outubro 20, 2012

A posta que nem sabemos o que estamos a perder


As notícias mais recentes acerca do Público e da Lusa são das que mais fragilizam uma classe já de si esfarrapada pela proliferação e aumento de intensidade das diversas pressões. Os jornalistas estão cada vez mais reféns do medo de perderem os seus empregos, um medo legítimo para quem sabe fazer algo que não serve para fazer mais porra nenhuma.
Seria leviano afirmar que não existem jornalistas corajosos, independentes, ou malucos o bastante para continuarem a pugnar pelos princípios sagrados do ofício. Contudo, no actual contexto de aperto do torniquete por parte dos poderes que controlam o pilim só pode tratar-se de temerários, pois mesmo os mais bem intencionados serão, mais cedo ou mais tarde, confrontados com decisões muito difíceis de tomar.

Temos que convir que o estandarte da verdade já conheceu melhores dias. Num mundo governado por aldrabões, a missão de informar as coisas tal e qual transforma-se num exercício kamikaze e abundam os exemplos de como essa sim é uma verdade insofismável.
Morrem jornalistas, todos os anos, em todo o planeta, nessa batalha pela tal verdade que, bem vistas as coisas, ninguém parece querer ouvir. Basta olhar para o que prende as audiências para percebermos porque é cada vez mais exigente o esforço para manter o entusiasmo perante coisas sérias, com toda a gente preocupada com o sexo furtivo nas casas dos segredos e apenas meia dúzia em busca de informação acerca daquilo que verdadeiramente interessa.
A lógica é simples de entender: as audiências só espevitam perante assuntos da treta, os anunciantes só patrocinam conteúdos da treta, os jornalistas são obrigados a concentrar a atenção naquilo de que o público gosta, as minorias deixam de prestar atenção e às tantas deixa de haver espaço no mercado para tanta fast press. Ou seja, o efeito bola de neve acaba por arrastar tanto os que teimam em fazer o trabalho sério que não dá lucro à casa como os que se esmifram para alimentar páginas com aquilo que toda a gente sabe porque é aquilo que toda a gente publica.

No meio disto tudo ainda entram em cena os políticos que ameaçam e pressionam, os patrões que precarizam e despedem e a ditadura fria e impessoal dos critérios das agências publicitárias. Entretanto, fora das redacções, a Democracia sucumbe e a falta de uma Comunicação Social sólida e independente ajuda nas exéquias.
Os jornalistas não são soldados ou polícias, a sua única arma é a esperança na diferença que consigam fazer, tantas vezes à custa da teimosia, da abnegação e do brio que podem custar-lhes o emprego se os interesses atingidos mexerem os cordelinhos certos na teia de ligações perigosas contra as quais um jornalista pouco ou nada pode fazer. E as contas podem ser acertadas a qualquer momento, os poderes nunca esquecem os golpes sofridos e não lhes falta paciência para esperarem o pouco tempo necessário para apanharem a jeito profissionais tão desamparados, mesmo a nível sindical.

Uma crise capaz de fechar farmácias às centenas dá cabo das contas a um órgão de Comunicação Social e encurrala ainda mais quem tenha dedicado a vida a essa nobre função, sabendo todos nós como a maioria dos grandes grupos financeiros tem o dedo ligeiro no gatilho quando toca a despedir. E depois, que futuro espera um jornalista, mesmo dos bons, veteranos, com provas dadas, quando o chão lhe foge debaixo dos pés?
É quase cruel exigir a alguém que cumpra bem o seu papel quando até o cumprimento escrupuloso das regras do jogo do ofício pode afinal constituir o cavar da cova onde deitarão as carreiras todos quantos se virem apanhados por uma das várias trituradoras que a crise estimula. Pessoas, tal como as que usufruem do seu trabalho no derradeiro bastião da Democracia, de qualquer Democracia.
Nenhuma resiste à falência dos valores que a Comunicação Social representa e são esses os que mais tentam destruir aqueles para quem a verdade possa constituir uma ameaça real, sobretudo quando estão em causa interesses vitais, ainda que ilegítimos, dos poderosos que não param de abusar.

E esta é uma verdade que uma Democracia saudável não poderá jamais ignorar.

12 comentários:

  1. Mui rápido, chico hombre coño, arriba arriba yihaaa yihaaa.
    Pero mui bién, que la cosa no se hace por menos, hay que tener de la democracia esa cosa de la creer y además de la querer!
    Y estamos asolados por las difcultades que crecen de dia a dia, y ya lo sabemos que nó son endógenas del viver de la gente pero de lá máquina tremenda que crea valor en cosas que nó existen y que ahora quieren trocarlas por las cosas que valen de verdad y que són nuestras. Por eso Pepe Rápido, sacate de las pistolas y vamonos en nuestros cavallos, no contra los gigantes que marchan a viento, pero sí contra los que del molinero sacan la harina de su trabajo.

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    1. Pués entonces que salga Sancho Panza de su cochinera, que se monte y que venga a mi lado al combate! Por mi e mi espada, que hay que salvar todas las Dulcineas de este pueblo!
      Asimismo, que me sigan todos! A la carga! En mi Roncinante, no hán monstruos que me metan miedo! Al combate, ya les dije!!!
      De los flacos nó se conece nada en la História! Hay que luchar por lo nuestro, tenenos derecho a un poco de la luz del sol, nó?
      (Y ya qué hablamos en guerra y combate... nó fué ayer el dia 21?)

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    2. Bem me queria parecer. Tu queres é salvar a Dulcineia...

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    3. "Salvar" quer dizer o quê em castelhano?

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    4. salvar [sal'BaP]
      verbo
      1. (perigo, risco) salvar
      2. (obstáculo) vencer, superar
      3. (exceptuar) salvar, excluir
      4. (distância) percorrer
      5. INFORMÁTICA guardar, gravar
      6. RELIGIÃO salvar
      salvarse
      salvar-se
      § sálvese quien pueda
      salve-se quem puder

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    5. (A questão era retórica, pá...)

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    6. E a minha resposta foi dicionária :O)

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