março 17, 2012

«O divórcio povo/classe política» - Jaime Ramos

O Governo decretou o aperto do cinto.
Os portugueses, conscientes das dificuldades, têm revelado um grande espirito de sacrifício.
No sector publico há áreas de privilégio, com níveis salariais médios muito superiores aos dos funcionários públicos.
É o caso da TAP, da CGD, RTP, Banco de Portugal….
É a esta casta de “excelência” que o Governo decidiu tolerar excepções nos cortes salariais.
Trata-se de uma das medidas mais injustas do Governo.
Perante a “fome”, que impõe à generalidade dos funcionários, não devia o Governo permitir que alguns, não só mantenham situações de privilégio, como ainda beneficiem de excepções nos cortes decretados.
O Governo errou. O Governo cedeu aos lóbis da TAP, da CGD e do Banco de Portugal.
E os sindicatos? E os partidos da oposição: PS, PCP, BE ?
Vieram a terreiro criticar o Governo?
Conhecem posições firmes destas forças políticas ou sindicais, ou de outros parceiros sociais, contra a moleza do governo?
Não duvido que o povo se sente injustiçado perante esta política de excepções salariais.
Como é possível o silêncio conivente das centrais sindicais e dos partidos da oposição? Como é que não têm a coragem de exigir justiça e gritar a sua oposição à manutenção destes privilégios?
Portugal chegou à actual crise graças à conivência desta classe política, do governo e da oposição, que foi empobrecendo o País.
Este caso mostra claramente a distância entre os políticos e o povo que deviam representar.
Este regime de excepções salariais prova o divórcio claro da classe política relativamente à injustiça que martiriza o nosso povo.

Jaime Ramos
Autor do livro «Não basta mudar as moscas»

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