março 16, 2011

Colunas - Alicerces do Nosso Mundo

Estou numa sala; várias colunas encerram o espaço e circundam o chão que se quer limpo e macio, e apenas por vezes não o é.
Olho em redor e tenho a noção da fragilidade do tecto, sem receios, apenas a consciência do facto. Assim como o tecto, também o chão por vezes oscila deslocando as colunas ou inclinando-as.
As paredes são de vidro translúcido através das quais posso observar o movimento em rodopio dos restantes humanos nas suas salas de vida. Poucos estão em tranquilidade e a maioria tomba por diversas ocasiões procurando o auxílio das suas colunas; os que as têm.
Alguns ostentam uma ou duas colunas quase inquebráveis, quase inderrubáveis. Outros possuem várias... frágeis.

Eu estou na minha sala e observo as minhas colunas, o chão, o tecto e as paredes de vidro translúcido que une umas colunas às outras. O chão e o tecto não mais podem ser alicerçados; as paredes podem durar até ao próximo abanão, e de seguida outras colocarei no seu lugar. Algumas das colunas, as construídas por mim, pequenas, frágeis, ainda em desenvolvimento, irão um dia segurar aquele tecto imenso. Mas só uma dessas colunas me transmite o conforto de não ser esmagado um qualquer dia por aquela pesada e ornamentada estrutura. Essa é a coluna que me serena e tranquiliza o espírito do dia a dia passado naquela sala.

Estou aqui, na minha sala, e olho agradecido para essa coluna.

12 comentários:

  1. Por acaso a coluna direita da minha aparelhagem tem lá um mau contacto qualquer :O)

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  2. Lembro-me bem deste teu "artigo" e de o ter comentado! Tens uma forma bem metafórica de abordar a segurança... de ser e estar!!! ;-)

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  3. Cá está uma remota analogia com a caverna de Platão, só que ao contrário. Num espaço que comunica com os outros mundos exteriores através de paredes de vidro que lhe dão uma imagem mais próxima da realidade (descontando as refracções) do que as que tinham os habitantes da caverna de Platão, que tinham do mundo a imagem que as sombras tenues, ao passar pelas frestas, lhes transmitiam nas paredes rochosas onde elas se projectavam.
    Os pilares, suportes de todas as estruturas , também o são metaforicamente neste texto se considerarmos os fundamentos da transmissão dos valores de ordem moral e filosóficas. Na caverna é a imensidão hermética das camadas rochosas e impermeáveis que suporta um conjunto de valores sem qualquer correspondência com a realidade exterior. Nas estruturas transparentes, finas e delicadas o seu suporte é a condição para que a transparência não imploda.
    Belo texto.

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  4. Belo comentário o teu, a condizer.

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  5. Saozinha...
    Eu a reparar colunas de aparelhagem devia ser uma coisa gira... mas podemos sempre aprender. :))))

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  6. Obrigado Laura.
    (E haverá segurança em qualquer que seja a coisa que se possa chamar de boa?)
    :))))))

    Bjs,
    Nuno

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  7. Não tens chave de fendas?!

    ihihihihih

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  8. Nuno,
    Haver há, a questão está em saber por quanto tempo?! ;-)

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  9. Charlie, ora aí está um tema, uma obra que me preenche.
    "A Alegoria da Caverna" (ou para muitos, "A Alegria na Caserna"), e toda a temática do mundo das ideias, coisas, imagens, sombras, o reflexo do que realmente existe, o que tomamos por real, o que nem sabemos se existe para além do eco sombreado...
    De facto! Aqui está algo que pode escorrer para páginas de dissertação sobre. Algo que para mergulharmos no seu significado, teremos que mergulhar primeiro em nós; descobrir esse "nós" interior para podermos então fazê-lo.

    Abraço,
    Nuno

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  10. Sim Nuno, perfeito.
    Só os que nascem ja a saber tudo, e nunca tem dúvidas, é que não escavam as paredes das suas cavernas. Seja para que lado olhem, no centro dela está sempre um umbigo e quem tem um umbigo no centro da caverna não precisa de mais nada para ser senhor de todas as certezas-

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