Senti-me triste quando me dei conta de vários acontecimentos praticamente ao mesmo tempo.
Estava descontraída a passar canais e parei na TVI. Estava o Manuel Luís Goucha a entrevistar Maria de Belém Roseira. Sempre gostei de a ouvir falar, uma mulher com uma educação enorme e de uma cultura vastíssima. Ela escreveu um livro intitulado “Mulheres Livres” e era essa a razão que a levava àquele programa. Nos instantes em que a ouvi falava sobre os valores descartáveis do nosso país e do quanto nós, portugueses, desvalorizamos os grandes nomes que fizeram e fazem a nossa história. O livro fala de Carolina Beatriz Ângelo, a primeira cirurgiã portuguesa e de Maria de Lourdes Pintasilgo, que foi, até ao momento, a única mulher Primeira-ministra em Portugal. Foram grandes valores da nossa sociedade que se descartaram quando se pensava que não podiam dar mais daquilo que foram. Mas na entrevista Maria de Belém referia-se também a outros nomes que foram como que descartáveis e só tiveram valor enquanto exerceram cargos de algum poder. Deu exemplos de outros países em que as pessoas (políticos ou não) gostam de se rodear de quem é tanto ou mais inteligente e assim ser bem aconselhado ou desempenhar um melhor papel no exercício das suas funções. Nós fazemos precisamente ao contrário, e eu sei do que falo, gostamos é dos mais ignorantes ao nosso lado para assim nos mostrarmos mais e superiores. É talvez por isso que valorizámos tanto e de forma galopante o ato de se ter hasteado a bandeira ao contrário. Toda a gente erra e ali o protocolo falhou, nós é que estamos tão enfurecidos com a nossa realidade social e económica que personificámos toda a nossa ira nesse erro. Mas se pensarmos bem, isso pode ter destruído a carreira profissional e pessoal de uma ou mais pessoas. Na realidade, para mim, esse não foi esse o facto do dia. Pessoalmente emocionou-me o desespero daquela mulher que irrompeu pela cerimónia a gritar que vivia na miséria. Isso sim custou-me imenso. Já somos muitos aqueles que temos verdadeira noção do que é o flagelo do desemprego, do passar necessidades, do não ter onde ir buscar caridade sem sentir vergonha, de ter que deixar a sua casa e não ter onde viver, do ter que ver o olhar dos filhos quando até eles sabem que não podem pedir nada, e não ter uma luz ao fundo do túnel pois quem passa por isto sabe que não há túnel nenhum mas sim um poço sem fim à vista. Entristeceu-me ver aquela cantora lírica a entoar o “Acordai” e aqueles mentecaptos que foram convidados para assistir à cerimónia do 5 de outubro aplaudirem como se aquele momento fizesse parte das comemorações. Não têm noção do desespero em que o povo vive. Entristeceu-me saber da morte da Margarida Marante que agora todos dizem que foi uma grande mulher mas ninguém fez nada por ela quando, em desespero, abriu as portas da sua vida para dizer que era vítima de violência domestica e que estava desempregada e a viver um pesadelo. Eu, como cidadã, penitencio-me por nunca ter feito nada. Nós é que pensamos sempre que as pessoas estão mais longe do que estão na realidade, mas todos temos os nossos problemas e as nossas vidas. Somos todos seres humanos. E temos obrigações uns com os outros. Não terá também ela sido abandonada por nós, como todos os outros grandes valores que fizeram e fazem a nossa história? Será tão difícil pensarmos que a solução do nosso país não estará em os nossos governantes descerem do pedestal e chamarem quem possa realmente ajudar? Nomeadamente antigos ministros ou especialistas em política interna e finanças e em conjunto, deixando de parte a cor partidária, encontrarem soluções válidas que beneficiem e melhorem a vida dos portugueses? Acho que está mais do que na hora de romper com os poderes instituídos e com os compadrios e pegar neste país com vontade e determinação. Precisamos de gente com amor à nação, ao país e à nossa identidade para fazer alguma coisa por isto, porque caso as coisas não mudem vai ser um caminho muito mau o que vamos continuar a trilhar e pessoalmente já estou sem forças até para mandar à merda quem foi eleito.
Estava descontraída a passar canais e parei na TVI. Estava o Manuel Luís Goucha a entrevistar Maria de Belém Roseira. Sempre gostei de a ouvir falar, uma mulher com uma educação enorme e de uma cultura vastíssima. Ela escreveu um livro intitulado “Mulheres Livres” e era essa a razão que a levava àquele programa. Nos instantes em que a ouvi falava sobre os valores descartáveis do nosso país e do quanto nós, portugueses, desvalorizamos os grandes nomes que fizeram e fazem a nossa história. O livro fala de Carolina Beatriz Ângelo, a primeira cirurgiã portuguesa e de Maria de Lourdes Pintasilgo, que foi, até ao momento, a única mulher Primeira-ministra em Portugal. Foram grandes valores da nossa sociedade que se descartaram quando se pensava que não podiam dar mais daquilo que foram. Mas na entrevista Maria de Belém referia-se também a outros nomes que foram como que descartáveis e só tiveram valor enquanto exerceram cargos de algum poder. Deu exemplos de outros países em que as pessoas (políticos ou não) gostam de se rodear de quem é tanto ou mais inteligente e assim ser bem aconselhado ou desempenhar um melhor papel no exercício das suas funções. Nós fazemos precisamente ao contrário, e eu sei do que falo, gostamos é dos mais ignorantes ao nosso lado para assim nos mostrarmos mais e superiores. É talvez por isso que valorizámos tanto e de forma galopante o ato de se ter hasteado a bandeira ao contrário. Toda a gente erra e ali o protocolo falhou, nós é que estamos tão enfurecidos com a nossa realidade social e económica que personificámos toda a nossa ira nesse erro. Mas se pensarmos bem, isso pode ter destruído a carreira profissional e pessoal de uma ou mais pessoas. Na realidade, para mim, esse não foi esse o facto do dia. Pessoalmente emocionou-me o desespero daquela mulher que irrompeu pela cerimónia a gritar que vivia na miséria. Isso sim custou-me imenso. Já somos muitos aqueles que temos verdadeira noção do que é o flagelo do desemprego, do passar necessidades, do não ter onde ir buscar caridade sem sentir vergonha, de ter que deixar a sua casa e não ter onde viver, do ter que ver o olhar dos filhos quando até eles sabem que não podem pedir nada, e não ter uma luz ao fundo do túnel pois quem passa por isto sabe que não há túnel nenhum mas sim um poço sem fim à vista. Entristeceu-me ver aquela cantora lírica a entoar o “Acordai” e aqueles mentecaptos que foram convidados para assistir à cerimónia do 5 de outubro aplaudirem como se aquele momento fizesse parte das comemorações. Não têm noção do desespero em que o povo vive. Entristeceu-me saber da morte da Margarida Marante que agora todos dizem que foi uma grande mulher mas ninguém fez nada por ela quando, em desespero, abriu as portas da sua vida para dizer que era vítima de violência domestica e que estava desempregada e a viver um pesadelo. Eu, como cidadã, penitencio-me por nunca ter feito nada. Nós é que pensamos sempre que as pessoas estão mais longe do que estão na realidade, mas todos temos os nossos problemas e as nossas vidas. Somos todos seres humanos. E temos obrigações uns com os outros. Não terá também ela sido abandonada por nós, como todos os outros grandes valores que fizeram e fazem a nossa história? Será tão difícil pensarmos que a solução do nosso país não estará em os nossos governantes descerem do pedestal e chamarem quem possa realmente ajudar? Nomeadamente antigos ministros ou especialistas em política interna e finanças e em conjunto, deixando de parte a cor partidária, encontrarem soluções válidas que beneficiem e melhorem a vida dos portugueses? Acho que está mais do que na hora de romper com os poderes instituídos e com os compadrios e pegar neste país com vontade e determinação. Precisamos de gente com amor à nação, ao país e à nossa identidade para fazer alguma coisa por isto, porque caso as coisas não mudem vai ser um caminho muito mau o que vamos continuar a trilhar e pessoalmente já estou sem forças até para mandar à merda quem foi eleito.
Que bom ter-te por aqui, Mad!
ResponderEliminarObrigada Sãozinha :)
ResponderEliminarAgora só tens que dizer a frase ;O)
EliminarE ganho prémio?
EliminarTu és o prémio.
EliminarOra, viva, Mad! Cada vez se está por cá em melhor companhia!
ResponderEliminarDito isto, fica a minha solidariedade com as tuas opiniões. Na verdade, o que mais estranho nestes «mandantes» que nos vão caindo em sorte é o seu desprezo - muito provavelmente feito de ignorância - pela nação que somos. A todos os níveis do nosso património, seja material ou imaterial.
Assistimos, tão-só, a umas cosméticas para-turista-ver e o âmago profundo do país que somos, feito de gente de carne e osso, cheia de labor, criatividade e vontades de futuro, passa-lhes ao lado e ao lado, também, dos seus sórdidos interesses.
Pela parte que me toca, nada lhes devo, deles nada quero, a não ser distância e espaço para respirar.
Mas fica uma nota tua que muito nos interessa se queremos mudar algo: todos temos obrigações e precisamos de gente com amor à nação, ao país e à nossa identidade para fazer alguma coisa por isto...
Enfim, gostei de te ler.
Grande OrCa obrigada.
EliminarUma pequena adenda ao que digo antes: quando refiro que o desprezo dos senhores do poder pelo país e nação que somos provem da ignorância, interessa muito acrescentar que essa ignorância é, no entanto, muito condimentada pelo interesse pessoal, claro...
ResponderEliminarEste cantinho está cada vez mais acolhedor...
EliminarOra aqui temos uma agradável surpresa!
ResponderEliminarE com uma entrada de leoa, diga-se de passagem...
Quanto ao texto, ocorre-me lembrar que as grandes crises têm sido ao longo do tempo autênticas pedradas no charco da condição feminina, basta lembrar como a falta de trabalhadores durante a II Guerra Mundial abriu caminho para as trabalhadoras que hoje são tão ou mais vítimas do desemprego do que nós gajos.
Espero que seja essa uma das consequências positivas desta fase tremenda, o golpe de misericórdia nos resquícios de uma visão machista obsoleta e, se possível, nesse abandono a que nos votamos uns aos outros quando as coisas correm menos bem. Um mundo melhor, enfim...
Como é possível haver unanimidade nesta nova "aquisição"?!...
EliminarQuando são boas... (as aquisições)
EliminarSe a Madre Teresa de Calcutá fosse viva, dava-te uma prendinha como tu gostas.
EliminarAmén!
EliminarUnanimidade?
EliminarAlguém me perguntou a opinião?
Ah, pois
Não interessa para nada...
Mas sim, é giro ter mais um par de mãos para descascar umas batatas ;)
Para a salada, eu posso tratar dos tomates, haja quem dê o atum,
Todos menos a São, que ela quer logo dar atua
xi....
ResponderEliminarAinda o comentário off-topic nã tava publicado e já a Saõ estava a telefonar pra dizer que nem batatas nem atua,
Diz que só quer alhos para tratar.
pronto menina! Que coisa de feitio....
Isso não passa com uma rodada de ginja?
Para se celebrar o par de mãos novas na chafarica?
Isto marchava era um leitão com espumante...
EliminarOu dois...
EliminarOK. Um leitão com dois espumantes.
EliminarTêm alguma coisa contra dois leitões e vinte espumantes???
EliminarSou contra o desperdício.
EliminarO que sobrar...come-se,...poisatão
EliminarAh! Assim tá bem!
EliminarCroacK!...(arroto de rã...)
ResponderEliminarNão te dou colo para arrotares!
EliminarTudo isto me faz lembrar que houve um tempo em que se chegou a congeminar um encontro empanzinante entre os colaboradores deste blog...
ResponderEliminarÉ só dizerem quando!
Eliminar