março 25, 2012

«Apoios à família e à maternidade» - Jaime Ramos

A classe política, de todos os partidos, devia dar o exemplo assumindo a liderança no apoio à maternidade. Infelizmente a classe política dá ideia que, preocupada com os votos e com o imediatismo das sondagens, está incapaz de prever problemas à distância de algumas décadas e de os prevenir.
O Governo ( do Engº Sócrates) tinha anunciado algumas medidas de apoio financeiro à maternidade. Eram medidas com valores muito reduzidos, quase insignificantes. Confrontados com a necessidade de tomar as primeiras medidas de poupança deu o dito pelo não dito, rasgou as promessas, e retirou as medidas de apoio à família mesmo antes de terem entrado em vigor.
É gente sem palavra, capaz de faltar à palavra dada, e às promessas, sem sentir vergonha.
Mal vai um país onde o governo corta nos apoios às famílias, alegando dificuldades orçamentais, não incentiva a natalidade, impede a natural substituição de gerações, mas insiste no endividamento e nas obras megalómanas, sem sustentabilidade económica.
Com a justificação da crise corta no subsídio aos pobres e no apoio às famílias mas continua a anunciar mais uma ponte em Lisboa e o TGV para Madrid. Lisboa não precisa de uma nova ponte. Precisa é de políticos capazes de evitar o contínuo esvaziamento da cidade, cada vez mais habitada só por velhos, atirando as pessoas e as famílias mais novas para as periferias, deixando cair em ruína o património edificado, para garantir lucros fáceis aos projectos de imobiliário nos seus subúrbios. Portugal não precisa de se endividar ainda mais para construir um TGV, um novo aeroporto ou uma terceira ponte em Lisboa, mas tem absoluta necessidade de mostrar capacidade para gerar crianças, que garantam futuro ao país.
Todos já percebemos que somos governados por gente pouco sensata, que meteu na cabeça a ideia que o défice na balança externa não constituía problema.
O défice na natalidade não é menos perigoso, embora com consequências mais distantes. Aparentemente também não preocupa as cabecinhas que ocupam a liderança do país.
Com frequência lemos notícias com apoios directos à criação de empresas e postos de trabalho. É importante que o Governo o faça. Temos um desemprego socialmente preocupante, até porque reduzimos os subsídios aos desempregados. Precisamos de aumentar a produtividade do país e nada melhor que conseguir pôr todos a trabalhar. Se precisamos de produzir mais é errado manter gente sem trabalhar.
Longe de mim criticar apoios à criação de emprego mas parece-me que a questão da natalidade devia merecer pelo menos idêntica preocupação.
As crianças geram emprego nas maternidades, nas lojas ligadas aos produtos infantis, nas creches, infantários, escolas, universidades
As crianças vão dentro de duas décadas ser trabalhadores que desenvolverão o país. Sem esses novos trabalhadores não haverá quem produza, quem pague as despesas do Estado e as pensões dos reformados. Não há sustentabilidade sem novas gerações numericamente suficientes para suportarem a despesa com os apoios aos mais velhos, que já não estarão aptos para trabalhar.

Jaime Ramos
Excerto do livro «Não basta mudar as moscas»

2 comentários:

  1. Ainda ontem, no rescaldo do "congresso" do PSD, aquele exercicio do mais puro narcisismo, fiquei a pensar o que diriam e fariam alguns monarcas que de espada na mão correram com os Cabrões, digo cabrais, que são falsos à Nação...

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