Peter Singer escrevia em 2002, no seu livro «One World: The Ethics of Globalization»*:
"(...) As forças do mercado global fornecem incentivos a que cada país aceite aquilo que Thomas Friedman chamou «uma camisa-de-forças dourada»: um conjunto de políticas que implicam a libertação do sector privado da economia, a diminuição da burocracia, a manutenção de uma inflação reduzida e a eliminação de restrições ao investimento estrangeiro. Se um país se recusar a aceitar a camisa-de-forças dourada, ou tentar retirá-la, o rebanho electrónico - os cambistas, os corretores e quem toma decisões respeitantes ao investimento realizado pelas multinacionais - poderá afastar-se a galope noutra direcção, levando consigo o capital de investimento que os países desejam para para manter as respectivas economias em crescimento. (...)"
Como se vê, nada de novo por baixo do Sol.
* página 37 da edição portuguesa de 2004 da Gradiva: «Um só mundo: a ética da globalização», colecção Filosofia Aberta, com revisão científica de Desidério Murcho, co-orientador da minha tese de mestrado.
lembra-me um filme que vi há muito tempo do qual não me lembro o nome, mas decorria num ambiente de sujeição à disciplina através do medo.
ResponderEliminarNumas jaulas sem grades frontais viviam umas feras. Não podiam sair pois uma barreira de alta tensão fazia-os apanhar uns choques enormes que os faziam recuar aos saltos e em grande sofrimento para o fundo da jaula.
Em frente a cada uma das jaulas e a uns meros centímetros para fora da barreira de alta tensão havia um prato com alimentos que mantinham as feras famintas todo o tempo entre a fome e o terror dos choques.
Apenas quando uma campaínha tocava, uma luz acendia-se por breves segundos que era o sinal de que a barreira tinha sido momentaneamente desactivada. As feras esticavam então o pescoço e rapidamente puxavam a carne para dentro das jaulas, antes que a barreira fosse de novo activada e devorando tudo sofregamente. Nesta ocasião em especial, o sádico cientísta e estudioso do comportamento condicionado, ficava em frente às jaulas a registar com satisfação como o medo é mais forte do que a fome pois reduzia constantemente a quantidade de alimentos.
No entanto, um dia um dia houve em que as feras, levadas sabe-se lá por que repentino despertar interior, ouviram a campaínha, e em vez de puxarem o alimento para os confins da jaula, aproveitaram o momento e num salto atiraram-se para fora das jaulas e para cima do seu carcereiro devorando com todas as ganas que a fome e a revolta pode proporcionar.
Bem faria a muito menino esperto, ver o filme e se não entendessem a metáfora, a gente era menino também para lhes explicar nem que fosse a choque e à dentada...
Eu, nem camisinha de forças!
ResponderEliminarE tudo isto sob o olhar complacente e cúmplice dos diversos governos dos estados ditos soberanos... Já dei por mim a matutar quanto desta «simbiose» contra-natura entre os estados e o poder das «forças de mercado» não terá muito a ver com uma coisa a que um velho de longas barbas chamava o capitalismo monopolista de estado... Aos poucos, vai-se criando uma nova ordem mundial que tudo domina e tudo constrange, não eleita, corporativa, mas que tudo comanda e determina, sem olhar a meios para atingir os seus fins...
ResponderEliminarUma das correntes semi-secretas neoliberais é bastante pragmática: não existem recursos no planeta para que todos os seres humanos tenham um determinado nivel de vida.
ResponderEliminarEstes filósofos ainda seguem o rumo do imobilismo e do cerceamento da creatividade. Obviamente que temos que poupar os recursos. Viver com qualidade não implica devorar 20 kilos de hamburgueres por dia entorando litros e litros de coca-cola. Do mesmo modo, carros a gastar de 25 a 35 litros de gasolina por cada 100 milhas é antes de mais nada, um atentado e um atestado de estupidez.
O viver bem é essencialmente um estado de espirito, e não um estado de consumo. Esses senhores e acuso o American way of life, são os causadores primeiros da crise mundial. A luta é pelo domínio de recursos, é uma guerra surda em todas as frentes, que tem como objectivo final a diminuição do consumo para que eles possam ser o mercado final dos produtores.
A outra frente, a da investigação tecnológica tendente a racionalizar e reduzir consumos de recursos, atingindo os mesmo objectivos finais, é posta em segundo plano. A investigação é prioritariamente aplicada ao campo das aplicações secretas militaresb tanto de hard, como de software. Aquilo que neste momento estamos a escrever é monitorizado algures por poderosas máquinas "snifadoras" de informação: a internet é também uma arma a seu favor. Através de sistemas de compilação e filtragem os relatórios informam aos incumbidos a linha mestra de actuação a seguir. A contra informação é essencial: veiculada pelos meios de informação, convencem a uma multidão de milhões, de que o céu azul que estão a ver é na verdade castanho claro. Nesta estratégia insere-se a actuação das Agências de Rating. E assim vai este mundo, acusamos todos os Socrates, Cavacos, Merdels &Cia, quando deveriamos acusar mais a Cia do que os primeiros citados...
Tristemente concreto.
ResponderEliminarCaro Charlie, cá por mim até acuso mais quem está a pagar o servicinho às CIA todas que por aí existam...
ResponderEliminarOs Sócrates são meros homens de mão, mas são também as faces mais visíveis e, por isso, atingíveis desse enredo de quantas verdades referes.
Se eu não fosse uma gaja optimista, camaradas, pá, nem pregava olho (que expressão tão gira esta... e nunca tinha reparado nela... ihihihih... pregar olho... ihihihih)
ResponderEliminarSim..... e logo tu, ...
ResponderEliminarQuem não pode ter o olho pregado é o Nelo...
Acabariam logo com a sua vida artística....
Olha... eu pensava que ele andava sempre com o olho pregado!...
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