Quando eu digo que não gosto de algo, seja em termos estéticos ou afectivos, não
lhe estou a tirar o mérito ou a qualidade. Recordo-me de que, um destes dias,
escrevi para aqui um
post sobre pequenos odiozinhos em termos de moda e fui muitíssimo mal
interpretada, uns
dias depois, mesmo por pessoas que me conhecem melhor do que a maioria dos
que por aqui passam.
Quero com isto dizer que o facto de eu não gostar de uma
tendência de moda não obriga a que eu ache piroso quem a segue; também não acuso
de pensar mal quem tem opiniões diametralmente opostas às minhas (a não ser que
lhes chegue por vias travessas e, nesse caso, pensará tão mal como aquele que
partilha da minha opinião mas não faz puto de ideia porquê); nem acho que os The
Gift, os U2, os Amor Electro ou Madredeus sejam maus, pese embora eu mude de
estação sempre que os senhores passam no rádio.
Ou seja, não entendo o meu
gosto (que considero, evidentemente, bom; de outro modo, não era o meu) como
sendo a pedra de toque da qualidade (e admira-me quem acha que há correlação
directa entre esta e aquele), creio que o contrário seria de uma arrogância de
que nem eu sou capaz, lamento.
Do mesmo modo, arrisco afirmar que não é o
facto de eu não poder ver determinado ser humano à frente que faz dele mau
bicho. Nem vice-versa.
Mais: acontece-me gostar de certos seres humanos mas
não poder estar muito tempo perto deles, porque sei que, a fazê-lo, passarei a
gostá-los menos (provavelmente, reflexo do que disse aqui)
e não me apetecia mesmo nada que isso acontecesse.
Na mesma medida, sei que
posso gostar de grandes sacanas, quando os laços afectivos da amizade (por vezes
tão absolutos) me levam a irrelevar o irrelevável, porque vem de quem vem.
E,
o que não é de somenos, perdoem-me os politicamente correctos, mas não é a
circunstância de alguém ser bonzinho ou querido ou
(parecia) tão simpático aos olhos dos outros que me leva a gostar de
si, ainda que não me sinta igualmente obrigada a justificar as causas do meu não
gostar, que só me interessam a mim e, no limite, ao não-gostado. Não discuto a
qualidade do seu ser, perceba-se. Só não me interessa essa qualidade (ou a
ausência dela, também ocorre) a pairar por perto.
Era isto, só para que
ficasse claro, ainda que (hoje) ninguém me tenha perguntado nada.
Claro, claro, como a clara do ovo.
ResponderEliminarUma apostinha como um dia destes regresso ao assunto...? É que o ser humano não pára de me surpreender... :\
Eliminar"Vai uma apostinha"?! Tu queres açambarcar apostinhas?!...
EliminarBolas, sou apenas um médio sacana...
ResponderEliminarSó te falta um bocadinho assim... Hehehehe!!!
EliminarPois é... nisto do «gosto - não gosto» é que se faz sentir com grande intensidade uma coisa que já se chamou a dialética da natureza.
ResponderEliminarHá malta que a confunde, entretanto, com a dietética da Ana Teresa, mas isso são fraquezas de audições feitas à pressa e nós não temos nada com isso!
E eu que adoro a Ana Teresa... a minha grande e primeira paixão lésbica!
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