abril 13, 2012

se calhar...

Se calhar, as teorias da conspiração, em escala global, são excessivas, exageradas.
Se calhar, o mundo iniciou circunvoluções com o eixo mais ou menos inclinado do que aquilo que era suposto.
Se calhar, Deus não existe, mas existe apenas a nossa percepção dele, por maior ou menor carência ou impacto de dose alucinogénea… Se calhar.     
Se calhar, aumentando o número de alunos por turma, ainda se vai abandalhar mais o depauperado sistema de ensino oficial que temos.
Se calhar, o abandalhamento do sistema de ensino oficial que temos vai promover a criação de mais carneiros acríticos e impreparados para tudo o que seja uma carreira profissional, enriquecida por uma sólida base humanista.
Se calhar, criar turmas apenas constituídas pelos melhores alunos de cada escola é uma promoção inconstitucional da formação de elites através do sistema de ensino oficial que temos.
Se calhar, anda uma mão-cheia de vendilhões do templo e da banha-da-cobra, feirantes de ocasião e de assento partidário, ou da obra ou do avental, ou do raio que os parta a todos, a criar um futuro que há-de ser uma mescla de feudalismo, temperado pelos extraordinários avanços tecnológicos, onde estes reizinhos e os seus séquitos viverão iluminados pelas energias que a multidão de escravos ou servos da gleba produzam nos subterrâneos dos seus castelos, empurrando, quais burros em redor da nora, os engenhos medievais, em troca de uma côdea de pão duro e uma malga de água fétida.
Se calhar, já não há castelos medievais e sou eu que estou a ficar balhelhas.
Se calhar, há fantasmas e esta malvada cultura ocidental, aqui e ali acidental, é que anda a iludir-nos, dizendo que não.
Se calhar, o Vítor Gaspar não é o retardado que parece. Nem o Álvaro Santos Pereira é o puto parvo que conhecíamos dos tempos liceais.
Se calhar, o Passos Coelho não é nada diferente do José Sócrates, ainda que não parecesse, a princípio. Para além do estilo, claro. Assim como que um vestido pela Ana Salazar e outro pela Fátima Lopes, mas dois modelos de mau gosto, na mesma exacta proporção.
Se calhar, o Zé Povinho nem é uma boa referência para o homo sapiens da subespécie lusitana desenrascata… mas, se calhar, é nisso em que nos estamos transformando, nuns pobres Zés Povinhos e pobrinhos, brutos, hirsutos, labregos e espertalhóides, de dignidade duvidosa, circunstancial e atípica.
Se calhar, somos. Se calhar sou…
Se calhar, até sou deficiente auditivo e ainda não me avisaram e nada do que ouvi nos noticiários matinais desta sexta-feira, treze, corresponde à verdade no terreno.
Se calhar…

5 comentários:

  1. Nunca como agora fez tanto sentido " O Cagalhão na Tola" do "professor Herrero"...

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  2. O professor Herrero é um tipo esquisito, faz ilusionismo, astrologismos e ocultismos mas é o tal que todos os anos faz um jantar contra a superstição e o preconceito. Junta no dia 13 de uma Sextafeira, treze pessoas a uma mesa, onde para lá chegarem tem que passar por debaixo de uma escadote aberto, e junto a um gato preto etc etc. Isto diz ele, que é para provar que andamos rodeados de valores que nos atemorizam mas que não valem nada e que o verdadeiro poder está em termos a nossa mente aberta derrubando todos os Adamastores e tabus. O título " o cagalhão na tola" é a metáfora a que ele subordina o livro onde expõe este seu ponto de vista.

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