março 03, 2011

estaremos, agora e também, a criar a «geração na merda»?

Na Escola Secundária (pública) de Linda-a-Velha, às portas de Lisboa -  escola com mais de mil alunos, portanto não estando ainda para fechar nos próximos dois ou três meses, consoante as práticas ministeriais socretinas -, por ausência absoluta de pessoal dito auxiliar ou de apoio ou de qualquer outra coisa, compete aos professores e aos alunos (!!!...???) a limpeza das casas de banho, vulgo sanitários, bem como das salas de aula.


Fica, assim, dado um importante passo no sentido, que se adivinha desidério superior desta maralha mandante, de transformar o ensino público, em Portugal, numa actividade de merda – e, aqui, perdoem-me,  mas se não utilizo o vernáculo, ainda me dá uma coisinha má...!

Na verdade e se é verdade o que foi dito na notícia, segundo a qual, desde 2008, esta escola perdeu 12 funcionários a quem competiam as nobres funções de manter a escola limpa e segura, estamos perante um extraordinário problema quase quântico, a saber:

- Como se arroga o ministério da Educação o direito a tratar assim os impostos de nós todos, mormente os dos pais e encarregados de educação daqueles jovens?

- Como pagará ao pessoal docente tão desenrascada tarefa? E como a enquadrará? Deverá ser considerada tempo lectivo, se executada em comum com os alunos, ou, tal como as substituições de má fama, tempo não lectivo, eventualmente desempenhado em horário pós-laboral, não remunerado, como as reuniões?

- Como se olharão ao espelho os progenitores excelentíssimos ao confraternizarem com esta actividade lúdica (?), cívica (?), cultural (?), que não sei que tipo de créditos irá conferir internacionalmente aos seus gentis descendentes? - Parece-me que já estou a ver: certificado de habilitações de 12º ano, com pós-graduação em serviços de limpeza…

- Como nos olhamos, afinal, todos nós, no mesmo espelho, ao compactuarmos com esta indecência generalizada que assola o ensino público? Que cara de palhaço é que veremos?

Assim, sim, mobilidade, polivalência e precariedade elevadas ao seu expoente máximo, com os patrocínios de Ajax Limpa-Vidros e WC-Pato. Mas a malta não terá vergonha, pelo menos?

Afinal, diz-me lá tu, para além de onde estavas no 25 de Abril, se tencionas continuar a votar nesta apagada e vil tristeza, nesta gentinha sem terra que chame sua, nesta seita de apátridas e vendilhões, que desbaratam o futuro, atascando o presente nesta… merda?

E informam os bonzos do ministério que lá para a Páscoa recorrerão a um outsourcing, com quatro adventícios, para suprir a falta da tal dúzia acima referida.

Valha-nos um burro aos coices! Esta seita maléfica está a conseguir do povão dos futebóis e dos caracóis o que nem o Mao terá conseguido durante a Revolução Cultural na China: professores e alunos para limparem retretes. Não porque tal fosse contrário ao espírito revolucionário de então, mas porque na escola é suposto aproveitar-se o tempo para uns ensinarem e outros aprenderem… outras coisas, sei lá, como ler, escrever e contar. Isso, sim, é que é revolucionário como o caraças!

A não ser que a Escola Secundária (pública) de Linda-a-Velha seja um pólo de formação profissional especializado e especialmente vocacionado para a formação de limpadores de casas de banho e outros equipamentos sanitários… e, nesse caso, retiro tudo o que disse, com as minhas desconsoladas desculpas.

Nota depois da nota: e quem dirige aquela escola fica-se, mudo e quedo? Denunciou a situação a quem de direito ou não? E, se sim, sem resultados práticos como parece evidente, não coloca o lugar à disposição, pelo menos? É tanto assim o temor que devem aos mandantes? Ou consideram-se (in)justamente remunerados? Estarão ainda vivos e a mexer? O que é que se passa por lá? Alguém sabe?               

9 comentários:

  1. Sinceramente não percebo a tua indignação com esta situação específica. Na merda já estão (e desde há muito) os professores!

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  2. Lá isso é verdade... A inovação estará na chegada das crianças à brutalidade que já atingira os docentes. Deve ser uma forma qualquer de globalização...

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  3. É isso. Uma globalização vertical.

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  4. Essa é o cúmulo!!! Nem sei se hei-de rir se chorar?!?!?!

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  5. No fundo acho que estamos a passar por um teste á nossa paciência. A tal dita "pachorra". Quem aguentou um atrasado mental, botas de verão, botas de inverno, durante quarenta e oito anos e ainda deixa saudades semeadas nas cabeças de atrasados mentais da mesma cepa da qual ele era feito, tem realmente uma capacidade invulgar para besta de carga. A frase: "mais vale um cobarde vivo que um heroi morto" parece encaixar perfeitamente neste mole de gente destomatada que se sente cobardemente bem a ser governado por cobardes.

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  6. Gente destomatada e que ainda pergunta "queres ketchupe?"

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  7. A mim???
    Só se for com batatinhas...:)

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  8. Eu nem isso. Sobe-me logo a mostarda ao nariz.

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