fevereiro 20, 2014

Portugal, herói surpresa para o Financial Times; Anedota ou Epitáfio ?

Para mim, a frase "Portugal, herói surpresa para o Financial Times»" tem tanto de epitáfio como de ridículo.

O artigo ali mesmo ao lado merece ser lido. Até para que fiquemos surpreendidos da forma como falam de um país, que nós não reconhecemos mas que dizem corresponder ao espaço geográfico que nós (os que teimam em viver aqui) ocupam.
Há uns dias, perto da meia noite, assistia como resultado do zapping a um canal cabo onde o tema eram as doenças provocadas pelas pessoas que tinham de viver(?) nos cemitérios. As casas eram simples telhas de zinco sobre as campas e algumas parcas protecções laterais.
O enfoque da reportagem era o misto entre a miséria e crendice primitiva dos habitantes das ilhas Filipinas, situação tipificada aquando do súbito adoecer de um dos habitantes.
Decerto que nos tempos da vida na floresta onde os recursos naturais e o espaço abundavam, umas ervas e umas rezas resolviam as maleitas. As ervas pelas suas propriedades, as rezas e benzeduras, massagens etc, pelo que de positivo desencadeiam no sistema simpático de quem se sujeita e acredita no processo de cura.
Pois bem, perante uma septicémia gravíssima provocada pela contaminação com emanações e fluídos dos corpos em decomposição, nem ervas nem rezas deram outro resultado que não fosse o do agravamento do estado do paciente: uma criança de dez anos.

No entanto de cada vez que um curandeiro repetia com poucas variantes, os processos de cura que anteriores curandeiros já tinham experimentado, as respostas eram sempre as mesmas:


" Estás curado! Já te tirei o demónio do corpo. O demónio vivia no pequeno rebento de árvore que tu cortaste ali junto à campa, ficou zangado mas agora está dentro deste copo. Nunca o abras..."

Ou seja, os tratamentos sucessivos, sempre iguais que levavam o doente de mal a pior, tinham dado resultado..!

A saga acabou com uma intervenção cirúrgica de emergência e uma forte de dose cavalar de antibióticos, mas poderia ter acabado com uma mudança de posição relativa no que ao solo da casa, umas campas, dizia respeito....
Assim, a frase dita como o título do post indica, é tão ridícula que poderia perfeitamente ter sido dita tanto pelo Passos como o Seguro, ambos o outro lado um do outro, ambos mais do mesmo. Com esta frase e esta gente, todos armados em curandeiros convencidos das suas perversas mesinhas, vamos decerto e a passos seguros a caminho do herói morto, já que continuamos a ser todos, a ser - e a ser tratados como - uns meros cobardes vivos...

6 comentários:

  1. De sorriso amarelo.......


    -|-
    ..

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  2. Deixe-me imitar o mesmo riso teu, amarelo.

    -|-
    ..

    Podes apostar:por detrás de um título desses há "acordos" encobertos, porque se nada bate com nada, ou seja, a frase não corresponde à realidade...alguém está ganhando, mas não é o povo (é uma minúscula parte dele)

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    1. Sim... no fundo de tudo há sempre o interesse, ou seja a motivação.
      E a motivação de alguns (poucos) consegue ser mais forte do que a imensa motivação (mais fraca?) da grande maioria....
      Dá para entender?
      Sim, dá para entender o porquê das explosões das panelas de pressão, quando o pequeno interesse de um dedo tapa a válvula de escape do imenso interesse do vapor em sair....

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