É compreensível que no contexto de degradação crescente da imagem da que se convencionou apelidar de classe política, particularmente notória no hermetismo das estruturas partidárias que os produzem e albergam, as ideologias comecem a perder protagonismo no momento das decisões eleitorais.
É isso o que explica o facto de muito boa gente se preparar para ir votar contra o Sócrates e não a favor de qualquer alternativa em concreto.
A armadilha, como a sentem muitas pessoas e depois de centralizadas as atenções não nos partidos mas nas respectivas lideranças, consiste numa ausência de opções credíveis de entre as alternativas ao mau da fita da moda.
Ou seja, as pessoas começam por se despolitizarem para poderem concentrar-se no perfil de um Primeiro-Ministro alternativo ao que todos querem ver pelas costas e dão consigo perante um cenário confrangedor.
Se pusermos de parte as ideologias, embora tal não faça muito sentido se queremos levar a Democracia a sério, podemos de imediato apontar baterias para dois dos cinco candidatos com maiores hipóteses de virem a governar o país.
Claro que só mesmo a brincar poderíamos considerar Louçã ou Jerónimo para o cargo de PM, sobretudo desde que, ao recusarem falar com o FMI, confirmaram que os seus partidos emparceiram numa estratégia (e numa ideologia) que em termos práticos faria com que a eleição de qualquer deles implicasse o imediato isolamento do país relativamente à União Europeia. Não há mesmo hipótese de conciliação entre as propostas de ambos e a realidade factual como nos é imposta.
E se Jerónimo, por muito boa pessoa que pareça, é um líder refém do seu Partido e da inegável (e indispensável, por uma questão de sobrevivência) ortodoxia que mantém coesa a casa comunista, por outro lado é fácil de adivinhar a sua transfiguração caso se visse confrontado com a necessidade de implantar em todo um país o pulso de ferro que mantém em sentido o seu eficaz aparelho partidário, sem abébias para a contestação individual dos superiores interesses do colectivo. É assim, e gostos não se discutem.
Já de Louçã, a pessoa, a poucos portugueses ouvi referirem ser uma figura que inspire confiança. Existe algo de escorregadio na atitude e na expressão do forever young e é difícil acreditar que alguém o leve a sério como potencial PM deste país, ademais tendo-se colado à birra comuna relativamente à discussão do futuro imediato do país com os de fora que ajudaram a chamar.
Restam três.
O homem das feiras e o das barrac(ad)as
Começo por Paulo Portas que com tanto calo nisto dos confrontos se tornou aos poucos num encanto de imagem, um encantador de serpentes que a maioria já topou como serpente encantadora e que apenas se coloca a jeito, braços abertos para recolher as sobras laranja, os votos dos que já perceberam que têm um líder passaroco e que o dirigente dos populares é o único à altura da outra raposa destas andanças, Sócrates, que já se provou ter na mão o seu Partido e o eleitorado socialista.
A Paulo Portas, pelo Partido a que pertence e por toda a gente já ter percebido que é um grande músico, pouco mais se pedirá do que alargar a bancada parlamentar do CDS/PP e servir de emplastro para qualquer dos outros dois sem maioria absoluta. Para governarem com um mínimo da estabilidade que é mais do que nunca exigível terão provavelmente que levar com ele.
Passos Coelho até parece ser um gajo porreiro, ao ponto de já andarem os abutres a cravar-lhe facadas em forma de recusa de convites ou de bocas foleiras a partir dos comentadores televisivos nos seus poleiros de consolação.
Porém, há qualquer coisa de ingénuo naquele olhar de menino doce que alterna com o do estadista to be que não lhe assenta bem. E depois há meia dúzia de calinadas, de escolhas desastradas, de pequenos enormes detalhes que não queremos ver no fulano que se sentar em São Bento para obrigar a malta a fazer o que o FMI manda.
E resta quem? Pois claro, resta o Grande Satã, o homem de que ninguém gosta mas o único que revela em simultâneo a rodagem necessária para o desempenho do cargo que tem ocupado, a evidente habilidade para lidar com os parceiros europeus com quem precisamos muito de manter contacto próximo e amigável nos próximos anos e a tenacidade imprescindível para qualquer líder de um país que tem que andar na ordem.
Ou então não faz sentido falar do seu poder absoluto num PS com tradição no produzir de dissidentes desbocados (e despeitados), de vozes do contra que só se calam quando lhes falha a argumentação. É uma coisa ou é a outra.
O Sócrates à Mourinho
Sim, José Sócrates é uma rata velha, um raposo, um furão capaz de comer Coelhos ao pequeno-almoço em matéria de talento para o ofício. É essa a maior frustração dos sociais-democratas, terem o pássaro na mão e calhar-lhes na rifa um lapino sem tino que está em vias de o espantar.
Claro que o povo só pode desconfiar de um gajo assim, esse Sócrates à Mourinho, mau feitio, atrevidote, bem parecido o bastante para não dar muito trabalho ao Luís. E com presença suficiente para manter na ordem os seus, chefe mas muito, verga mas nunca parte como o fizeram alguns dos seus antecessores.
É bom demais para ser verdade e por isso é muito conveniente acreditá-lo ladrão, vigarista, embusteiro, maricas até.
Mas tem-os no sítio e contra isso nada a fazer. E se calhar é mesmo por isso que o Povo, coração generoso e enorme capacidade de perdão, cairá em si e como o voto é secreto lá irão botar a cruz no partido do gajo de quem disseram cobras e lagartos nos desabafos de cabeleireiro ou de esplanada e continuarão a dizer, negando a sua escolha para não parecer mal.
É esse um cenário cada vez mais possível neste Portugal que já desistiu de esperar por D. Sebastião e começa a aterrar num mundo real onde faz falta uma liderança firme que, por ironia, de todos os candidatos mais habilitados o menos desejado é o mais capaz de inspirar.
Sabes que mais? Eu não sei que faça...
ResponderEliminarEu concordo com o Shark.
ResponderEliminarO único personagem político com perfil adequado, pese todo o desgaste de imagem que o exercicio do poder impõe, é José Sócrates.
Não vejo credibilidade nas tontices e troca-tintices do Passos Coelhos. Não vejo o Paulinho das feiras a negociar com elegância e postura de Estado com os parceiros da Europa. A presente crise mostrou à saciedade quem é capaz de aguentar a pressão intensa mantendo um determinado rumo. Do Jerónimo aprecio-lhe a honestidade, simpatia e coerência pessoal. É certamente um homem de coração e convicções, merece um abraço camarada, mas não o meu voto para governar. Do Louçã, vejo calculísmo, oportunísmo e Utopia demagócia e neste particular recupera-se o conceito dos extremos que se tocam pois o Portinhos rima de igual modo com demagogia e populísmo.
De regresso ao maior partido do arco central que ombreia e reparte o poder de forma alternativa,- o Psd -, tem este manifestado uma desorganização interna, e um toque a rebate de todos os jarretas que me parece francamente confrangedor. De forma transversal, de resto, é de notar a falta de sangue novo na política. À falta de apetência dos jovens, alia-se toda uma táctica de tenaz por parte do baronato que intimida e afasta qualquer neófito e aspirante ao exercício de cargos de mais elevadas responsabilidades.
Os outros rapazes dos partidos restantes são de modo geral líricos, bem ou mal dispostos que alegram pela diversidade o enjoativo debate político. E assim sendo, em quem é que a gente vai confiar o leme desta jangada de pedra à deriva?
Ao suspeito do costume?
Ou aos insuspeitos de quem francamente suspeito nem suspeitarem onde o leme fica?
Estas palavras não são um conformismo, um baixar de braços. Não! É antes pelo contrário um apelo ao despertar...
Espera lá, Shark... Mas nós estamos a eleger um Primeiro-Ministro ou o Parlamento?
ResponderEliminarEu estou como o OrCa: não votarei em favor de, por falta de opções e por recusar a alinhar com o "mal menor"; votarei contra. Mas, o meu voto contra acarreta a eleição de uma oposição que, podendo não ser feita por pessoas que ficassem bem no Governo, fazem um belo trabalho enquanto oposição. E eu, que nem sou do contra (e isto não é ironia) gosto muito de uma boa oposição...
Isso, Ana , Uma BOA oposição!!!!
ResponderEliminarMas.... em oposição a um BOM governo, e aí é que a porca torce o rabo...
E é aí que entra o meu cepticismo. Quando vejo a feira de vaidades que é a política em Portugal e, como já me ouviram muitas vezes, em termos de conteúdo (aquilo a que os políticos chamam o trabalho técnico, o tal que o Cavaco diz que é menos importante que a política) ouço e leio tantos disparates, lições tão mal estudadas...
ResponderEliminarDepois, quando vejo o que tem feito agora o FMI, concluo: era isto que eu sempre dizia que se devia fazer: deixarmo-nos de fantochadas, arregaçarmos as mangas, fazermos um diagnóstico a fundo e tomarmos as medidas que considerarmos adequadas.
Eu voto FMI.
eu so não voto, FMI porque á pala da "ajuda" querem as nossas empresas públicas privatizadas e já se vê quem é que irá ficar coma a maioria das acções... As que dão bom lucro, as outras, ficam para que a gente as pague com mais impostos.
ResponderEliminarNa Colómbia, o afã privatizador foi de tal molde, que até a água da chuva foi decretada em lei ser proibida de recolher, pois as empresas das águas desse pais tinha sido privatizada e os accionistas diziam que toda a água desse pais lhes pertencia.
Adivinhem: a quem pertenciam a maioria das acções???
BRUXOS!!!!!
Estive a pensar em engendrar um artigo de fundo, que a assertividade do Shark me parece justificar... Mas, até lá, sempre digo qualquer coisa:
ResponderEliminar- amigos, camaradas, companheiros, irmãos, palhaços, não estamos para aqui todos a cair num erro lamentável e preverso, pelo qual são as personagens centrais que fazem a História? Carais, que isso é de um passadismo atroz!
Eu nem voto no Sócrates, nem no Passos, nem no Portas, nem no Louçã, nem no Jerónimo, nem em gajo nenhum para uma eleição de um Parlamento. E não me venham para cá dar música de ingénuo.
Essa é a armadilha em que cai um país inculto, imbecilizado e de democracia titubeante. Ah, já lá estamos todos? Então, está bem...
Mas eu sempre cuidei que o nosso voto se dirigiria para um projecto de vida, um futuro plausível, consubstanciado numa série de opções políticas, por vezes até ao arrepio de dirigentes ocasionais.
A isso, se bem me lembro, chamávamos-lhe ideais...
Afinal, estamos só a discutir qual é o gajo mais bem parecido para o desfile da moda europeia 2011-2013. Aí, não restam dúvidas: vota-se Armani, que é como quem diz, Sócrates.
Não, eu pensei que estávamos preocupados com a História. Mas, afinal, só nos vamos preocupando com a eleição dos tarimbeiros da polítiquice.
Alternativas? As que se queiram e a que cada um apeteçam! Ou voltamos à treta do «voto útil»? Afinal, não é já um mandamento assumido que todos terão de se entender? E os que não, abatem-se? Então, talvez possa eu também aproveitar para me ir despedindo dos amigos... O dia de amanhã estará mais do que periclitante.
Por detestar a política de fachada, concordo contigo que o importante não são as pessoas e sim as ideias... e a forma como são executadas.
ResponderEliminarOra, caríssima São, aí é um dos sítios onde bate o ponto: a execução das ideias. E, quanto a isso, eu cidadão não perdoo nem tenho de perdoar.
ResponderEliminarTodos vimos o desempenho deste PM. Voltar a dar-lhe crédito apenas baseado na presuntiva incapacidade dos seus opositores?
E então se se concretiza, contra as sondagens do costume, um muito maior equilíbrio nas votações das forças em presença? Suicidamo-nos? Voltamos a fazer eleições? Mijamos-lhes num sapato? Emigramos? Dedicamo-nos (mais) ao mercado paralelo e negríssimo? Vamos roubar carris à linha do Tua?
Outra vez: alternativas? As que a minha consciência política em função dos tais meus ideais me ditarem, mas nunca por estar refém de males menores.
Se calhar, também aqui há que fazer um apelo à criatividade: expliquem-me lá como seria, com o FMI e tudo, se os do Louçã e os do Jerónimo tivessem de formar governo. Queres ver que eles iam declarar guerra à Europa e ao mundo...
Fundamentalmente, tentemos não ficar reféns da nossa própria estreiteza de vistas - que nos é induzida, claro.
Relativamente ao panegírico socrático do Shark, traduzido em características tais como, e cito: José Sócrates é uma rata velha, um raposo, um furão capaz de comer Coelhos ao pequeno-almoço em matéria de talento para o ofício...
ResponderEliminarNem sei bem que diga... Esta é a visão que eu não quero partilhar. Sócrates é tão só o produto mais acabado - e mais útil! - do circo montado nas estratégias de dominação, que nos coube, neste recantozinho ensolarado.
Para além disso, é um aldrabão. Como dirigente político não passa disso. E é útil. Tanto que a sede de poder do PS vota unanimemente nele. Por isso é que eu não voto no PS. Tenho pena...
Eu também não. Porque, na impossibilidade de um BOM Governo, Charlie, (há qualquer coisa de contraditório neste adjectivo e nome juntos, no nosso país), não deixarei de votar.
ResponderEliminarEu punha uma cruz no FMI...
ResponderEliminarUma cruz a encimar dois palmos de terra por cima dos olhos
ResponderEliminarEstava a pensar precisamente nessa óptica :O)
ResponderEliminarA mim parece-me absurdo ocupar espaço em disco a tentar determinar se o rosa é melhor que o laranja, ou se o laranja é melhor que o rosa... ou outras que tais.
ResponderEliminarNão votarei na "chico-esperteza", nem em mentirosos compulsivos, em irresponsáveis, ou em gente altamente especializada em politiquice mas medíocre a fazer política. Não votarei naquilo em que não acredito. E, suponho, ninguém o deveria fazer. Pode o barco estar à deriva, mas não será isso que me fará eleger um macaco para o leme. E também não votarei nos "melhores artistas", que não é nenhum programa de variedades que está em causa, embora muita gente pareça acreditar que sim.
Comigo não contem. Enquanto não apresentarem propostas capazes e pessoas capazes, com qualidades suficientes de carácter, inteligência, e competência, não contem comigo.
Votarei sim, na forma que me pareça mais directa e mais positiva para desmantelar esta oligarquia de aldrabões, e que menos vá a contra-pêlo das minhas convicções.
Vais votar em branco!
ResponderEliminarahahahahahahahahahahah...
Um dia destes... :)
ResponderEliminarE tu também, imagino...
Mas por agora não tenciono votar nos de sempre não votando. Já sabes em quem vou votar, a menos que entretanto descubra melhor alternativa, embora esta já me satisfaça bastante.
Eu já ajudei um colega do MRPP a vender o «Luta Popular» à porta do liceu. E uns autocolantes deles que tinham bonecos vermelhos e um fundo amarelo que ainda hoje, só de me lembrar, me arde a vista.
ResponderEliminarMas fiz isso por amizade. É que a minha política é a política do trabalho.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEu sinto-me sempre preguiçosa... Mas sempre tive fama entre os meus colegas de ser uma formiga, e estou farta de ser acusada de toxicodependência laboral.
ResponderEliminarPara mim, mais difícil que começar, é parar. Mas o que mais me faz correr são os ideiais, o valor dos projectos. E há um, muito recente, pelo qual estou morta por arregaçar as mangas... :)
Uma coisa é curiosa: quando se fala da crise, da situação do país e da necessidade de mudança toda a gente personaliza a questão e aponta o dedo a um só homem, o Sócrates.
ResponderEliminarMas quando alguém fala nas pessoas enquanto alternativas de poder ah e tal que o importante são as ideologias.
Em que ficamos então? Querem falar de ideologias ou de pessoas? E se querem falar de ideologias querem designar com clareza as opções partidárias ou teorizar a perfeição ambicionada mas que não temos disponível quando lá botarmos a cruz?
"Toda a gente" é generalização indevida. Não sejas injusto. Eu? Quero falar de ideologias E de pessoas porque não vejo onde esteja a contradição em fazê-lo. Em termos de opções partidárias, interessa-te assim tanto saber onde cada um vai pôr a cruz? Estás a fazer concorrência à minha entidade profissional nas sondagens?! :D
ResponderEliminarErrata - onde se lê "profissional" leia-se "patronal". (Irra, que levantar "cedo" ao sábado dói)
ResponderEliminarA generalização é um erro recorrente em mim, perdoa.
ResponderEliminarE aproveitando o facto de, e muito bem, reunires as pessoas e as ideologias num mesmo plano de relevância, pergunto a quem me queira responder e só para sentir que fica mesmo esclarecida a questão e o debate sai, por inerência, ganhador:
É preferível a ideologia correcta com pessoas de merda a dar-lhe corpo ou a ideologia "incorrecta" com os melhores de um país a aplicá-la?
Preferível é a ideologia correcta com os melhores de um país. :)
ResponderEliminarA questão que colocas constitui, em certa medida, um falso dilema porque aceitá-la é concordar que só há pessoas de merda a defender a ideologia correcta e que os melhores só farão a apologia do que é incorrecto.
É muito interessante o retrato que traças de cada um dos líderes partidários dos partidos com acento parlamentar. Interessante e certeiro. Mas um partido não é o seu líder; mais, os líderes caem, são substituídos e os partidos e as ideologias ficam.
Se me perguntares, curto e grosso, em quem votarei, digo-te que neste momento não sei ainda. Não será em branco e não será no PS, PSD ou CDS. Nunca fiz "voto útil" (as aspas são porque acho a expressão uma idiotice) e não é por agora que o farei, na certeza, porém, de que, como tu, a maioria votará no PS. Como digo desde que o Governo se demitiu...
Shark,
ResponderEliminarEu ainda noutro dia escrevi um longo comentário a respeito do debate em torno do sentido concreto de voto, justamente porque me parece que há um "buraco" entre o que seja a crítica e a sua concretização expressa no sentido de voto.
Por isso quando dizes "toda a gente" seria melhor, talvez, acrescentares: "salvo raras e honrosas excepções"...
Quanto ao teu artigo, não sei, mas parece-me que falta lá qualquer coisa... é que eu estive a contar os partidos em que este ano teremos possibilidades de votar, e nos meus cálculos são 18... Portanto, "partindo do pressuposto de que as vacas são esféricas..."
No que respeita à tua pergunta, eu até te diria que prefiro uma "ideologia correcta" com "pessoas de merda", que uma "ideologia incorrecta" como os "melhores" a aplica-la... pela razão elementar que uma "ideologia incorrecta" aplicada de forma eficaz é o caminho mais em linha recta para a absoluta derrocada. Mas como também não estamos de acordo quanto ao que sejam "pessoas de merda" ou os "melhores", nem vale a pena tentar argumentar...
ResponderEliminarLibélula, os melhores são os que reúnem em simultâneo capacidade de liderança, visão estratégica ampla, determinação e empenho, força de convicções, sabedoria específica (uma especialização no domínio das Ciências Sociais, por exemplo) e sabedoria popular, espírito de grupo, pragmatismo, experiência de vida a sério e, acima de tudo, um amor à Pátria incondicional.
ResponderEliminarE o teu comentário é um excelente ponto de partida para uma argumentação inteligente, não vejo porque presumes a sua impossibilidade.
ResponderEliminarE para a garantir defino "pessoas de merda": praticamente todas as que têm gerido de forma directa ou indirecta os destinos do país, seja porque exibiram inépcia, porque se deixaram subverter nos ideais, porque toleraram a corrupção, porque não puseram a Pátria acima de si mesmos ou porque sendo pessoas inteligentes e de bem permitiram que qualquer das coisas acima acontecessem.
AnAndrade, tenta explicar-me o que encontras de idiota no chamado voto útil, pode ser?
ResponderEliminar:)
Claro que sim: "voto útil" é uma redundância porque qualquer voto é útil. Não gosto de redundâncias e muito menos de definições persuasivas: quando me tentam convencer que estou a eleger um governo ou que só há 2 partidos em que é inteligente votar, estão a chamar-me estúpida e eu não gosto que me chamem outra coisa que não Ana, que é o meu nome.
ResponderEliminarShark,
ResponderEliminarDentro da lógica que apresentas, não vejo como possas chegar à conclusão de que o "engenheiro" Sócrates seja o "melhor"... Senão vejamos: preenche, de facto, um grande número dos requisitos dos "melhores" embora não possua aquele que consideras fundamental, o tal "acima de tudo, um amor à Pátria incondicional". Por outro lado, todos os requisitos das "pessoas de merda" são satisfeitos.
É curioso que, partindo do mesmo ponto, chegamos ao mesmo tempo a conclusões diametralmente opostas. Porque o que eu concluo daqui é que este está no "top das pessoas de merda". Um personagem suficientemente "bonitinho", muito carismático, com uma capacidade invulgar de liderança, extraordinário talento para o teatro, capaz de tudo para obter aquilo a que se propõe (incluindo todos os tipos de "jogo sujo", censura e propaganda subversiva), mentiroso compulsivo, manipulador, e de carácter, a tê-lo, absolutamente duvidoso. Algo que eu resumiria como: um psicopata perigoso, se quiseres que especifique mais, de tipo narcísico. Se investigares, verás que nesta categoria encontras um retrato chapado do nosso primeiro-ministro. E numa coisa te dou razão, deste calibre e a este grau, ainda não tínhamos tido nenhum, e o povo que não acorde que ainda pode ser preciso suar muito para o tirar de lá.
Com este, podes estar certo, não há ideologia "correcta" que subsista.
Tens alguma prova concreta para fundamentares essas calúnias acerca do homem?
ResponderEliminarShark, provas de que o gajo é um aldrabão?!
ResponderEliminarAssumamos que até tirou o curso a um domingo e que o certificado do curso tenha sido impresso, naquela data, com código postal que à data não existia e com números de telefone com indicativo 21 quando à época o indicativo era 01.
Mas é crónico, ele dizer algo e, depois, concluir-se que os factos são completamente diferentes. É um sonhador, um idealista, um optimista... e não um aldrabão? Talvez seja. Mas, se for, é na mesma perigoso.
Caríssimas, caríssimos e restante família, nada como uma salutar troca de impressões para varrer teias de aranha das ligações neuronais... Posto isto e porque a conversa, interessantíssima embora, vai longa, permitam-me, para amenizar, uma abordagem algo anarca, mas que me foi suscitada por um argumento avançado aí mais para cima e que eu proporia como elemento de reflexão analítica, com alguns laivos de psicopatologia:
ResponderEliminar- eu gosto de me definir - apesar de tudo e seja lá isso o que for - como um «homem de esquerda», tão atento quanto posso ao que se vai passando à minha volta, condição já de si redundante com esse estatuto...
Vem isto ao caso de que, aqui há uns poucos de anos, tenha olhado para a ascensão de Ferro Rodrigues no PS como um passo certo e firme na consolidação dos ideais de Abril na sociedade portuguesa... Uma esquerda democrática, libertária, esclarecida. Uma mais credível e consistente e diferente oposição ao prof. Cavaco e Cª. Até estive quase a inscrever-me, tão solidário eu estava, vejam lá!
Pois não houve nada que não lhe acontecesse - principalmente de dentro do PS e estou a falar das manobras mais ranhosas, as facadas mais soezes que imaginar se possa - para o fazerem apear dessa liderança. Lembram-se? E já repararam no silêncio que caiu sobre este assunto?
Em benefício de quem...?
E, agora, temos o que temos. PS e PSD «plasmados» na partilha do poleiro, ambos com o intuito único de fazerem os fretes aos tais «senhores das marionetas». E tudo muito mais fácil para eles e seus desígnios.
Dá que pensar...
Sãozinha,
ResponderEliminarExcelente esclarecimento! :)
Shark,
Tenho muito mais provas concretas do que ficou dito, do que tu algum dia conseguirás reunir de que eu tenha por hábito "caluniar" alguém, mesmo que seja a pessoa que a pretexto de pura vaidade, interesses estritamente pessoais, e gosto do poder pelo poder, me anda querer tirar o pão do prato.
(Caro camarada Jorge, quando comentei, não tinha ainda visto este teu último comentário... mil perdões! Foi um simultâneo... :))
ResponderEliminarSe tens provas concretas e não as posso ver, que mais me resta senão aceitar o facto de que na nossa pobre democracia a malta não confia no sistema judicial e não tenta provar num tribunal os crimes de que tem conhecimento...
ResponderEliminarAssim sendo já nada me resta dizer, não podendo negar as tuas alegadas provas.
São Rosas: tal como a Libélula tens provas? Neste caso terás visto o original do documento a que aludes e terás a certeza absoluta da respectiva autenticidade...
ResponderEliminarComo posso eu competir com gente tão bem informada mas que não quer mandar prender o homem?
Ana: não me parece que o teu raciocínio seja assim tão mais robusto do que o daqueles que em função das circunstâncias decidem otherwise.
ResponderEliminarRepara: a tua posição é monolítica, pois não admites em momento algum ter em conta algum tipo de circunstância que possa influenciar o teu voto.
A de quem aceita engolir sapos é, nesse sentido, mais flexível pois permite pensar o país para lá do nosso umbigo eleitoral.
Shark: em primeiro lugar, nunca disse que o meu raciocínio era melhor (ou mais robusto, como lhe chamas) do que o de qualquer um aqui. Limitei-me a apontar falácias ao teu, algo que te agradeceria que fizesses em relação ao meu, porque não estou a ver onde perco coesão.
ResponderEliminarQuanto a essa de não admitir, em momento algum,ter em conta algum tipo de circunstância que possa influenciar o meu voto, devo dizer que estás a ler nas entrelinhas, mais do que eu lá deixo. Nunca disse que não votaria PS, PSD ou CDS. NUNCA digo "desta água não beberei". Imagina que, de repente, sinto que o que defende um desses partidos vai ao encontro do que eu creio ser melhor para o país... pois a minha cruz será deles. (Como aconteceu com as candidaturas de Jorge Sampaio, apoiado formalmente pelo PS e convictamente por mim, nas duas únicas eleições que venci, até hoje). Ao dizer-te que não voto convictamente em partido algum, não achas que estou a engolir sapos q.b.? Ou o PS detém o exclusivo dos sapos engolidos?! Mais: achas que o meu voto é egoísta, só porque não concordo contigo? Quem vota PS é que se está a sacrificar, a bem da nação?! Mas que raio de argumento é esse, afinal?
Perdoa, mas baralhaste-me e olha que não foi no bom sentido...
Ó Shark, só tu para me pores a falar de política de partidos e líderes partidários, camarada, pá.
ResponderEliminarQuem foi que apresentou aquele documento? Não foi o gabinete do primeiro-ministro? Houve algum desmentido? Ele apresentou o documento "verdadeiro"?
O que subentendi nas entrelinhas, Ana, é que te sentes estúpida quando te tentam convencer de que possam existir momentos em que aos superiores interesses da nação corresponda o voto, por exemplo, em partidos que aceitem governar coligados. Tu renegas, pela tua própria lógica, tal hipótese. Se estou errado, corrige-me.
ResponderEliminarQuanto às falácias que me apontas, essas sim retiradas das entrelinhas de coisas tão simples como o enunciado da questão que levantei, equivalem às que se podem extrair da tua argumentação mais acima em abono de uma suposta boa oposição que não consigo vislumbrar no quadro da actual legislatura.
E repara que em momento algum alterei o tom das minhas intervenções...
São Rosas, tu tens a noção de muitas vezes um desmentido formal funciona para os cépticos como uma confirmação? Não faltam exemplos, camarada, pá!
ResponderEliminar:)
(hoje estou a fazer de rui neste espaço, nesta pele de advogado de um diabo como o vêem...)
Não te compares ao Rui, camarada, pá!
ResponderEliminarE olha, toma lá uma análise bem humorada ao Sócrates:
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/peco-desculpa-por-tudo-socrates-tu-es-o-maior
Shark - Tens razão: PS, PSD e CDS (os únicos dispostos a alinhar numa coligação) não são partidos que recebam o meu voto, nestas eleições. Se se colocasse a hipótese de o PS anunciar uma possível coligação com um partido com uma orientação diferente da dos acima citados, não hesitaria. Não voto em abono de uma oposição mas em favor de deputados acredito mais se aproximarem daquilo em que acredito, porque estou a constituir um parlamento, com funções legislativas, bem mais importantes que as executivas que o governo detém.
ResponderEliminarPor outro lado, nunca mencionei teres alterado o tom das tuas intervenções: o meu "baralhamento" deve-se`ao facto de não estares disposto a rever a tua posição ou em alterá-la, sequer, em um milímetro. Eu, como sou muito dogmática nestas coisas, e como não tenho cor há muitos anos, preferia um debate sem esses constrangimentos partidários, mas isso sou só eu. :)
Finalmente, desculpa-me que te diga, mas não chegas aos calcanhares do Rui. Falta-te ter a mania que és dono da verdade e que toda a gente fica aquém da tua superior inteligência. Ah, e provocar quem está e quem não está. Lamento, mas (felizmente) o Rui é único. (Agora vou entrar no modo o-Rui-não-existe, que é a única forma de não me saltar a tampa).
Errata - (desculpem-me, os dedos não acompanham o cérebro)
ResponderEliminaronde se lÊ "sou muito dogmática", leia-se "sou muito pouco dogmática".
E juro que não me fugiram os indicadores para a verdade. :D
Estás perdoada. Quando me falam do Rui, também fico sem saber o que escrevghaergiusrtsrt srthsrtgs hsrt!
ResponderEliminar:)))
ResponderEliminarGostei de te ler agora. E fiquei esclarecido, mais do que pensas, precisamente porque também eu me vejo grego para alinhar neste menu de pratos pouco apetitosos que temos ao dispor.
A minha opção é tão questionável como qualquer outra e apenas me resta o consolo de fazer parte dos que ao menos vão lá botar a cruzita...
:)
:)
ResponderEliminar(Oh pá, é tão comovente ver como aquele-senhor-que-agora-para-mim-não-existe contribui para o consenso da malta....! Hehehehehehe)
Foi o que eu já comentei n'a funda São: "Rui, tu consegues criar empatia... nas pessoas que te ganham alergia" :O)
ResponderEliminarShark, camarada, pá,
ResponderEliminarNão vou argumentar (embora argumentos não me faltem) quanto ao que disse atrás a respeito do Sócrates, deixando, todavia, expressa a ressalva de eu não o ter acusado de "crime", não que não me falte vontade e crença, mas porque não quis entrar no domínio da subjectividade...
De resto, que tu entendas por bem votar PS, desde que o faças com a convicção de que essa escolha é a que melhor representa os teus interesses, ainda vá... a democracia é mesmo para isso... Agora, que tomes a cargo a defesa da "honra" do José... é capaz de ser um fardo um tanto pesado...
O caso "Rui"...
ResponderEliminarEu pelos vistos fui a última a tomar conhecimento da existência do personagem... :)
Não sabia que "ghaergiusrtsrt srthsrtgs hsrt!"... hehehehehehehehe
Tadinho!