abril 20, 2011

A mentira, por Ricky Gervais

Se calhar estou a ficar como aqueles professores que tanto parodiava, enquanto estudante, por citarem sempre os mesmos autores, fossem eles filósofos ou homens do direito. Tratava-se de gente que, de algum modo, admiravam, pelo que lhes aludiam muitas vezes.
Ora o mesmo se passa comigo. Mas, em vez de Hegel ou Picco de la Mirandola, passo a vida a reportar o meu discurso para Ricardo Araújo Pereira ou Ricky Gervais. Cada um é para o que nasce (e quem nasce lagartixa nunca chega a jacaré, já se sabe).
Serve o intróito para aludir a um filme que apanhei hoje, num dos Telecines, graças a um princípio de gripe (que espero que não passe disso) que me impediu de ir treinar e a um zapping muitíssimo bem sucedido e oportuno: The Invention of Lying (um viva para a tradução!), de 2009, escrito e realizado por Ricky Gervais e Matthew Robinson. Ora, se não conheço o segundo, bastou-me o nome do primeiro (e a leitura da sinopse) para ficar por ali.
Imagine-se um mundo igualzinho ao nosso mas com uma diferença substancial: a mentira é um conceito desconhecido e ninguém possui a capacidade para dizer "coisas que não são" (tradução minha). Deste modo, num banco, por exemplo, qualquer cliente levanta dinheiro sem assinar papeladas e, no caso de uma incongruência quanto a valores, entre o cliente e o sistema, a razão é sempre dada ao cliente, porque o sistema pode falhar mas o cliente não diz "coisas que não são": assim, se um cidadão se apresenta num balcão e quer levantar mil euros, ainda que o sistema dga que ele só possui duzentos na conta, é os mil que leva para casa. Porque não há mentiras.
Pense-se agora que determinado indivíduo descobre, certo dia, que possui a capacidade de dizer inverdades. Ou mentiras, diríamos nós, que estamos habituados a elas. Primeiro, para se safar de uma situação problemática, depois para fazer a mãe feliz, logo de seguida para conquistar a mulher dos seus sonhos ou para recuperar o emprego perdido e o prestígio nunca havido.

A questão, em si, é brilhante.
A questão vista por Ricky Gervais (e o outro, claro, o coisinho, o co-argumentista) é divinal.
Sem querer roubar o gozo da descoberta e da análise a quem quiser ganhar um par de horas de prazer inquieto, fica só a ideia de que a crítica à religião e ao modo como ela foi criada estão presentes, numa ode ao racionalismo e ao ateísmo, de que Gervais se mostrou já adepto.

A ver. Muito.

8 comentários:

  1. As coisas que tu nos apresentas...

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  2. Ela é uma bela apresentadora (smile da saudação em vénia )

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  3. Ó rapazes, se eu fosse gaja para corar, tinha corado... (smile coradinho) ;)

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  4. E o smaile coradinho, éi um encantuzinho...méjmo...(Nelo's dixit)

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  5. Até o Nelo dixit? Ena, ena... digo, ena, Ana!...

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  6. O nelo enganou-se
    Cria dezer Nelo's dikçit

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