A Natureza é um manancial de lições para a única espécie que se vangloria da sua inteligência, a nossa. Observar o comportamento dos outros animais e saber processar os ensinamentos que daí derivem deveria ser uma (mais uma) vantagem competitiva sobre os desgraçados seres vivos que lutam para sobreviver à intervenção da tal espécie inteligente que se comporta de forma tão burra.
Mas não é.
Insistimos em repetir erros, em trair princípios, em seguir líderes violentos ou simplesmente imbecis.
Apesar de ser recorrente a imagem dos rebanhos quando observamos o comportamento da maioria dos que caminham sobre dois membros, os fenómenos de massas que protagonizamos, nós humanos, fazem-me lembrar as manadas de gnus.
Igualmente numerosos, esses cornúpetos primam pela determinação. Insistem nos mesmos trilhos, nas mesmas rotinas seguidas por gerações ao longo dos tempos mesmo depois de conhecidos os perigos da jornada. Parecem estúpidos, vistos de fora.
Contudo, eu não gostaria de saber a opinião de um gnu acerca do comportamento dos humanos. Os gnus são fisicamente muito mais fortes e em matéria de inteligência (aquela que os comportamentos traduzem) deveria verificar-se o oposto, ao ponto de o raciocínio superior poder explicar o que nos coloca tão acima dos gnus na hierarquia animal como a definimos e que às vezes parece não ser a que a Natureza tinha previsto quando se viu a braços com esta espécie estranha, com este fim anunciado da macacada que somos nós e quem estiver por perto.
Os gnus são bichos dependentes da integração num grupo, a sua sobrevivência está ligada à coesão de um colectivo. Porém, esse grupo funciona como uma aglomeração de indivíduos com cornos nas tintas uns para os outros: se os mais fracos acabam isolados da manada e à mercê dos predadores, problema deles.
Apesar da sua força intrínseca e da que os números lhe poderia acrescentar, os gnus só entendem o grupo como uma multidão que lhes compete seguir, sempre na esperança de passarem despercebidos no meio da confusão e de poderem aí ocultar os pontos fracos que os possam tornar em presas fáceis. E não mexem uma palha em conjunto para defenderem os seus, por vezes nem mesmo as próprias crias em aflição.
Seguem o seu caminho de sempre, enfrentam desafios seculares que muitas vezes os matam, cometendo sempre os mesmos erros, arriscando seguir o mesmo farol para a potencial perdição.
As ovelhas não são diferentes nesse aspecto, mas quando comparamos um gnu com um ovino tomamos consciência da lição de desperdício que a Natureza nos ensina. Cem ovelhas não conseguiriam reunir a mesma força combinada de meia dúzia de gnus, caso possuíssem a inteligência dos humanos que lhes permitisse discernir que a união faz a força, mas talvez mil pudessem dar conta do recado e acabava-se o domínio do pastor.
E meia dúzia de gnus talvez não dessem conta de um grupo de leoas famintas, mas os estragos que iriam provocar, se a memória dos restantes pudesse processar a lição da Natureza que sempre as dá, ficariam como uma prova cabal de que a resistência é possível quando se combinam forças em torno de um objectivo comum.
Perceberam o trocadilho?
Já na Bíblia se falava da vide e do feixe de vides...
ResponderEliminarpois... um feixe de vides não se consegue partir.
ResponderEliminarAi mas este rebanho senhores, este rebanho, que é só cornos, mas olhinhos para marrar? Nada... :(