maio 20, 2012

Do entendimento “normal” (90º) da liberdade do alheio à tendência para o abuso “obtuso” do poder

Sexta-feira, dia 13... Resolvi participar num concurso internacional anónimo de fotografia. No prazo estipulado, cumpridas todas as normas de ocultação de identidade, com etiquetas de códigos numéricos e tal, lá me dirigi ao local indicado para entrega do envelope. No regulamento dizia-se que mediante a entrega do concurso seria, a pedido, passado um recibo... A funcionária recolhe o envelope, e diz-me (tal e qual): "Preciso do primeiro e último nome do fotógrafo". Impaciente com a minha hesitação de boi a olhar para um palácio, acrescenta: "E é se quer levar o papel..."

Pois, então… entendi estar presente na cerimónia de entrega de prémios do dito concurso onde tive, com satisfação, oportunidade de constatar não haver qualquer indício de “corrupção” na escolha dos premiados, e portanto ter-se “somente” tratado de mera falha de organização, tendo sido, possivelmente, deixado aquele procedimento ao critério único do recepcionista, que certamente assim procede por norma no cumprimento das suas funções normais de “recepcionista”.

Para orgulho do género os três primeiros prémios foram atribuídos a três mulheres, muito embora fossem em maior número os participantes do sexo masculino (mas isto é só um aparte) e eu própria (por mero acaso) fui agraciada com uma menção honrosa de entre três atribuídas, coisa até bastante honrosa dado o número de participantes e a qualidade notória dos trabalhos em exposição.

Mas a razão de ser deste artigo não tem afinal nada que ver com nada disto, mas antes com o facto de, a dada altura, se ter abeirado de mim um senhor (que vim depois a saber ser director do não–sei-o-quê) a “pedir-me” que não fumasse ali o meu cigarro electrónico, muito embora fosse perfeitamente legal e estivesse perfeitamente no meu “direito”, com o argumento único de “solidariedade” para com alguma causa em que definitivamente não acredito. Ainda me perguntou com ar de estar completamente seguro da sua razão se compreendia, ao que eu lhe disse que “não, que não compreendia”. Apesar disso, para não causar maiores transtornos, sendo o momento pouco apropriado, lá suspendi a contragosto aquela actividade a respeito da qual, estando dentro da lei e não prejudicando ninguém, só a mim cabia decidir. Fiquei entretanto a pensar no tal argumento de “solidariedade” que me pareceu bastante mais descabido que dirigir-me eu a alguém desconhecido para lhe pedir que “por solidariedade” não usasse uma camisola de marca ou uns brincos de ouro, uma vez que poucas pessoas os podem possuir… sendo que um cigarro electrónico é coisa ao alcance de qualquer cidadão que entenda por bem esfumaça-lo (até ver) onde e quando lhe der na gana.


8 comentários:

  1. Há tanta gente de barriga tão inchada de liberdade que onde estão não cabe mais ninguém

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    1. É lamentável ter que se conviver com pessoas das tais que se julgam pertencentes a uma casta superior, ainda mais quando possuem um raciocínio tão lento a par de um atrevimento tão lesto... Não fosse o momento ser tão pouco oportuno e eu ser uma pessoa muito educada, ter-lhe-ia ensinado a ter maneiras... Confesso que ando a perder a paciência... Além do mais o que isto significa é preocupante... e sucede a todas as escalas...

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    2. Ao lado daquela sinalética que ninguém se esquece de colocar em todo o lado, "proibido fumar", alguém haveria já de se ter lembrado de colocar uma outra destinada a algo essencial: "obrigatório usar a cabeça".

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    3. ... os pulmões são importantes, mas o cérebro também é: aquele senhor poluiu-me o ambiente cerebral...

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  2. Havia de ser aqui com o esqualo e logo se instalava o putedo na cerimónia..

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    1. É tão bom (deve ser, digo eu...) ser matulão...

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  3. O que me perturba mais nos estúpidos é esta capacidade de cometerem actos tão coerentes com a sua estupidez. Chego a invejar-lhes a coerência...

    E ele há-os aos molhos, espreitando atrás das árvores à espera da oportunidade para darem ar e voz à sua necessidade de se vingarem por tanto recalcamento. Os ressentidos da vida.

    Há, na verdade, alguma utilização prática a dar a um taco de basebol...

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