abril 25, 2012

Em homenagem aos que fazem falta...

4 comentários:

  1. Conheci o Miguel pessoalmente.
    Um homem de grande estatura, tanto física como intelectual.
    Mas a sua maior grandeza era da Humanidade.
    Se fica a fazer falta entre os seus pares?
    Talvez aos que se sabujam cinicamente de cravo peito o digam para fazer jeito; não há melhor estratégia do que os carrascos se porem do lado das vítimas. Como aquela figura de Boris Pasternak, na obra "o Dr Jivago". De homem de regime,aquele personagem, opressor implacável do lado do Czar, passa a ser o maior revolucionário quando o regime estoira...
    Conheci também na tropa gente desta. Lembro-me de ter escrito um texto elogioso sobre um disco de José Jorge Letria numa pequena publicação para consumo interno em Paço d'Arcos e de ter levado uma enorme piçada de um oficial, o homem da "acção psicológica" de então. Tinha acabado de acontecer a "intentona das Caldas" e sentia-se a coisa a ferver, daí toda a acção psicológica o apalpar das sensibilidades dos homens do regime.
    Quinze dias depois, é o 25 de Abril e não queiram lá ver o gajo? Todo ele era revolução e cravos. Veio ter comigo, passados uns dias, com o paleio esperto e todo prá-frentex. Claro que respeitando a hierarquia e a patente lhe dei em privado a resposta adequada, podem imaginar qual foi, mas tenho a certeza que meteu toda a retórica no fundo das costas, lá no sitio onde estas mudam de nome.
    Pois Miguel era um espinho nos pés deste tipo de gente de que a nossa classe política tresanda. Coerente, culto, educado, era uma pessoa de estatuto superior, não porque se pusesse em bicos de pés, mas por ser alguém que se abaixava para dar a mão a alguém que precisasse de se levantar.
    ~Fica para a posteridade um trabalho extraordinário que em tempos possou na RTP2, o tal canal que ninguém vê, diz o inafável Relvas, perfeita antítese da personalidade de que falamos. Tratou-se de uma série sobre as culturas do mundo árabe e norte de áfrica e da sua relação com portugal.
    Seria bom, enquanto estes tontos não deram por uma uva mijona pelas nossas joias da coroa entre elas a RTP, passarem de novo este trabalho, talvez o melhor que alguém alguma produzio sobre o tema.
    Deixo um abraço a ele, amigo Miguel.
    A gente encontra-se um dia destes, é a fatalidade do destino: a vida, é a tal aventura maravilhosa que acaba sempre mal, mas depois de dobrado o cabo entra-se no infinito.
    Até lá....

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  2. Mas olha que fizeste uma grande maldade ao Miguel Portas, ao confrontá-lo com o Relvinhas...

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  3. Elogiar Miguel Portas como se viu, nos últimos dias, por tudo quanto é «quadrante político», é fácil e de pouco ou nenhum risco.

    Como diz o Charlie, há gente que muda de casaco com a facilidade com que respira.

    Agora, louvar-lhe a atitude constante e apoiá-lo nos momentos em que nos fazia chegar a sua voz... isso é outra conversa.

    Mas é a este Miguel que o povo português ficará devedor. Creio que não tenho grandes dúvidas sobre isso. E não haverá muitos a gabarem-se do mesmo estatuto. Porque ele tocava no âmago das existências, as que contam, as que valem.

    Os outros cantam com o Tony Carreira e desvanecem-se no circo das vaidades e das indignidades e a eles está reservado o caixote do lixo da História. São «clichés», eu sei. Mas havemos de ver se serão ou não verdades.

    Porque há amanhãs que cantam. Claro que há. Todos os dias. Só quem não os ouve os desconhece. Mas pobres desses!

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