março 06, 2012

As coisas e as pessoas | entre o gosto e a qualidade

Quando eu digo que não gosto de algo, seja em termos estéticos ou afectivos, não lhe estou a tirar o mérito ou a qualidade. Recordo-me de que, um destes dias, escrevi para aqui um post sobre pequenos odiozinhos em termos de moda e fui muitíssimo mal interpretada, uns dias depois, mesmo por pessoas que me conhecem melhor do que a maioria dos que por aqui passam.
Quero com isto dizer que o facto de eu não gostar de uma tendência de moda não obriga a que eu ache piroso quem a segue; também não acuso de pensar mal quem tem opiniões diametralmente opostas às minhas (a não ser que lhes chegue por vias travessas e, nesse caso, pensará tão mal como aquele que partilha da minha opinião mas não faz puto de ideia porquê); nem acho que os The Gift, os U2, os Amor Electro ou Madredeus sejam maus, pese embora eu mude de estação sempre que os senhores passam no rádio.
Ou seja, não entendo o meu gosto (que considero, evidentemente, bom; de outro modo, não era o meu) como sendo a pedra de toque da qualidade (e admira-me quem acha que há correlação directa entre esta e aquele), creio que o contrário seria de uma arrogância de que nem eu sou capaz, lamento.

Do mesmo modo, arrisco afirmar que não é o facto de eu não poder ver determinado ser humano à frente que faz dele mau bicho. Nem vice-versa.
Mais: acontece-me gostar de certos seres humanos mas não poder estar muito tempo perto deles, porque sei que, a fazê-lo, passarei a gostá-los menos (provavelmente, reflexo do que disse aqui) e não me apetecia mesmo nada que isso acontecesse.
Na mesma medida, sei que posso gostar de grandes sacanas, quando os laços afectivos da amizade (por vezes tão absolutos) me levam a irrelevar o irrelevável, porque vem de quem vem.
E, o que não é de somenos, perdoem-me os politicamente correctos, mas não é a circunstância de alguém ser bonzinho ou querido ou (parecia) tão simpático aos olhos dos outros que me leva a gostar de si, ainda que não me sinta igualmente obrigada a justificar as causas do meu não gostar, que só me interessam a mim e, no limite, ao não-gostado. Não discuto a qualidade do seu ser, perceba-se. Só não me interessa essa qualidade (ou a ausência dela, também ocorre) a pairar por perto.

Era isto, só para que ficasse claro, ainda que (hoje) ninguém me tenha perguntado nada.

7 comentários:

  1. Claro, claro, como a clara do ovo.

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    1. Uma apostinha como um dia destes regresso ao assunto...? É que o ser humano não pára de me surpreender... :\

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    2. "Vai uma apostinha"?! Tu queres açambarcar apostinhas?!...

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  2. Bolas, sou apenas um médio sacana...

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  3. Pois é... nisto do «gosto - não gosto» é que se faz sentir com grande intensidade uma coisa que já se chamou a dialética da natureza.

    Há malta que a confunde, entretanto, com a dietética da Ana Teresa, mas isso são fraquezas de audições feitas à pressa e nós não temos nada com isso!

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    1. E eu que adoro a Ana Teresa... a minha grande e primeira paixão lésbica!

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