novembro 18, 2015

Paris, 13 de Novembro de 2015

não há céu nem mar
nem tanto azul
nesse tanto sangue rubro derramado
nem nos fica tanto assim
lá para o sul
a urgência do saber ser solidário

é tão rubro e é tanto o sangramento
desse jovem que estilhaços dilaceram
que o horizonte todo ele se avermelha
e inflama um olhar tão sempre à espera

e o sangue é igual nessa corrente
sem ter cor de pele
nem rosto
nem idade
e é um rio
que se espraia numa rua
qu’inda há pouco era o centro da cidade

é um rio
cujas margens em vertigem
nos fazem soar ao longe
na nascente
de Brecht
um poema recorrente:

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem


mas nem tudo é sempre igual
que tudo muda
só nos resta perceber
o que é diferente…

1 comentário:

  1. Tomo a liberdade de divulgar, aqui, o poema de um poeta português, Vitor. C, cujo livro SOU TEU, de sua autoria, foi lançado em 25/10/2015, simultaneamente em Portugal e no Brasil.
    O poema foi divulgado no G+, recentemente, e cabe destacá-lo, diante do momento inseguro pelo qual passa o mundo.

    "COMO POMBAS, COMO ÁGUA

    Como pombas brancas
    riscando o cinzento de nuvens metafóricas,
    num céu sem limites, infinito, sereno,
    rumo a um Universo distante
    de um sonho lindo…

    Como gotas de cristalina água
    escorrendo da verde vertente de uma folha de árvore,
    escapando, serpenteando pelas suas nervuras,
    alegremente, sem mácula, sem pecado,
    enquanto as manhãs parem orvalhos…

    Como seres peregrinos de rios e estradas,
    de planetas e estrelas,
    de foguetões e caravelas,
    do bem e do mal escrito pelas próprias mãos,
    de olhos abertos e peito voraz…

    Como seres que querem começar puros,
    como se nunca antes tivessem começado,
    como se nunca antes tivessem ofendido ou humilhado,
    como se nunca antes tivessem errado!

    Queremos recomeçar, pombas ou água,
    doridos, ensanguentados, feridos,
    sujos, rotos e famintos,
    com a alma a transbordar de dor e o corpo de suor,
    mas queremos recomeçar puros,
    como se nunca antes o tivéssemos sido
    até ao momento em que sentimos ser peças do mesmo jogo
    e descobrirmos que o brilho dos nossos olhos
    já morava no olhar do outro!

    Como pombas ou como água,
    tanto nos faz,
    queremos sonhos,
    queremos esperança,
    queremos paz!

    Como pombas ou como água
    queremos percorrer o caminho de Santiago,
    descobrir a Arca de Noé
    e o princípio do Arco-íris,
    queremos ser ninfas, duendes,
    fadas e gnomos,
    beber elixires, poções e palavras mágicas
    como confiança e Amor!

    Como pombas ou como água,
    queremos!!!

    Autor: Vitor. C"

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