fevereiro 09, 2014

«BPN e Cultura» - Jaime Ramos

Viva o BPN, promotor da cultura nacional.
E o Tesouro de Chão de Lamas?
E o Convento de Semide?
Considero um escândalo ver, há décadas, por alegada falta de dinheiro, do Norte ao Sul de Portugal, património classificado em ruínas: castelos, conventos, monumentos...
No concelho onde resido, em Semide, Miranda do Corvo, temos um Mosteiro Beneditino, com uma ala em ruínas, com uma reabilitação iniciada há décadas e sempre adiada por falta de verbas.
No mesmo concelho, em Lamas, foi descoberto o Tesouro de Chão de Lamas, talvez o mais importante conjunto de peças arqueológicas do séc. I ou II AC, representantes da "cultura" lusitana. Por sermos um país pelintra, esse importante Tesouro terá sido "adquirido" pelo Estado Espanhol no século passado. O tesouro está exposto no Museu Nacional de Arqueologia em Madrid.
Já lancei, com a colaboração da Universidade Sénior da Fundação ADFP, um processo de luta exigindo que Espanha nos devolva este importante Tesouro Lusitano. Nem este nem o anterior Governo de Sócrates nos apoiaram nesta exigência de trazer para Portugal este valioso património, representativo dos Lusitanos.
Nunca os bem pensantes defensores do património se associaram a esta nossa luta a exigir a Espanha a devolução do Tesouro de Chão de Lamas.
Agora, em plena crise financeira, vejo, a propósito dos quadros de Miró, antigos responsáveis pela Cultura e por Governos, afirmarem que umas dezenas de milhões de euros não têm qualquer importância, nem fazem falta.
Não percebo por que ex-ministros da Cultura deixaram este imenso património classificado, edificado, em ruínas, quando era tão fácil obter todos estes milhões de euro...
Aguardo que alguns apaixonados pela pintura de Miró lancem uma petição a defender que Oliveira e Costa, o antigo líder do "bando" BPN, passe a ser considerado o exemplo nacional de empresário modelo, valorizador da importância cultural de Portugal. O título? Sugiro: sem ti ,Oliveira e Costa, Portugal não teria Mirós! Sem ti, era mais difícil perceber o provincianismo "cultural" nacional.

Jaime Ramos

PS: Se é tão fácil arranjar, mesmo em plena crise, umas dezenas de milhões para comprar quadros de "Miró", não percebo por que pararam o projecto Ramal da Lousã/Metro Mondego.

2 comentários:

  1. Bem.... os Mirós não custarão milhões de €uros; já nos custaram muito mais mas agora são "activos". Não custam coisa alguma uma vez que já estão adquiridos.
    Depois, a conversa é exactamente a mesma que se aplicou às propinas.
    Logo quando surgiram, eram para melhorar o apoio universitário:, laboratórios, cantinas etc. já que o resto estava assegurado pelo Estado.
    Como se tem visto, as propinas vão sempre em crescendo e os apoios em sinal contrário.
    Do destino inicialmente atribuído às ditas, nem memória pois o Estado tem sido progressivamente menos Estado e cada vez pior Estado, ao contrário do que os "liberais" atiram ao vento; essa coisa peregrina de um Estado tanto melhor quanto mais ausente...
    Por isso, nem duvido que os milhões dos Mirós, jamais iriam minorar fosse o que fosse no campo da cultura. Tenho a certeza de que apenas irão para o buraco negro

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    1. Buraco negro... um conceito bem ajustado à realidade do Orçamento do Estado...

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