março 21, 2011

The Fatalis Verba

Quando no passado me foram ofertadas fracções do presente, rejubilei. Momentos de rara formosura serão sempre as ocasiões em que um presente estrelado, luminoso e reluzente nos crepita no trilho. Transforma-se a ansiedade do meramente imaginável, em impaciência de viver, de chegar e acontecer, contudo sem pressa de concluir.
Desfrutar com mais de cinco sentidos aquilo que o livre arbítrio não quis desfigurar.
Semelhante a um conto erótico onde já conhecemos a chave de ouro e saboreamos avidamente, com fulgor e tacto, cada minuto de observação, com engenho de não apressar a chegada do epílogo.
Não dar por concluído e não espreitar o lado de trás da cortina que desvenda e aviva as cores do que em sépia já nos fora ilustrado.
Não destapar o corpo aveludado que na essência conhecemos, onde o nosso tacto já passeou de mãos dadas com o destino, mas completa-se quando deslumbramos os ulteriores detalhes que dão cor e vida à unidade... finita no Ser, infinita na Paixão.

Quando a fábula me ensinou o futuro, esse funesto capítulo onde, entre os demais, se situa o pérfido e escuro, ensinou-me também a aguardar serenamente o vislumbre do dia em que, havendo essa hipótese, o futuro se pode modificar.
Entrevi de seguida que por vezes, o livre arbítrio não tem local para trabalhar, fora despedido das funções que lhe dão nome, nada lhe resta senão erguer-se, retirar-se e aguardar... apenas aguardar.

14 comentários:

  1. Olha, ontem a Académica lixou-se com o livre arbítrio de não terem marcado um penalti contra o Porto :O(

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  2. Ah, mas isso dos penalties contra o Porto é a singularidade das excepções estatíscas: Num determinado universo de jogos, os intervalos que definem o mínimo e máximo de ocorrências, constituem o espaço estatístico de todos os clubes, excepto para o Porto que tem um universo à parte, penso de que.....

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  3. Vai-te lixar que neste caso não seria um penalti contra o Porto. Seria um penalti a favor da Académica!

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  4. ... e lá voltamos ao Orquta e ao copo meio vazio ou meio cheio.
    Pronto, tava´cheio pró lado da Académica, mas o árbitro esvaziou-o para o Porto.
    Contente???

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  5. hupssss opssss.... :S
    queria dizer Orquita....

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  6. Ainda bem. OrQuta fez-me lembrar cicuta...

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  7. OrQuta é um alter-ego interessante... Assim ali a dar para os Bórgias...

    Entretanto, um chapéu para o texto filosófico-poético do Nuno.

    Ainda que o meu livre-arbítrio seja animal irrequieto. Às vezes vejo-me aflito para lhe pôr trela...

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  8. O nosso livre arbítrio é sempre condicionado pela norma envolvente. Escolhemos, não dentro do leque de opções possíveis, mas sim dentro das que são possibilitadas pelos nossos envólucros de conforto, espartilhos sociais e/ou económicos.~
    Sempre que se rompe com a norma pode esperar-se três tipos de respostas possíveis. Se apenas chocar a norma, o isolamento que é sinónimo de rejeição. Se pelo contrário agitar desejos subliminares, altera a norma, é aceite e seguida e torna-se norma nova. Se criar prejuizos a atitude de rotura é passível de ser tratada como crime e por essa via punida.
    o paradoxo surge quando se juntam as três respostas à rotura da norma e se faz a guerra.
    "Make love not war", chegou a ser tratado como frase criminosa-

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  9. O livre arbítrio só deve ser encontrado no fim do arco-íris da Utopia. Só alguém como vocês o poderá encontrar.

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  10. Jorge, é uma grande honra para mim ter-te a tirar um chapéu a um texto meu...
    Fico deveras lisonjeado com requintes de orgulho.

    Bem hajas,
    Nuno

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  11. Charlie...
    http://www.youtube.com/watch?v=dmkAuTQ8Sc4

    :)))

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  12. Paulo,

    A palavra Utopia, vem do grego "lugar que não existe".
    Mas mesmo assim, creio que todos nós temos o "livre arbítrio" de fazer das nossas vidas e do que nos rodeia "lugares que não existem"...

    :)))

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  13. É o que eu digo: vocês ainda lá chegam ;O)

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