar chega tão barato aos mercados africanos que tradicionalmente viviam do nicho dos açúcares, que pura e simplesmente foram à falência. O mesmo se pode dizer em relação a quase todas as outras produções tradicionais que não têm hipótese perante a máquina cilindradora com os apoios dos Estados à cabeça.
O que acontece é de facto um dumping puro e simples de todas as produções em todas as áreas. Por outro lado, e decorrente da situação de desgraça em que os povos se encontram, encetam então a penúltima fase da sua - a prazo da nossa- desgraça: a desflorestação. Na mão dos especuladores e oportunistas desbaratam pela pressão da sobrevivência imediata, toda a sua riqueza natural e a troco de quase nada.
O que resta no fim é apenas o que vemos. Gente desesperada que se atira ao mar de qualquer maneira.
Porque morrer por morrer, que seja antes por tentar do que à fome.
O mesmo quadro temos a situação que se vive nas costas orientais do grande continente negro.

Todos nos interrogamos o porquê da brandura com que se tratam os assaltantes dos navios. Mas é de facto um afloramento de má consciência a acção suave exercida relativamente aos desmandos dos  chamados piratas. O que ninguém diz é que as máfias tomaram conta de um negócio milionário e extremamente perigoso com consequências trágicas para já para os desgraçados dos Africanos, e a prazo para todos.
contentores cheios de lixo tóxico Foto http://somalitalk.com/
O “tratamento” de lixos perigosos e tóxicos, inclusivamente nucleares que muitas empresas do ramo encetam acaba pura e simplesmente em contentores que são atirados junto às costas desses países. Um negócio milionário já que os tratamentos a sério, são caríssimos, e as empresas cobram-nas dos Estados mas depois atiram o veneno para cima dos “não-Estados” vítimas de lutas internas e dominados pelos “senhores da guerra”.
Muitos contentores rebentam junto às costas envenenando todo o ambiente e os habitantes locais pura e simplesmente não podem já viver da pesca como sempre fizeram, nem podem sequer aproximar-se da maior parte dos areais, pejados de centenas de contentores a verter de forma contínua o seu conteúdo letal para o meio envolvente.

-Ficamos doentes- dizem, e apontam para os barcos que ao longe se dirigem de,  e para, o estreito de Suez.
-Foram eles que nos mataram os peixes e agora a gente vai lá para que paguem pelo mal que nos tem feito.

É de admirar que por um lado os países onde NÓS VIVEMOS, fazendo conta que não sabem de nada, apenas exercitem uma suave dissuasão? É de admirar que os desgraçados assaltem os barcos e outros  tenham de fugir de um sítio que os viu nascer mas onde não podem viver?

A desculpa da crise veio ainda agravar mais o problema. Sem dinheiro, os Estados são reféns e recorrem aos que menos cobram em todas as áreas e é a Mafia que domina no fim da linha as actividades ligadas a lixos tóxicos. É uma perfeita vergonha e estupidez alimentar esta bomba-relógio que temos literalmente nas mãos. São os Estados que fazem o dinheiro, e os governantes não tem nada que ser reféns de outra coisa que não seja a sua missão em relação aos cidadãos que compõem os Estados. Nem crises, Troikas  e mafiosos poderão alguma estar acima destes valores.
por isso urge acordar, abrir os olhos e tomar um atitude, seja qual for, porque uma vez atingido determinados limites e ultrapassados estes, tudo é admissível excepto o deixar andar.
 

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