Na próxima década a população portuguesa descerá 2%, 200 mil pessoas. Desaparecerá uma cidade: Coimbra, Aveiro ou Braga?
Este cenário é preocupante em toda a Europa. Segundo algumas projecções a Europa perderá 60 milhões de habitantes e terá menos 18 milhões de jovens até 2030.
O INE tem cenários que apontam para que em 2060 Portugal tenha só 8,9 milhões de habitantes, contando com imigrantes, contra os actuais 10,6 milhões, uma redução de quase 2 milhões. Cenário mais grave porque será uma população muito mais envelhecida, com menos jovens, ou seja com tendência para agravar a perda populacional. As pessoas maiores de 65 anos, em 2060, serão um terço da população e os jovens abaixo dos 15 anos serão só cerca de 10 a 12%.
Já imaginaram a quantidade de casas que vão ficar vazias e devolutas? Cafés e restaurantes vazios, táxis parados, cabeleireiros, gabinetes médicos, agências bancárias e de seguros?
Esta descida é o início de uma quebra populacional que se acelerará à medida que se agravar com a morte de idosos, sem substituição por novos nascimentos.
A descida da população acarreta dificuldades acrescidas ao crescimento económico. O Governo (de Sócrates), que há meia dúzia de meses anunciava medidas de apoio à natalidade, decidiu cancelar o prometido, ainda antes da entrada em vigor.
É mais um corte cego. É evidente que há “incêndios” orçamentais para apagar, mas é bom não esquecer que temos de ter sempre novos bombeiros para substituir os que morrem ou se aposentam.
A crise económica agrava a baixa da natalidade ao reduzir a atracção de imigrantes. Nos últimos anos, a quebra de natalidade não se agravou mais porque as famílias imigrantes têm tido uma taxa superior de nascimentos, quando comparada com as nacionais.
Nas crises económicas são os imigrantes que mais sofrem com o desemprego. Alguns são ilegais e possuem uma rede social de entreajuda menos instalada. A crise económica reduz a nossa capacidade de sedução de novos imigrantes e provoca a emigração.
Jaime Ramos
Excerto do livro «Não basta mudar as moscas»
... de facto é uma chatice para o "crescimento económico"... Mas, se no último século a população portuguesa duplicou, daqui a mais um século, para que se mantivesse a mesma taxa de crescimento populacional, seríamos vinte mil, e um século depois... quarenta mil... Vendo bem, não é assim tanto tempo. A casa que habito tem cem anos. Quer dizer, se calhar, mais dia, menos dia, com todos os problemas que isso levanta, era preciso começar a pensar em reduzir... ou pelo menos a estabilizar... E se houver menos gente a produzir, também haverá menos gente a consumir. E se houver menos riqueza, também haverá menos por quem a distribuir... e mais bens materiais e mais espaço para cada um... O problema, parece-me, é o de sempre: o da distribuição da riqueza. Dava mesmo muito jeito que alguém começasse a pensar em mecanismos eficientes de redistribuição da riqueza. É que dava mesmo jeitinho!
ResponderEliminarArrepia conhecer a lei de Malthus e saber que é mesmo verdade.
EliminarSe bem que alguns optimistas chamam erro à lei de Malthus, ao afirmar que a tecnologia altera as proporções entre crescimento geométrico e aritmético no que ao ratio entre populações e produção de alimentos respeita, a verdade é a de que vai havendo falta de terra para tanta gente. Pelo menos gente com estes padrões de consumo e para os quais o planeta é em 300% deficitário.
ResponderEliminarEsta realidade, a de que estamos a consumir toda a produção do planeta à velocidade de que são necessários quatro para o substituir, irá - está já- a conduzir esta bola verde a caminho da catástrofe. O problema mais grave, por dizer, o problema mãe de todos os problemas, é o excesso de população humana e não o seu contrário.
O modelo que Ramos descreve é transitório, crítico sim mas transitório. Pois se por um lado em determinado momento há idosos a mais, nos períodos seguintes estes dados tendem a estabilizar com o desaparecimento dos idosos no fim do seu ciclo natural de vida.
Este modelo de economia que assenta na produção desenfreada de bens que tem de ser obrigatóriamente consumidos através das necessidades induzidas muito para além das básicas, é mais do que insustentável. Por que se insiste então nela? Pela simples razão de que as relações entre os montantes e jusantes de produção constituem os elementos da pirâmide de poder. O jogo que tem enlouquecido a espécie humana, o jogo do poder. Quanto mais pessoas forem obrigadas a trabalhar para alguém, mais poderoso esse alguém se torna. E isso define o que diz a Libelita. A injusta repartição de riquezas, conduz à mingua e isso obriga as pessoas a sujeitarem-se a qualquer coisa, a trabalhar muito por pouca recompensa, o que dá mais poder aos detentores dos meios de produção.
Contudo, isto afunda ainda mais a crise pois sem recursos, os bens produzidos tem o escoamento dificultado. Dizem então para trabalharem mais....para sair da crise. Ou seja mais trabalho, mais bens produzidos que não vão ter o consumo esperado pois quem os pode comprar faz parte da grande mole que está nessa franja da dependência primária.
Nada disto faz sentido.
Mas quem é que consegue alterar esta relação de forças numa sociedade? Ciclicamente a bolha rebenta, há Bastilhas, há guilhotinas, há igualdade, fraternidade, e liberdade.
Depois..... o homem acomada-se, os espertos instalam-se e começa tudo de novo...
(Até ao dia em que a árvore, por ter macacos a mais, parte-se e aí ficam sem casa para sempre.)
Chamem erro à lei de Malthus, chamem. E, se forem crentes, rezem a um deus qualquer para que o desastre não ocorra nas gerações mais próximas.
ResponderEliminarEu acho que o caso não é assim tão grave porque só se põem duas hipóteses: a) reduzir a bem; b) reduzir a mal.
EliminarTambém tens razão.
EliminarA História da ilha da Páscoa é por demais elucidativa quanto à consistência da lei de Malthus
ResponderEliminarTu conheces o trabalho de arqueólogos que escavaram à volta de algumas estátuas? E que viram que aquilo não são só caras e sim corpos completos?
EliminarNão é algo extraordinário!!!!!
ResponderEliminarESPANTÁSTICO!!!!!!!!