novembro 08, 2012

A posta nas ideias brilhantes e nas fontes luminosas


Recebi, entre uns quantos forwards, um email (sem autoria identificada) com o sugestivo título de Aos poucos tudo se sabe a informar que o líder do PS, António José Seguro, e passo a citar, foi um dos professores (da Universidade Lusófona) que ASSINOU a Licenciatura do dr. Miguel Relvas.
Costumo ignorar este tipo de mensagens sem proveniência clara mas esta prendeu a minha atenção, acima de tudo pelo facto de me cheirar a esturro em matéria de motivações.
Decidi então averiguar a proveniência dessa “notícia”, ou pelo menos a respectiva fonte de inspiração ou de “legitimação”. Segui-lhe o rasto e depois foi fácil dar com o resto.

Isto é um blogue. Nos termos da liberdade de expressão que tanto valorizo, e acautelando a hipótese de uma acusação por difamação ou por violação do direito de autor, posso publicar o que me der na telha. Suspeitas, teorias da conspiração, tudo me é permitido porque não tenho obrigações éticas ou legais nem mesmo qualquer compromisso com a verdade dos factos porque isto não é um órgão de Comunicação Social.
O meu grau de responsabilidade é por isso diminuto e essa realidade aplica-se também aos blogues ditos sérios ou de referência, embora a exigência de credibilidade aumente nas expectativas dos leitores.

Contudo, ao encontrar a fonte primária da informação não acreditei que proviesse dali a “legitimação” para o tal email e isto precisamente porque as páginas pessoais do Facebook têm um estatuto semelhante aos blogues enquanto fontes fidedignas de informação. Os boatos, nomeadamente os que podem fazer a diferença em matérias relevantes, carecem sempre de algum tipo de fundamento (por exemplo, a lógica do só ouvi dizer mas foi da boca de alguém acima de qualquer suspeita) e o deste email em concreto encontrei-oaqui, num jornal dito sério e de referência.

As fontes mais seguras para meter água

Sou do tempo em que os chefes de redacção davam uma vista de olhos em tudo o que havia por publicar, precisamente para garantirem a credibilidade da publicação cujo compromisso com a verdade andava sempre braços dados com a responsabilidade inerente à divulgação (e consequente amplificação) de quaisquer factos.
Era essa a diferença entre um jornal e um pasquim e deveria ser nesta altura a distinção entre um periódico de expansão nacional e um blogue como o meu.
Porém, o jovem cronista citou algo que encontrou na net sem verificar a respectiva autenticidade. Na prática ouviu dizer e bastou-lhe a credibilidade do suposto estatuto de professor universitário do cidadão que lançou a atoarda no seu espaço virtual para o considerar digno de citação num jornal e sem que alguém tivesse, espero que apenas por incúria, forçado a verificação de autenticidade da informação ali contida.

A partir daí, e porque um jornal ainda é uma coisa séria, a “notícia” começou a espalhar-se pela blogosfera, tanto nos posts ingénuos ou mal intencionados como nas caixas de comentários (com recurso ao decalque do email que dá origem a este lençol) e a mentira repetida começou a ganhar contornos de verdade insofismável.
O boato ganhou pernas para andar e não faltarão interessados em vê-lo correr a galope pelo terreno fértil da difamação da classe política tão do agrado popular e mesmo, veja-se o exemplo de Sócrates gatuno, corrupto, gay e mais uma data de verdades forjadas que nem a Justiça conseguiu confirmar, dos interesses político-partidários mais obscuros.

Uma verdade inconveniente?

Agora vamos aos factos e arrumemos a questão:

António José Seguro, um fulano que não aprecio e no qual jamais votarei, nunca frequentou a Universidade Lusófona como aluno ou como professor, mas sim a Universidade Autónoma. E mesmo nesta não pertencia ao Conselho Científico pelo que nem ali poderia assinar licenciaturas seja a quem for.

Isto é um blogue e eu não sou jornalista, não tenho qualquer dever de apurar factos com rigor e de os descrever com imparcialidade e isenção.
Mas bastaram-me dois telefonemas para validar esta informação.

6 comentários:

  1. A notícia não é de todo falsa.
    António Xoninhas Seguro, bem que poderia ter sido professor do Relvas.
    Mesmo sem ter dado aulas na Lusófona.
    E tanto poderia ter sido Seguro como a São, o Tubãrão, o Orca e até, eu mesmo.
    E isso pela simples razão de que a licenciatura do Herbáceo, não ter tido necessidade de frequência de aulas.
    Ora, se esteve ausente, é porque certamente esteve noutro local, o da ausência física, onde também estava o Seguro.
    Logo, as hipóteses dele ter sido professor do outro são elevadas.
    Tão elevadas quanto o seu contrário, ou seja, a de nunca ter sido.
    Exactamento como as hipóteses de eu ter leccionado ao dito Gramíneo o teorema de Zenão...

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    1. Se fosse eu professor do Relvas: "Estuda o teorema, Zenão..."

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  2. O que mais chateia é que Zenão a Zenão, enche o Gramíneo papo...

    O que, por absurdo, me transporta à Casa Pia. A saber, eu já proferi, por diversas vezes, o seguinte dislate: no dia em que o Carlos Cruz denunciou a cena dos estádios de futebol como um projecto megalómano e se retirou do cargo de liderança que lhe fora atribuída, tramou-se. Disse-o eu, na altura, a quem me podia ouvir, pois esa é a lógica do poder institído. E lá aconteceu: tramo-se.

    Pelo caminho, aproveitaram para envolver na mixórdia também o Ferro Rodrigues e o seu braço direito Pedroso, num malabarismo que sempre ficou - como tudo fica - por esclarecer.

    Foi, portanto, e na lógica maquiavélica que nos estrangula, uma jogada de mestre. Enfim, digo eu, que não percebo nada destas coisas e só estou para aqui a falatar...

    Agora, parece que, afinal, não aconteceu nada que não continue a acontecer todos os dias: meninos e meninas a serem abusados até ao nível em que a sua miséria social os conduz ao suicídio ou à montagem de um negócio... Porque o tempo passa, passa sempre. E nós com ele. Carlos Cruz e Ferro Rodrigues, para o bem e para o mal, foram afastados da paisagem, para podermos ter Gouxas e Passos Coelho. Havia quem dissesse que é a vida...

    Pouco me interessa, pois, que o Seguro tenha segurado ou não a mão de Relvas no seu maravilhante curso. O que me interessa é que eu não apertarei, jamais, a mão a Relvas, pela elementar razão de que não o costumo fazer a quem limpa o seu próprio rabo com ela.

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  3. Desculpem-me lá a trapalhice: no segundo parágrafo do comentário acima leia-se:

    Disse-o eu, na altura, a quem me podia ouvir, pois essa é a lógica do poder instituído. E lá aconteceu: tramou-se.

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    1. A gente entendeu. Como entendeu, na altura, que o processo da Casa Pia era - e continua a ser - uma coisinha muito nebulosa...

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