julho 16, 2012

O estranho não caso do não assunto que toda a gente comenta


Apesar do esforço notório das cúpulas laranja no sentido de minimizarem a questão Relvas e de toda a gente ter percebido que o filão em matéria de anedotário está a esgotar-se, de vez em quando aparece mais alguém a botar discurso acerca do tal tema que ninguém percebe porque merece tanto alarido mas acerca do qual toda a gente parece ansiosa por dar uma palavrinha.
Agora foi o líder da JSD a exibir toda a sua pujança de galaró ao contrapor ao não assunto do seu bem sucedido antecessor com um não caso, defendendo que o Ministro Relvas só deve demitir-se caso não cumpra o prometido no programa do Governo.

O jovem líder laranja, tão empreendedor na missão de desvalorizar a polémica da licenciatura high speed, nomeadamente pelo recurso in extremis à bendita legalidade, acabou por fazer a apologia da permissividade tradicional perante o político que rouba, mente, omite ou defrauda mas pelo menos apresenta obra feita.
Esta complacência perante os caciques a quem tudo se desculpa desde que apresentem obra feita (leia-se ganhem eleições com maiorias retumbantes), excepção feita ao singular Isaltino, faz parte de uma escola muito apreciada entre os social-democratas e o raciocínio do seu chefe jota comprova a rapidez de assimilação da matéria estudada que tão bons resultados garantiu ao tal quase ex-Ministro que passou a ser igualmente, aos olhos da opinião pública, um quase ex-doutor.

Depois de corrido à boatada o anterior Primeiro-Ministro que começou larilas e acabou intruja, todos pensámos que o PSD iria exterminar também essas novas oportunidades políticas para a malta que inclui no seu passado a trapaça académica, de caminho aproveitando para corrigir os excessos dos seus líderes regionais sem tento na língua e nas contas públicas. Mas não, afinal a indecência das licenciaturas fáceis do tempo de Sócrates só serve de argumento para derrubar Primeiro-Ministros, ainda que nenhuma ilegalidade seja provada, assumindo o estatuto de não qualquer coisa quando está em causa um político que cumpra as promessas eleitorais e outras.
Assim sendo, e por associação de ideias, nada pode forçar uma demissão ministerial enquanto estiver a ser cumprido o programa do Governo porque é esse o critério defendido por um destacado líder nacional dos social-democratas.

Uma não batota descarada

Esta seria para mim uma não posta, mas apenas se não estivesse em causa o perfil e os critérios de quem está ao leme do país num dos seus momentos mais complicados das últimas décadas.
Embora os meus oito anos de Blogosfera não me permitam a equivalência à licenciatura de Comunicação Social, pelo menos enquanto não abraçar a vida política, consigo entender as diversas ameaças à minha Pátria se confiada a gente que pensa e age assim e sinto-me obrigado a partilhá-las.
As possíveis consequências deste tipo de chapinhar no lodo vão desde o descrédito do Ensino Superior (privado por inerência e público por tabela) ao do próprio exercício governativo (o povo não aprecia situações manhosas, mesmo quando dentro da capa da legalidade), passando pelo impacto incontornável sobre a confiança da população nos critérios partidários de selecção dos candidatos a governantes.

Com tudo isto perde a do costume, a tal de Democracia que parece cada vez mais impotente e indefesa à mercê de quem legisla (mal) e que é também quem mais parece beneficiar dessa legislação manca e suas abébias curriculares.
E perde um país inteiro, entretido no escrutínio dos seus líderes quando deveria poder concentrar-se no esforço de recuperação suplementar que deve ser fomentado pelo empenho mas também pela conduta irrepreensível de quem acaba por servir de bom ou de mau exemplo para a maioria.
A resposta dessa maioria pode muito bem vir a revelar-se um não, obrigado...

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