abril 14, 2011

A posta que ninguém está a pensar a sério no plano B

Com a Comunicação Social e a classe política entretidas a esmiuçar o novo papão, o FMI & Brothers (o BCE), nas repercussões negativas da intervenção destes lucrativos beneméritos ou apenas na atribuição de culpas pelo apelo aos abutres, toda a gente parece ter a tal ajuda como um dado adquirido e não vejo ninguém tentar sequer esboçar uma alternativa para o caso de a coisa correr menos bem e os donos dos milhões nos darem com os pés.

Para um povo com propensão para o fatalismo, capaz de fazer um esgar de consternação para ilustrar a sua preocupação com a crise enquanto marca a viagem para um paraíso tropical, é de estranhar a ausência de pessimistas a sério, daqueles que percebem (ou vaticinam) a bronca antes dos outros e arregaçam as mangas na elaboração de um esquema alternativo, de uma saída de emergência para qualquer tipo de cataclismo.

Já nem falo daqueles que nos anos 50 investiram fortunas e horas de trabalho na construção de bunkers auto-suficientes para sobreviverem durante meses a um hipotético holocausto nuclear e que hoje parecem parvos mas na altura poucos os olhavam dessa forma, falo dos Medinas desta terra, dos profetas da desgraça, dos arautos do apocalipse mas em modo fazer em vez de falar.

Ou seja, anda tudo atarantado com o apertar do cinto, com a perda quase total de soberania, com os benefícios e malefícios da ajuda financeira que afinal ainda não está preto no branco pois ainda falta a contabilidade analítica que pode muito bem entornar o caldo se cair na fraqueza aos pragmáticos alemães que nos olham como párias e começam a ficar saturados de acudirem aos molengões e intrujas do sul (a Irlanda é a sul da Gronelândia, pronto).

E se depois da fiscalização os gajos não quiserem assinar os cheques?

Bom, essa hipótese que ninguém parece querer sequer equacionar faz parte do leque de opções de quem tem muito onde enterrar os milhões e se calhar até sabe que a procissão ainda vai no adro abre um mar de possibilidades em termos de teorização, sobretudo se a uma recusa no auxílio sobrevier o maremoto da exclusão de Portugal da zona euro ou ainda pior.

E aqui começam as dúvidas legítimas dos que já perceberam que a torneira dos milhões foi chão que deu uvas, a coisa estava pensada para sermos todos ricos e montes de unidos, federados até, mas em função de tudo correr pelo melhor.

Mas não correu.

A federação europeia não passa agora de uma ideia condenada a amarelecer ao pó e já será muito bom se a União não se desagregar sob a pressão das aflições individuais em cada Estado-Membro.

Mas esse é o lado para onde dormiremos melhor, caso o FMI & Associados (o BCE, pois) nos dêem com o lápis vermelho da censura ao regabofe privilegiando outros com mercados mais numerosos (apetitosos) e finalmente tenhamos que tomar conta de nós mesmos como os islandeses e outros e toda a gente descubra então até onde foi negligente e anti-patriótica a cedência ao desmantelamento da frota pesqueira e de uma agricultura capaz de atrapalhar o escoamento da produção dos países mais endinheirados (ninguém dá nada a ninguém).

Agora dirão, ah e tal mas na altura tinha que ser. Pois tinha, se queríamos mesmo deitar a mão ao guito para esturricar em tudo menos naquilo a que se destinava. Pois tinha, se as coisas tivessem corrido bem e hoje estivéssemos no mesmo plano da Holanda, do Luxemburgo ou, a avaliar pelo alívio de fachada que me cheira a esturro, a própria Espanha. Mas não estamos e se calhar mais valia nessa época ter batido o pé a algumas exigências que agora, em função do que pode acontecer, às tantas nos deixaram descalços.

6 comentários:

  1. Shark, licença para dar aqui uma de anarca, fachavor…

    Perante a concretização de ameaças mais recentes que andam no ar, segundo as quais os manos europeus acham melhor fechar as torneiras a empréstimos aos portugas, avançamos com o Plano F. É assim:

    Em princípio, a malta quer pagar o que deve. Mas devagarinho e tudo renegociado. E, mesmo assim, temos água pela barba para os próximos 500 anos. Juro máximo admissível: 1%, que ninguém anda para aqui a alimentar donas Brancas e outras relaxações.

    Bem, os gajos não querem… - isto é, como se diz em futebolês, um supônhamos. Ah, não querem? Então, lixai-vos, com um big F. Zás! Andor!

    O que acontecerá se não pagarmos o que devemos? Põem Portugal em saldo para ser arrematado aos talhões? Não estou a ver… Só de História são para cima de 800 anos e até há quem diga que são muitos mais... Mas se o fizerem, também não vão querer que esta malta continue a frequentá-lo e há-de haver para aí uma acção de despejo sumária que nos atire a todos para as Berlengas (Farilhões incluídos). Nessa altura, os Açores e a Madeira terão sido dos primeiros talhões a ser arrematados e já não há nada para ninguém… Assim sendo, não teremos nada a perder.

    Portanto, voltando ao raciocínio: não pagamos! Se alguém bater à porta, nem respondemos. Não está ninguém! Volte amanhã…

    Entretanto, a malta desata para aí a plantar couves, batatas e a chegar os varrões às porcas – serão, claro, os varrões assinalados… Ah, e até temos castanhas, rabanetes, caracóis e cerejas e assim…

    Eh, pá, e a malta desenrasca-se! Que isto é um povo que resiste a tudo! Já imaginaram, daqui a uns 50 anitos, tal como agora em Cuba, uma data de Mercedes, Audis, BMW, tudo com 60 anitos de idade… E as linhas de comboio todas debaixo de água, por força das 475 barragens hidroeléctricas entretanto construídas… E nem se poderá sair (nem entrar) do país por terra, pois ao longo da raia fronteiriça pespegaremos com moinhos de vento, encostadinhos uns aos outros, para salvaguarda da soberania nacional.

    É estúpida esta abordagem? Também a licenciatura do Sócrates é e não é por isso que deixam de lhe chamar senhor engenheiro.

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  2. Eu confesso que este discurso finlandês com tonalidades alemãs começa a fazer-me chegar a mostarda ao nariz patriota.
    Aliás, talvez seja mesmo do que este país precisa para abrir a pestana e fazer o que tem que ser feito quanto antes: blindar a democracia contra os parasitas e os medíocres e alimentá-la com alternativas feitas à medida para conseguirmos um milagre da recuperação económica, virarmo-nos para os Palopes e para os europeus pelintras como nós e deixarmos os amigos da onça a falarem com aquilo que a gente sabe.

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  3. Seria bom dar uma passagem pelo livro de Jim Marrs sobre o Quarto Reich,
    Breve sinopse acessível em~:

    http://foguinhofogaovulcao.blogspot.com/2010/09/ascensao-do-quarto-reich-jim-marrs.html

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  4. Seja como for, estamos todos fartinhos já de fazer chover no molhado, todos estamos de acordo que nos estão a lixar e que tudo isto é mais artificial do que real, mas a parte real é a que nos está a doer e a virtual, a que faz os malfeitores rir.
    Seria de bom tom, digo eu, começarmos a pensar em tomar as medidas certas, ou como se diz em linguagem militar, contra-medidas.
    Imagine-se um ataque concertado de hackers portugueses, Gregos, Irlandeses, Islandeses e os outros que as agências tem no prelo, (Alemães e Finlandeses de fora).
    Os alvos, obviamente as agências de rating e todo o seu universo de empresas associadas, FMI incluidos.
    Imagine-se uma classificação ao rebentar do dia em que uma classificaria a outra dois ou três pontos abaixo, sendo imediatamente seguido por esta que lhe responderia com classificação ao nível do lixo. :D Fazer os filhos da puta tomar do seu próprio remédio, sem descanso, em todos os meios.
    Hackers de todo mundo, uni-vos!!!!

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  5. Ando há umas semanas a pensar nisso: "ratear" as agências de rating. Vou fazer isso agora...

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