maio 10, 2012

Do ponto da situação a uma teoria civilizacional do prazer

Nós (todos) e o planeta: Travessia Titanic sem excesso de pânico. Já toda a gente avistou o iceberg (as alterações climáticas e o esgotamento de recursos… e a água… e o ozono… e o gelo… e o ar… e as árvores… e a extinção das espécies e é uma chatice…). Já toda a gente percebeu que aquilo é muito grande, uns apostam que chocamos e afundamos, outros apostam que chocamos mas aguentamos. O que ninguém sabe é, se à velocidade a que vamos, mesmo com vontade, haverá ainda maneira de evitar a colisão… Uns apostam que sim, outros apostam que não. Seja como for, até ao momento, ainda a coisa não foi suficiente para que alguém tomasse medidas a sério de reforço do casco ou de mudança de rota.

Nós (Ocidente) e as outras civilizações: Tudo tranquilo. Estamos velhos e decadentes (dizem os especialistas todos). Uns apostam que vencemos em guerra com os mais jovens, outros apostam que não. Uns apostam que haverá sangue, outros apostam que não, e outros apostam que não haverá guerra (embora isto me pareça um pouco utópico demais, porque guerra sempre houve, mesmo em tempo de paz… os instrumentos usados é que variam…), e outros ainda apostam numa grande novidade histórica, a paz mundial definitiva.

Nós (Europa): Tudo normal. À vista da escassez o que subsiste é o individualismo e a identidade fala mais alto (não fosse, na hora da verdade, a estratégia de sobrevivência da espécie mais bem sucedida do planeta). Os grandes tratam da sua vida e alimentam-se dos pequenos, os pequenos tratam da sua vida e tentam escapar… E apesar de tudo todos tentam de tudo para se manterem unidos, contra e a favor dos ventos contrários… Uns apostam que avança, e outros que cansa (já a seguir).

Nós (Portugal) e a Europa: Tudo na mesma como a lesma. Fazem-nos a folha, mas queremos por força estar. Uns apostam que estamos, outros apostam que erramos, e outros apostam que se nos acaba o sangue somos cuspidos.

Nós (Portugal): Nada a assinalar. A afundar depressa mas tranquilamente. Uns apostam que vamos, outros que não nos ficamos… e há até quem aposte que nos safamos…

Nós e eu e tu e vós e todos os que pensamos e lemos e escrevemos e lutamos e brincamos e erramos e avançamos e retrocedemos… pelo gozo de respirar… vivemos! Isto é bom sinal! Uma civilização, do que li, morre de “depressão”, decadente, morre quando já não tem vontade de lutar nem de viver. (Não morre de pobreza ou de falta de pão… morre porque lhe falta o essencial… um sonho, um ideal… (um inimigo também serve…)). Como tudo… nem é de surpreender… tudo morre se o caminho acaba… se já não houver prazer… e se morrer… haja necessidade em ser… que outra virá…

Salve-se a paz, no meio disto, o que mais importa salvar… se é para afundar, que seja ao menos devagar… Tanta pressa, tanta pressa têm os humanos da morte… devagar!!… com mudança ou não de rota, isto é a primeira coisa a mudar… se é para vivermos mais tempo… tem que ser devagar… Temos tempo. Tempo é que mais temos… eternidades para todos os futuros possíveis… tudo só depende do dia de amanhã… devagar!! Não temos que produzir mais… temos é que produzir melhor e menos, muito menos… temos que nos mover menos, muito menos… consumir menos, muito menos (fosse possível, e comer acima da cota devia ser proibido já amanhã… ou fazer mais que cinco mil quilómetros de automóvel por ano… para todos, ricos e pobres)… respirar menos e mais devagar, se pudermos… a mais, muito mais, só sexo (prazer até o mundo acabar)… muito, muito devagar (suster a guerra…)

(Psttttt… alguém aí não quererá porventura fazer comigo sociedade numa correctora de apostas planetárias e assim? A malta saca a massa e aquilo depois nunca mais se resolve… e se se resolver, também já ninguém precisa da massa para nada… ;) )


16 comentários:

  1. Essa tua aposta é do género das que têm sido feitas pelos especuladores que levaram ao caos actual... e que continuam por aí.

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    1. Não sei se será... parece-me que há uma diferença fundamental. Estes cretinos estão a limitar o consumo pela escassez, criando um desequilíbrio social tremendo e levando muitos à fome. Além disso, retiram às pessoas o sentimento de segurança. O dinheiro pode não valer nada, se só se puder adquirir X quantidade de uma coisa X, mas o efeito psicológico de o ter, faz toda a diferença. Está a ser retirado tudo a muitos... Tudo. Tudo. Ver o consumo reduzido é uma coisa, ter os filhos debaixo da ponte e a passar fome, é outra. Se isto continua assim... vamos parar à revolta e à guerra. Era preciso limitar o consumo, mas sem estas consequências. A única hipótese que vejo para isso era fazer uma espécie de racionamento. E isso ainda permitiria controlar a natureza do consumo. Para todos. Isso não geraria revolta, nem fome generalizada. Estes gajos não têm a noção do perigo. À velocidade a que vamos a cair a todos os níveis, em cinco anos ninguém sabe onde vamos parar... De qualquer forma a redução do consumo é uma necessidade premente e planetária. Ou vai a bem, ou vai a mal. Neste "problema" há muitos problemas dentro do problema... Um deles é que estamos a cair depressa demais...
      Só é pena é não termos ninguém com cabeça ao leme. A Europa não nos serve para nada. É abreviar o tempo que nos separa da desgraça... que tudo leva a crer, será muito pouco...

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    2. Limitar o consumo com igualdade e de forma ponderada, ou com desigualdade de qualquer maneira, são duas coisas totalmente distintas (digo eu...)

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    3. Eu estava a referir-me à tua aposta do último parágrafo.

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    4. Estes doidos estão a conduzir-nos à guerra e a alta velocidade!! Num momento destes em que está tudo a tremer, a todo o custo era preciso evitar a revolta, a violência e a guerra. Era mesmo preciso arranjar maneira de que todos tivessem o essencial. Não consentir a fome. E tomar medidas de redução da desigualdade social. Até X de "arroz" para o gajo mais rico, e para o gajo mais pobre...

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    5. Ah... a correctora? Justamente. Era uma piada... :) Embora, no ponto em que estamos, de vacas encaminhadas para o matadouro... já tudo faça sentido... e tudo seja possível... porque está tudo errado. TUDO. E o fim à vista... é tipo o último cigarro do condenado...

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    6. (... o nome que se dá a isto é: uma vigarice...)

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    7. Tu tomas quantas dezenas de bicas por dia?
      (ihihihih)

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    8. Isto passa... ahahahahahahahaha

      Cada "neura" nunca dura muito... depois passo a outra... costumo sempre ter várias por ano, mas desde que me torturaram estou bastante pior, ou melhor, depende da perspectiva... são fases de extrema produtividade numa determinada área... desde a arte à construção civil... é assim (porque sou doida) que às vezes estudo aprofundadamente um determinado assunto num espaço de tempo muito curto... com umas dezenas de bicas prá veia e às vezes muito poucas horas de sono (mas café só tomo um)... :O)

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    9. Achas que não passa? :(

      (Tu também tomas umas dezenas por dia... :O) )

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  2. Até a mula que anda horas a fio, estupidamente à volta de uma nora, precisa de ter os seus momentos de focinho enterrado no verde da erva, a gozar a sua ilusão de liberdade, saciada a generosos baldes de água, que de generosos, são quase nada do que o seu esforço tirou às entranhas da terra..
    . Esta canalha, que faz de nós burros, nem a erva nem a palha nos querem dar. Tiram-nos toda a água que do nosso suor nasce, a única coisa que resta para saciar a sede.
    Somos a planta que lhe dá os frutos, sem água, sem adubos, sem amor, consumimo-nos por dentro, e bebemos a água de nós mesmos, dos nossos frutos que acabam por murchar ainda em flor.

    Esta gente, não compreende nada.
    Não sente nada.
    Passos afirma:
    todos os dias
    há gente sem casa
    sem emprego
    sem nada
    mas eu,
    não tenho tempo
    a perder,
    para ficar a chorar
    ....

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    1. Estes tipos são umas bestas. Os humanos todos são umas bestas. Só sabem complicar, complicar, complicar... até que a complexidade seja tal, que seja impossível domina-la. O que pode haver de tão difícil em governar oito milhões e meio de macacos? ... muitos, entres estes, não suscitam preocupação... É o "coiso" e a medida e não sei quê e o orçamento e a taxa e o regulamento X com a cláusula Y à tangente de Z elevado ao cubo menos vinte e cinco a multiplicar por quatro a dividir por dois seno de pi raiz quadrada de trinta e dois... isto tudo para plantar um pé de arroz... Isto é a nossa "sociedade". Tanta "estrutura", tanto cálculo, para, afinal, faltar ao animal e ao território o mais básico e se terem ao leme uns macacos tanto ou mais estúpidos e inconscientes que os outros.

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    2. Charlie, mais um poema que deveria ir para um post.
      Libelinha, a mesma coisa. Vocês escrevem tantas pérolas que ficam aqui, na parte das ostras que pouca gente abre...

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    3. À conta desta ainda vai correr muita linha... Tenho que poupar espaço que tenho muita coisa para publicar... :) (Mais lá para a frente... ;) )

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