É consabido que os bancos, por mais disparates e falcatruas que cometam, estão sempre a salvo de qualquer dissabor, seja financeiro seja reputacional.
Se estiverem financeiramente mal, descapitalizados, o estado põe sempre a mão por baixo e acode-lhes com o dinheiro dos nossos impostos. Se praticarem ações dolosas, o banco e a sua administração safam-se sempre e quem acaba por pagar as culpas são sempre subalternos.
O Banco Espírito Santo é um bom exemplo do que afirmo. Tem praticado toda a sorte de irregularidades e, no entanto, nunca acontece nada, ou seja, paga as multas mas segue em frente:
- nos Estados Unidos foi condenado por lavagem de dinheiro;
- em Espanha, idem;
- no Brasil, também;
- o mesmo em Angola.
- esteve envolvido no caso Portucale, de suborno de políticos para legalização de uma urbanização, com abate de sobreiros, mas apenas os seus gestores e os decisores públicos foram condenados.
- esteve envolvido na compra dos submarinos e no caso das respetivas contrapartidas mas nada se provou por a investigação ter sido feita de forma incompetente, segundo o juiz;
- Ricardo Espírito Santo esqueceu-se de declarar 6 milhões de euros de rendimentos sujeitos a IRS e isso não foi crime fiscal, limitou-se a pagar o correspondente imposto. Assim, vale sempre a pena correr o risco…
- recentemente, em 2012 – e como refere esta notícia –, adulterou a suas contas (melhor, as contas da holding familiar que detém as participações no banco) para camuflar, omitindo-os das contas, empréstimos de 1 200 milhões de euros concedidos a sociedades do grupo em situação económica difícil, isto à custa, e com risco, dos seus clientes, e, de passo, encobrir o facto de os capitais próprios da referida holding terem passado a negativo.
Confesso não entender como foi possível fazer sair o dinheiro do banco sem que, de acordo com a regra contabilística das partidas dobradas, essa saída fosse compensada com um crédito a terceiros. A menos que tenham inventado clientes fictícios para suportar este crédito. Mas, e os auditores não detetaram?!!
Não obstante a fraude envolver empresas do grupo, o seu principal dirigente afirma em entrevista, com uma candura desarmante, que ignorava o assunto e que a culpa foi do contabilista. Que terá sido mais papista do que o papa, pelos vistos. Este – o contabilista, não o papa –acabou por se demitir, imagino que após uma sessão de auto-flagelação e uma opípara indemnização.
Os hebreus, durante as cerimónias do Yon Kippur, ou da Expiação, na antiga Jerusalém, também costumavam apartar um bode do rebanho e enviá-lo para o deserto para ser ele a suportar sozinho a culpa de uma calamidade ou crime de toda a comunidade. É o chamado “bode expiatório”. A história é, pois, já muito antiga. E resulta!
E, no entanto, Ricardo Salgado prossegue incólume e limpo por fora, como se nada de mal tivesse acontecido, sendo olhado como a personalidade mais importante do regime. Foi-o, seguramente, no governo Sócrates e Manuel Pinho.
Assim vai o mundo!...
António Pimpão
António, será que nossa Fé no Espírito Santo não está arrefecida? (pelo menos neste aí... está)
ResponderEliminarA história do bode, aos moldes de hoje, só difere no fato de que já não é um só a suportar toda a carga. Há um número considerável de "bodes", "cabras" e "cabritinhos" suportando a falência do Estado, assim como o "touro" suporta a vaidade do homem a enfiar-lhe as farpas em seu dorso.
Enfim, há sempre um "burro" a pagar o "pato" .
E entra o Espírito Santo na história, que relação alguma tem com a "pomba", e nem com a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, e sim em surrupiar a esperança de "terceiros".
Assim foi... e ainda será para muito tempo.
E o mais tramado é que a tendência é para piorar.
EliminarAté quando vamos suportar estas afrontas...?
ResponderEliminarÉ tempo de meter no Tarrafal os políticos e os administradores dolosos e recapitalizar os bancos com os bens pessoais desses administradores.
A minha experiência com os Bancos é igual a de toda a gente: mazinha graças a deus.
ResponderEliminarCom o BES onde já não tenho conta também graças a deus, foi então do piorio.
Faltando-me há uns anos (ainda era em contos de réis )cinco mil contos para acabar de pagar a minha casa, e dispondo, graças a deus nessa altura dessa quantia, fui ao dito Banco disposto a pagar tudo de uma vez e ficar livre de encargos.
Fizeram-me pagar mais uns quatrocentos (2000€) a coberto do argumento de que o Banco perdia assim "rendimentos expectáveis futuros".
Paguei de muito mau grado essa roubalheira, mas enfim....
Ficou infelizmente e bem me arrependo, um seguro da casa na seguradora do dito Banco que em já em Euros valia 300.
Durante dois anos e até devo dizê-lo muito por causa dos 2000€ que me fizeram pagar, reduzi a actividade nesse Banco, e apenas tinha a quantia necessária ao pagamento do seguro e pouco mais para as "despesas de manuntenção de conta", essa coisa que ainda ninguém conseguiu explicar o que é. ( O peso dos Bits deve dar uma trabalheira carregar, já que o dinheiro tem qualidades voadoras e peso? Desconfio de quem diz que lhe pesa....)
Três anos mais tarde de ter pago a casa e de ter ficado apenas lá com o seguro anual, e uma semana antes do vencimento do prazo lá fui pôr o dinheiro que faltava para os ditos 300, pois o saldo era insuficiente.
Ficou a conta provida de um pouco mais dos 300€ e eu descansadinho até que seis meses mais tarde recebo um telefonema do banco a dizer-me que faltava na conta 325€...
Fiquei assim: O QUÊ????????????
Faltam 325 mas de quê?
Fui logo ao banco saber o que se passava e eis o Kafkiano: o seguro tinha aumentado: e como o saldo era insuficiente, (meia dúzia de €uros porque eles tinham cobrado a comissão de manutenção, senão até chegava) o Banco teve a lata , não de me dizer imediatamente que o saldo era insuficiente, mas de me cobrar por falta de provisão todos os meses 50€00!!!!!
Seis meses depois chega o telefonema: "Tem 325 euros em falta na sua conta".
É claro que uma pessoa normal, não tem obrigação alguma de manter a urbanidade e desde a chegada até á saida da dependência foi em voz alta que a palavra LADRÕES, se ouviu mais vezes.
A conta foi de imediato encerrada e o banco BES?
É como diz o outro: não há nenhum que seja bom e por isso sou com a Dona Prudência, se BES nunca mais, os outros cada vez menos.
Os bancos têm aquilo a que se chama na minha terra a «lógica do caga-cornos»
ResponderEliminar