De uma forma quase abrupta encontramos todo o tipo de surpresas pela vida fora. Foram as escolhas que fizemos ontem, no ano passado, na nossa infância, que determinaram o percurso que pautamos diariamente. Se cumprimentei alguém fora da rotina comum, se ajudei alguém a atravessar a rua, se telefonei para alguém quase inadvertidamente sem conhecer a pessoa e a horas eventualmente impróprias.
Todas essas acções influenciarão se hoje e amanhã conheço este alguém, ou se faço determinada coisa.
Cada pequena acção, por aparentemente irrelevante que seja, contribui para a escrita do processo histórico da nossa existência. Podemos por vezes não ter a certeza dos porquês, das razões pelas quais a vida nos colocou de frente a determinada situação, mas podemos estar seguros que por alguma razão foi, que por acção nossa foi desencadeada e algum motivo futuro certamente desmistificar-se-à à nossa consciência.
Desde Aristóteles que se fala da teoria da Causalidade, e é disto precisamente que falo aqui. Naturalmente não estarei a referir a Causalidade linear onde a causa produz um efeito directo e concreto. Mas da Emergência, onde um conjunto de interacções simples na vida produz um padrão complexo e longo de Causalidade, determinando o desenrolar de uma série de acontecimentos futuros, permanentes ou não.
Naturalmente este conceito ou filosofia determina a aceitação do livre-arbítrio a par da responsabilidade moral, onde as escolhas são efectivamente feitas por nós à luz da nossa consciência, moral e filosofia. Desta forma ficam de fora os acasos, os indeterminismos e afins. E desta forma igualmente resulta que o percurso de vida de cada indivíduo, bem como a sua interacção social e humana, é e será traçado em função das escolhas feitas por cada um.
Exactamente!!! Como costumo dizer (já antes do livro da outra), não há coincidências: há causas (ainda que indeterminadas, no sentido de incognoscíveis ou, pelo menos, fora do alcance do nosso conhecimento, num dado momento) que geram, directa ou indirectamente, determinados efeitos.
ResponderEliminarParabéns, Nuno. Texto brilhante!! :)
Bem... pelo menos deixem de fora o indeterminismo do sexo. Que, como se sabe, é o dos anjos.
ResponderEliminarO sexo dos anjos é precisamente um belíssimo tópico e que encaixa perfeitamente no texto do Nuno.
ResponderEliminarQuando dissertamos sobre as relações causa efeito, tendemos a reconstruir um fio condutor, um historial de fenómenos encadeados os quais se encaixam no nosso processo cognitivo, formando assim o que se chama "sentido do momento". Tendemos a reduzir e a aglutinar e a subordinar a um momento do entendimento. Toda a diversidade precisa de pertencer a determinadas bolhas, agrupadas em hierarquias interactivas e que formam o nosso conhecimento. Num universo de acontecimentos caóticos, em grandes quantidades, as coincidências sucessivas tendem a reproduzir-se também em quantidades proporcionalmente grandes. A vida na terra, nas Eras anteriores mostra à saciedade uma profusão enorme de interacção entre os seres que se haveriam de separar em espécies. Será que num universo caótico se pode então atribuir às relações causa efeito, num ambiente completamenta aleatório, um sentido evolutivo? Se assim é, então podemos um atribuir um sentido ao caos, um determinismo: o caos conduz sempre à mesma solução final que poderá ser de novo o caos. Quando discordamos deste princípio, estamos apenas a considerar que determinadas soluções nascidas de arranjos caóticos são definitivas, quando na verdade apenas o são segundo a nossa óptica e subordinada a um interesse ocasional. Na verdade, o que chamamos a determinada altura uma solução, apenas é um dos estágios intermédios na sucessão causa-efeito que não se detém no instante que apreciamos. Isto é válido para todos os momentos da nossa vida duma forma contínua. Tal como a tinta numa parede não dura dez anos, mas vai-se degradando segundo a segundo - desde o instante em que a pusemos lá -e segue inexorávelmente a caminho do caos inicial para formar novas combinações, assim o nosso processo de entender é um momento no contínuo reagrupar de elementos. Porque é que somos dotados de inteligência? Será que somos mesmo? O conhecimento puro existe? Não será entender o caos, puro e simples, liberto do espartilho da causa-efeito, da invenção do momento, a meta na aventura da plena cogniscência? Neste ambiente, para que precisamos de atribuir sexo aos anjos?
Porque não pensamos em Anjos como podendo ser o quarto Segundo do Big Bang, mas em antropomorfismos os quais não existem assexuados. E como a nossa existência assenta nos arranjos aos quais chamamos de prazer,e à projecção maior do prazer se sublima em conceitos como Céu, (um estado de orgasmo eterno) um Ser da esfera Divina, só pode ser sexuada. Qual é então o sexo dos Anjos? Menino ou menina?
Falsa pergunta. O sexo dos Anjos é apenas Sexo. Caótico sem dúvida e por isso não o entendemos... por ora.
Chiça, Charlie. Se um dia tu e o Nuno estiverem sentados comigo numa esplanada a beber uns finos e a conversar, eu vou ficar com o meu neurónio gripado...
ResponderEliminarO teu neurónio é bem maior que muitos cérebros.
ResponderEliminarE olha que o excesso de modéstia é uma puta duma forma de vaidade :)))))
Eu só sou uma gaja esperta por conviver com malta que me está sempre a ensinar ;O)
ResponderEliminarOh Sao, se tu estiveres sentada comigo e com o Charlie numa esplanada, o mais provável é ninguém dizer coisa com coisa ao - digamos - 5º fino...
ResponderEliminareheheh
5º fino... somando os finos dos 3, certo? É que eu não consigo beber mais de 2...
ResponderEliminar2 finos é só para começar....
ResponderEliminarE se forem bem fininhos, terão de ser pelo menos três heheeheeh ;)O
E depois lá vais de bicicleta...
ResponderEliminarAo quinto fino vou já de biciqueca, perdão..hic...hic...perdão dizia, de..hic... biciqueda....hic...
ResponderEliminarBem... já não me sinto tão só...
ResponderEliminarBem... E combinar? Da outra vez que tentei alguém adiou para o próximo encontro da funda Sao. :)
ResponderEliminarMas arranja-se uma esplanada que preenchamos em jeito de tertúlia molhada ou não? Molhada pelos finos, naturalmente!!!!
:))))))))))))))))
Oh Ana. Desculpa a demora. :(
ResponderEliminarEu creio exactamente nisso. Não há coincidências mas padrões desencadeados por acções ou estilos.
E muito obrigado pelo cumprimento e elogio. :))) :$
Nuno, 2 de Julho. 15º Encontra-a-Funda. Anota e diz aí à menina.
ResponderEliminarEla que prepare uns exemplares do livro para o divulgar. E tu, uns textos dos teus.
Já disse. Já preparou. Eu? Ler uns textos meus? Quanto álcool me vais dar? Ehehehh
ResponderEliminarEntão, conto convosco?
ResponderEliminarJá agora, aproveito o selo e pede à Miss que me envie o texto de apresentação dela e do livro para o dia 20 de Maio. E quero ver quanto álcool me vão dar...
Claro que contas. No tocante ao resto, segue por email (não o alcool, esse precisamos para antes do evento... e já agora para durante e depois :))))))
ResponderEliminarFixe ;O)
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