março 02, 2012

A personalidade-solha ou a chatice do 'si mesmo'

Sim, eu sei que falo muitas vezes sobre o (meu) conceito de amizade.
E achava que aqui tinha encerrado o assunto por uns tempos.
Enganei-me, como é costume (umas quantas vezes por dia, assinale-se).

Há uma coisa que tenho de acrescentar e que em nada contraria o que anteriormente afirmei: as pessoas deviam ser oficialmente proibidas de mentir quando estão a viver o processo de conhecimento que subjaz às relações humanas e, designadamente, a uma pretensa futura amizade.
Quero com isto dizer que o acto de fazer o outro perder tempo com lérias (do género: ai que somos tão parecidos/as!, bolas, que somos praticamente almas-gémeas!, caramba que agora que conheci a tua gente é que me estou a encontrar!) é uma treta e só leva o próprio ao engano. Porque quando o outro se apercebe do forçada que foi a aproximação (quando a aproximação é natural, ninguém anda com as balelas de almas-gémeas e parecenças supostamente evidentes), porque deixaram de existir tragédias pessoais para ultrapassar ou alegrias excitantes para festejar, e a afastação se produz tão naturalmente que chega a assustar, o que fica é o/a desgraçado/a que se quis reinventar.
Sozinho, outra vez consigo mesmo.
(Ou em busca desenfreada de um novo clã, seja ele qual for e qualquer que seja a via para lá chegar: o método é que não muda - há sempre uma fantááááástica identidade, claro)
E isso só é irónico porque o 'si mesmo' é a única coisa de que ele/a não gosta e quis ocultar à força.
Francamente, é coisa que não desejaria ao meu pior inimigo (se os tivesse, não sou importante a esse ponto, salvaguarde-se).


*A teoria da personalidade-solha é da responsabilidade do R., que a aplica às pessoas que, parecendo que têm uma face, afinal têm duas. (Ou quantas forem precisas, acrescentaria eu)

13 comentários:

  1. Personalidade-solha... também por apetecer dar-lhes uma solha...

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  2. Seguramente, São... pelo menos bem mais do que fazer-lhes um linguado... ;-)»

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  3. Ana, cá do «alto» da minha provecta idade, aqui te deixo um testemunho de vida: quando alguém que acabei de conhecer me informa, cara a cara, que me considera uma personagem fascinante, é mais do que certo e sabido que vou ter chatice da grossa com essa mesma alma! E, geralmente, a curto ou mesmo muito curto prazo.

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    1. Ana e OrCa, já vos tinha dito que vos considero personagens fascin... nada, nada, nada :O)

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    2. Ai o "personagem fascinante"... até estremeci, agora! E o "admiro-te muito!"? Calafrios, muitos calafrios.

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    3. Brrrrrrrr... Queres que tenha pesadelos hoje?!

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    4. Mas olha que eu já te disse isso várias vezes... :O)

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    5. Tu podes!
      Primeiro porque não me conheces há meia dúzia de dias (e se há característica destas 'personas' é que te amam de paixão e querem ser iguais a ti quando crescerem ao fim de minutos); depois porque é inteiramente recíproco, o que nunca sucede com as solhas. ;)

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  4. Não há nada
    tão bom
    como eternizar
    o fascínio
    da descoberta.
    De vela enfunada
    na nave da alma gémea...

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  5. (nota à gerência:
    são 18h07 e o comentário de cima, fresquinho, está marcado como tendo sido feito há 8h atrás. Não andamos com os fusos trocados??? :D :D)

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