abril 18, 2011

O PCP e uma falácia de sentido composto

Quando se dá às partes, consideradas isoladamente, o mesmo valor do que ao todo, está-se a incorrer numa falácia de sentido composto.

Quando o Secretário-Geral do Partido Comunista Português diz, referindo-se ao FMI, que "não credenciamos nem negociamos com uma entidade que consideramos que está aqui a praticar uma ingerência", está a dizer que "nós, PCP" não terão credenciado o Fundo de Resgate Europeu para vir cá dar uma mãozinha. Correcto. Por acaso, eu também não. Como uns tantos milhões de portugueses não o fizeram. É bem. Não é para isso que nos pagam.
Agora, quando considera uma "ingerência" a intervenção de uma entidade que, quer gostemos quer não, veio em auxílio de um país em apuros, quando os representantes do povo desse país (o todo), democraticamente eleitos, o chamaram, pese embora isso cause repulsa a muitos elementos desse povo em particular (as partes), está a asneirar. A ser falacioso.

Espero que, ao menos, se trate de um sofisma (falácia intencional), com o intuito de levar os militantes do PCP a acreditar que o PCP tem uma palavra a dizer nesta matéria e que é muito importante e que faz e que acontece. Porque se se trata de um paralogismo (falácia não intencional), o autismo será tão mais grave que o fazer e o acontecer serão, definitivamente, parte de um passado que se recusam a olhar como tal.

15 comentários:

  1. E com a etiqueta e tudo e tudo... maraviiiilha!

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  2. O PCP é um caso especial.
    Por um lado tem créditos firmados no poder local, mas isso é transversal a todos os partidos, e obra feita. Por outro lado, na política a um nível mais acima, repetem ad nauseum as mesmas inflexibilidades, que curiosamente não praticam enquanto detentores do Poder Local.
    Nas autarquias, excluindo efemérides e comemorações onde as matrizes partidárias e ideológicas se evidenciam, existe um nivelamento, uma forma mais ou menos comum na resolução dos problemas e desafios locais.
    Quanto ao FMI, eu deixa-los ia de fora o mais possível.
    Faria como o Sócrates: deixaria as agências de Rating afundar-se na sua própria lama!
    Sei que ninguém, ou poucos, repararam no nervosismo, a raiar a aflição que elas evidenciaram quando os sucessivos abaixamentos das classificações não estavam a surtir o efeito com a velocidade desejada. É preciso ter nervos de aço para enfrentar as feras e o Sócrates, com todos os defeitos, tem esse mérito, ninguém por mais que o odeie pode dizer o contrário.
    As Agências, no seu afã do assalto em curso, tendo descido a Caixa Geral de Depósitos (imagine-se) ao nivel do lixo, deparou-se nesse dia com uma subida na bolsa.
    Aflitos certamente, apressaram-se a descer, imagine-se, rating de Lisboa e Cascais também a esse nivel. Uma manobra de desespero é como eu analiso o lance patético dessas agências.
    Eu faria como o Sócrates.
    Deixaria que descesse tudo ao nivel do lixo. Bancos, cidades, aldeias, cidadãos. Tudo lixo, como eles dizem. Com uma economia ainda a funcionar, embora mal, seria a credibilidade dessas agências, essas sim a ficar ao nivel do lixo, lugar que antes de qualquer páis, cidade ou cidadão, a eles lhes cabe.
    O que fez em Portugal, numa altura crucial do combate, uma classe política tonta, sem classe e sedenta do poder a todo o custo?
    Tiros no pé e calcinhas despidas para o FMI, enquanto as Agências respiravam fundo.
    Portugal tinha perdido uma oportunidade única de sair vencedora na luta contra os gigante. Tal como no livro "O rato que rugio" de Leonard Wibberley.
    Portugal poderia estar a um passo de ser o "Grão-Ducado de Fenwick" que ao não capitular, venceu a Guerra precisamente por ser pequeno demais para a perder....

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  3. São Rosas - Estou a ficar uma expert!!! :D

    Charlie - Conheço bem o PCP e o seu modo de funcionamento. Mais do que conhecerei qualquer outro partido político em Portugal. E sim, funciona exactamente como dizes, com uma ressalva: quando eu me esqueço por que é que o PCP nunca será um partido de poder (nem em coligações), há sempre um distinto militante ou mesmo o secretário-geral, que mo recorda.

    Quanto ao resto... sabes que mais? Charlie a candidato a PM!!!!!!! (não o nosso PM, o PM que quer ser de todos, que não é o caso do nosso PM. Verdade, PM? :D)

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  4. Charlie - Só a título de complemento, olha só o artigo (que provavelmente já conheces) que um aluno me enviou outro dia, como sugestão de tema a discutir nas aulas de Pensamento Crítico: http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=257744

    (claro que foi imediatamente adjudicado!)

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  5. "Se deixadas sem regulação, estas forças de mercado ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos — talvez até da América — para fazerem as suas próprias escolhas sobre impostos e despesas."

    Exactamente o que estamos por aqui a dizer!

    Ana, o PM manda dizer que para PM é preciso PM: "Pachorra Muita"... e o PM não tem PM.

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  6. O PCP levou aqui uma certeira facada pelo bisturi da Ana...

    Lamentavelmente, o PCP vive nesta amarga dicotomia de não torcer, nem vergar - excepto quando lhe dá jeito, claro, como se verifica e foi dito nas autarquias... - como se ainda houvesse a Grande Mãe Ursa, mas ver-se constrangido a ter de acender sempre uma velinha à desgraça para arregimentar descontentamentos, porque sem Ursa a vida é muito difícil.

    Pelo caminho e em marcha mais lenta fica uma estratégia, uma perspectiva de futuro para o país, difícil de gerir se pensarmos que tem como combustível apenas a tal desgraça.

    Daí o contínuo entorpecimento em que faz cair as reivindicações das massas, que lhe deviam ser tão caras - veja-se, a título de mero exemplo, o caso dos «nossos» professores - sempre na angústia de que a tal justa luta das massas lhes fuja ao controlo. Controlo esse que, chegando a ser doentio, deixa de pé atrás qualquer livre pensador, atento ao dia político.

    Ainda assim e tendo nós o espectro político que temos, esta será uma das opções de voto, digo eu, na perspectiva do mal menor que já referi noutros comentários...

    E, agora, esperem aí um bocadinho que eu vou ali tomar duas pastilhas para o optimismo e já volto.

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  7. OLá Ana. :)
    De facto já o conhecia, e ele condensa tudo.
    O que mais me espanta é isto ser tão evidente, nem sequer precisa de argumentos rebuscados, e parece que os nossos mandantes vivem noutro planeta, noutra realidade, sei lá....
    Reagem como se as coisas de que o artigo fala não fossem evidências e passíveis de originar uma alteração de processos.
    :S

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  8. Isto da política é como a retórica: há boa e má. Só que na política a retórica é, normalmente, uma merda.

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  9. Uma merda em círculo fechado.
    E a propósito, quando me canditar a P.M. queres ser minha mandatária?
    A vaga de Vice-P.M. ´já está preenchida e tem pronúnica do Norte, protagonizada na figura da Exma Anandrade. Assim nós os três, já fariamos uma rodinha,fechada. O que achas??? :DS----

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  10. Charlie e São - E éramos uma "troika", certo??? Aaaahhh, o que eu gostava de participar de uma troika... Não um trio, não um triunvirato, mas uma "troika"!!! É o sonho de uma vida.

    OrCa - Faz-me lá o favor de encomendares ao teu "dealer" dessas pastilhas que o optimismo, por cá, também vai falhando... E sim, concordo inteiramente contigo, mas com a ressalva de que o meu sentido de voto só se mantém porque estou a eleger a oposição. :)

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  11. Troika é chique, sem dúvida.
    O Peres é dessa família, Noé?

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  12. Com certeza. Por parte de pai. Por parte de mãe, ainda é qualquer coisa ao Gorbachev.

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  13. O Gorbachev é mãe do Peres... ele nunca me enganou!

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  14. Gente de boas famílias,
    Nada que se compare à linhagem dos Putins....

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  15. O Dmitri Medvedev parece mesmo filho de Putin.

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