maio 03, 2011

Do morto-vivo ao vivo-morto ou de como este mundo está estranho…

Obama liquida sumariamente Ossama, assistindo em directo à execução, ainda que de longe. Foram precisos dez anitos para a tecnologia mais avançada do mundo localizar um perturbante homem de turbante, aliás congeminado in vitro pelas estruturas da CIA, segundo consta, para o desempenho de um papel que, alegadamente, veio a distorcer, quando um rebate anti-imperialista lhe assaltou a consciência. Mas tudo bem. Vale mais tarde do que nunca, dir-se-á…  - estou a falar, claro, dos dez anitos.

O «mundo ocidental» respira de alívio. Ou não?

Um dos mandamentos da Santa Madre Igreja, baluarte de coisas tão despiciendas como a Declaração Universal dos Direitos do Homem – não matarás! - foi lançado às urtigas, sem um piscar de olhos. Então e esta coisa é para valer, daqui para a frente? Foi instituído um novo paradigma que altera aquele postulado pelo de mata, sim, mas só se for muito útil ou mesmo necessário… Assim, sim, sem hipocrisias espúrias! Zás-trás! Chateia? Limpa-se-lhe o sarampo! Tribunais? Para quê? O gajo preocupou-se com tribunais quando atirou com os aviões contra o império ocidental?

Pelo caminho, vai-se dizendo, com descontracção notável, que se empacotou o corpo e se lançou no mar alto… para quê? Para evitar um eventual local de romagem? E tanta malvadez, tanta virulência não contaminará algum peixinho necrófago que, reproduzindo-se, venha a fazer alastrar aquele terrorismo todo pelo mundo fora? Acautelem-se os banhistas!

Mas que estupidez! Que desperdício! Qualquer romeiro que se dirigisse ao putativo túmulo seria, de imediato, engavetado, como se de ratoeira gigante se tratasse, e estava salvaguardada a tranquilidade ocidental. Alegar-se-ia que o engavetado ia em busca de inspiração para actos aleivosos, que lhe chegariam das emanações ossâmicas, do paraíso onde repousa com as suas setenta virgens, e justificada estaria a detenção.

Nem parece de americanos esta gritante falta de espírito prático…

Creio que não será preciso deixar registado que considero qualquer acto terrorista absolutamente deplorável. Mas como definir um acto como terrorista ou não quando os «guardiões do templo» bombardeiam um prédio, sacam o presuntivo criminoso e lançam o seu cadáver ao mar?

Estaremos em presença do outro mandamento do anafado e burgesso vigário de aldeia do século XIX, sobejamente zurzido por Junqueiro, quando apregoava da pequenez do seu alto púlpito: «olhai para o que eu digo, não olheis para o que eu faço»?   

Entretanto, conforme dizia hoje mesmo um comentador espertalhóide, há que localizar imediatamente o próximo inimigo principal do ocidente, pois que o terrorismo não morreu com Ossama. Inimigo que permita assestar armas nessa direcção, a bem da civilização… que sem inimigos à vista, a coisa parece não funcionar em todo o seu esplendor, digo eu…

27 comentários:

  1. Pois é. Os "bons" vão ter que arranjar novos "maus". Estão sempre a fazer isso.

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  2. Eu não gostei nada da brincadeira. Estava tão acostumada ao Bin... :(
    Deu-me logo aquele desconforto de quando nos tiram o lugar do costume na mesa, ou o lado na cama...

    Quando ao artigo, foi desta que te meteste num sarilho, Jorge. Eu que te apanhe, que te dou uma enchente de beijos! Excelente. Excelente conteúdo. Excelente sentido de humor. É mesmo isto que este artigo contém, que falta ao mundo... o tal que ainda ontem nos proporcionou uma imagem trágica de uma turba acéfala e eufórica instigada a deleitar-se com o sangue e vísceras ainda quentes...

    (E depois tenho pesadelos... pudera!)

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  3. Libelita, faz como eu: dedica-te ao erotismo e esquece a pornografia.

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  4. Isso queria eu! A culpa é do Jorge! Ele nunca mais encontra uma agência que venda viagens para a utopia. Eu só queria um bilhete de ida.

    Assim, vive uma pessoa bombardeada por pornografia de todos os lados, a ser envelhecida ao dobro da velocidade esperada, como há de conseguir dedicar-se em paz ao erotismo?

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  5. Eu ainda tenho fé. Um dia, quando formos muitos, o mar há de se abrir para fazermos a travessia para a tal terra prometida. Pois se se abriu aos outros, porque raio não se haveria de abrir para nós?

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  6. Isso é fácil: vais ao Oceanário e o efeito é o mesmo.

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  7. Só falta comunicarmos por telepatia! Como é que adivinhaste que é mesmo aí que tiro uns minutinhos para descansar?
    É assim que recupero energia para voltar às fileiras, redobrando esforços para combater a pornografia de um lado, e difundir o erotismo do outro...

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  8. Eu prefiro só acumular energias :O)

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  9. Na verdade acho que estás coberta de razão. O melhor é ir aproveitando, antes que nos caia em cima alguma daquelas forças especias que matam tudo primeiro e analisam o ADN depois...

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  10. ... pelo menos enquanto o oceanário não fizer um upgrade às suas instalações que permita a definitiva travessia para a terra da utopia...

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  11. Não? Olha que já ouvi dizer que por lá o erotismo é de sete estrelas...

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  12. ... e não há forças especiais das tais que perguntam ao ADN quem és, e depois te usam como alimento para as sardinhas...

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  13. ... nem malta sempre a congeminar numa estricnina que ponha o mundo todo à batatada...

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  14. ... ah, já sei! Com esta convenço-te de certeza! Também não há rating! :)

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  15. Não. Para o sétimo céu, ainda me convencias.

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  16. Oh! Então é fácil! "Sétimo Céu", segunda porta à esquerda, ao fundo do corredor.

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  17. A procura constante do próximo inimigo acaba sempre com o pistola do próprio encostada à cabeça

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  18. Mas olha que demanda em busca do graal da Utopia...! Libélula Purpurina e São a acompanhar-me virginalmente e o paraíso do profeta já não está muito longe. Faltam só mais sessenta e oito, por algumas contas que por aí se fazem... Ou não, que ambas valem bem mais do que aquelas outras setenta todas, que mais não seja pela carne e pelo osso e por artes de pensar, que isto não vai lá só com espiritualidades.

    Gostei que gostasses, Libélula. Dir-se-á que infelizmente, mas as coisas estão assim e não há muito a fazer. Mas guarda as beijocas num frasquinho. Entregas-mas quando nos virmos, que elas não se estragam nem azedam. ;-)»

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  19. A minha virgindade é toda tua, OrCa.

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  20. Que bom saber... Qual, qual? A das orelhitas...? ;-)»

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  21. nao nao, é o coelhinho que vai com o pai natal de cumboio ao circo...

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  22. Tu gostas é de chocolate, Charlie.

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