maio 12, 2014

Seres

Por vezes surgem-me frases soltas e penso que dariam um bom mote para um texto. Se não as aponto, varrem-se do meu pensamento tão depressa como apareceram e depois não há forma de as encontrar. Mas há uma que por mais voltas que dê não me esqueço dela: “esta terra não é para mim”. Esta frase nem sempre vem associada à minha cidade. São tantos os cenários em que a enquadro que até chateia.

Esta terra não é para mim

As pessoas. Estou tão farta das pessoas. As pessoas. Aqueles seres robóticos que andam e falam e fazem xixi e comem mas que tão raramente pensam.
As pessoas. Aquelas coisas que têm alguns membros como pernas e braços mas que tantas vezes se orientam, pensam e vivem exclusivamente através de outro membro.
As pessoas. Aqueles seres que na origem são assexuados mas que insistem em colocar rótulos e etiquetas em tudo o que vêm à frente.
As pessoas. Aquelas coisas que nascem todos iguais e de igual forma e são feitos através do mesmo processo mas que insistem que são diferentes pelos valores que possuem demonstrando que são escassos dos valores que importam.
As pessoas. Aqueles seres vivos que não respeitam os outros seres vivos porque consideram que têm um peso maior no planeta.
As pessoas. Aquelas coisas que só sabem ocupar espaço.
As pessoas. Aquelas coisas que não sabem o que é respeito.
Estou tão farta das pessoas.
Nota-se muito?
(É uma pergunta retórica)

13 comentários:

  1. É por pessoas como tu que eu não me farto das pessoas.

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  2. Há pessoas e pessoas e ainda bem. Tu és das outras pessoas.

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    1. Lá estás tu a estragar-me com mimos...

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  3. Assim como são as pessoas... são as criaturas.

    (ohhhh!)

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    1. Não sei. Parece-me que as restantes criaturas são bem menos problemáticas...

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  4. Pois
    A fartura é precisamente devido ao facto de as pessoas terem deixado de Pessoa.
    Não pensam, são dirigidos pelos interesses dos que pensam por eles.
    O que é muito bom para quem manda, para quem faz grandes negócios e no fim das coisas quando o regabofe dá origem ao desastre, atirar as culpas para o meio do rebanho de acéfalos, que depois se atiram uns aos outros enquanto os "pensantes" respiram fundo com os bolsos bem aviados.
    O não ser crítico é tão mau como o de dar corpo a críticas dirigidas, que não derivam de um processo de análise mas sim da necessidade de descarregar de imediato em alguém as frustrações e o desencanto. Processo bem conhecido da nossa classe política.
    É vê-los e ouvi-los agora em campanha, a fazer malabarismos com a falta absoluta de vergonha e de memória atirando culpas ao ar como quem atira foguetes.
    A estupidez colectiva gosta disso.
    Sempre gostou,
    É ver a quantidade de badalhoco-novelas e programas da treta com Gouchas que as pessoas trocam por um bom livro, pela leitura e aprendizagem de um bom poema, pela má-lingua que se troca por uma boa amizade...
    É assim...vive-se no meio da carneirada...

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  5. Estar farto das pessoas não me parece ser um bom sinal de lucidez.
    Não gosto de certas pessoas e infelizmente são muitas, mas gosto muito das outras e essas são ainda mais.
    Este mundo está carregado de muitas e variadas pessoas.É salutar aprender a viver no meio de todos.

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  6. Mas Madalena só está farta de determinado tipo de pessoa, e como a entendo!
    Eu também estou farta das pessoas sem escrúpulos, sem princípios, sem valor algum - mas que fazem juízo de valor sem fundamento -, de políticos desonestos, de patrões exploradores, de governos corruptos etc etc. Ninguém se sente bem com isso e com "essas" pessoas ao entorno.
    Apenas torço para que as pessoas AINDA sejam feitas "através do mesmo processo", porque nem vislumbro de como o Mundo seria se pessoas fossem "fabricadas", tal como Hitler planejava.

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  7. Já não são fabricadas como no meu tempo?!
    Ando mesmo desactualizado...

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  8. Desta vossa sequência após o texto da Mad, ocorre-me magicar que se as pessoas fossem todas feitas - sim, artesanalmente, São - como deviam ser, não haveria tantas despessoas, que são aquelas de que penso a Mad se refira.
    Pais cujo protagonismo se esgota quanto o espermatozóide fura caminho, geram também despessoas desse tipo.
    Por isso, haver tantos sem-terra, sem-pai e sem-mãe. E, depois, estes provocam um temível efeito colateral: os sem-paciência!

    Também eu, como te entendo, Mad...

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