O caderno de Economia do Expresso [de 5 de Maio de 2012] é dominado por uma entrevista a um administrador da Caixa Geral de Depósitos, Pedro Marcelo de Sousa.
As três afirmações salientadas em caixa pelo Expresso revelam algumas das razões por que as elites colocaram Portugal na pré-bancarrota, com perda de soberania, dependente da ajuda externa.
1. O entrevistado “afirma que está a ter mais trabalho que esperava”. Diz que só 15% do seu tempo é passado na CGD, 75% no escritório de advogado e 10% no IGCP e UIA. Queixas de muito trabalho só são aceitáveis num subalterno de última linha, a ganhar um baixo salário. Indicia que esperava receber uma renda e mordomias sem ter de trabalhar num part-time bem pago… Veja-se a diferença de Mourinho, que vence na excelência e se queixa de redução de trabalho e stress nas paragens dos campeonatos...
2. Declarou: “a defesa dos grupos nacionais é um conceito que tenho dificuldade em perceber…ou se aceita a globalização ou não se aceita”. A defesa da economia nacional, da nossa produção e das empresas que competem nos mercados externos, reduzindo as importações e aumentando as exportações é um desígnio patriótico, que estas elites não percebem. Foi por assim pensarem que destruímos a produção interna criando uma balança externa perigosamente deficitária. Vejam a diferença desta postura para os EUA, país do mercado, do liberalismo e da globalização, que defendem os interesses das suas empresas com diplomacia agressiva que, com frequência, recorre a ações militares.
3. Sentenciou: “Estado devia vender 40% da Caixa”. Na recente crise financeira que vivemos foi evidente que a solução passou pela intervenção dos Estados, pelos bancos centrais e no caso português pela CGD que regou com milhares de milhões a economia e segurou o BPN. Defender a privatização da CGD é tão inteligente como em 70 nacionalizar a banca. Só agendas ideológicas sectárias, ao serviço de interesses adversários do bem público, podem defender algumas privatizações, como seria a da CGD. O que não significa que a CGD tenha de manter todos os negócios em que está envolvida…
Há um aspeto positivo na entrevista quando critica aqueles que saíram dos Governos com muito mais património do que quando entraram para a politica.
Jaime Ramos
Autor do livro «Não basta mudar as moscas»
Pois....
ResponderEliminarA ´Banca é das tais coisas...
Enfiam-nos na cabeça de que sendo privados, os bancos contribuem para a entrada de capital estrangeiro, e que sendo do Estado, eles, os gajos do capital, desconfiam e não põem cá um chavo....
Mas o que a gente vê é que sendo privados, o que fazem bem é rapar o tacho mal desconfiam que a coisa está a ficar de barra pesada. É um ver se te avias a por dinheiro ao fresco... e a economia, nada...
Vai tu, dizem-nos eles....
E depois não querem que o Estado tenha Bancos???
Se há entidade que DEVE ter bancos e bancos fortes é o Estado. Até para credibilizar e ditar regras de funcionamento desses negócios que são fundamentais para a garantia de funcionamento de todos os outros negócios e actividades.