abril 21, 2011

Retrato (não generalizador) de um país

Por detrás do ecrã do computador e através da janela, plantam-se três ou quatro árvores novas no jardim. Coisas compridas fininhas e leves, que uma só pessoa carrega.
Ainda assim, andam quatro homens a fazer o serviço: enquanto um cava, os outros conversam. Depois descansa o que cavou e os outros acompanham. Finalmente, alguém mete a árvore pequenina na depressão escavada e conversam mais um bocadinho, até que alguém se lembra que o buraco tem de ser fechado.
Andam quatro homens a fazer de conta que trabalham, sob uma chuva miudinha (e nem essa parece afectá-los) e isso chateia-me à brava.

14 comentários:

  1. Da tua janela vê-se a Câmara Municipal de Coimbra?!

    ResponderEliminar
  2. Da minha janela vê-se Portugal continental e insular. :(

    ResponderEliminar
  3. "No meu tempo" via-se também o ultramarino :O)

    ResponderEliminar
  4. A sociedade portuguesa está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas, ao mesmo tempo, não querem trabalhar. Só três coisas interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vive...m bem acima dos seus meios. Porque é preciso pagar estes sonhos de miúdos... Os seus industriais começam a deslocalizar-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho, os seus impostos e taxas para financiar a assistência generalizada. Os seus filhos não poderão pagar 'a conta'. Orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la. Mas, para além de se endividarem, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando, mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores. Portanto o sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. Existe um outro cancro: funcionários públicos a mais. Sedentos de dinheiro público mas de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve e tolerâncias de ponto, direitos a um muro ... a alta velocidade!!!

    ResponderEliminar
  5. Agradeço o comentário mas peço-lhe que se identifique.

    ResponderEliminar
  6. Eu responder-lhe-ia, Anónimo (mesmo porque há muitas coisas no seu comentário que me mereceriam umas palavras) mas instituí recentemente a regra de não responder a pessoas anónimas. Decidi que gosto de saber com quem falo.
    Muito obrigada pela leitura e contributo, ainda assim.

    ResponderEliminar
  7. (comentários anónimos apagados)

    ResponderEliminar
  8. Ó São... e eu que ia responder ao senhor que, se se tivesse identificado imediatamente, eu teria percebido desde logo que não falávamos a mesma linguagem e que, em democracia, identificar-se não é identificar-se... e até estava para lhe recomendar um bom dicionário de Português-Português e tudo... Caramba, lá terão de ir mais duas mão cheias de amêndoas para me penitenciar pela ausência da boa acção...!!!

    ResponderEliminar
  9. Olha, eu penitenciei-me com um queijo da Serra e folar da Páscoa...

    ResponderEliminar
  10. Incomoda-me nos Anónimos não apenas o deselegante da atitude como também, as mais das vezes, o ficarmos algo duvidosos quanto à materialidade do mesmo que mais não seja para a eventualidade de ajuizar se valerá a pena contestar as opiniões emitidas… É que um Anónimo pode não ser real. E é bom que tenhamos a noção clara disso. Pode, na verdade, não passar de uma perturbação assíncrona no grande concerto do Universo e tal…

    Bem, um pouco mais a sério: o homem é um grande espírito baralhado. Ou melhor, é um espírito grandemente baralhado. Alguém capaz de emitir uma asserção tão retumbante como: «não se produz riqueza dividindo e partilhando, mas sim trabalhando» pode vir a subscrever aquela máxima alemã que encimava um campo de «trabalho» de lamentável memória: «Arbeit macht Frei» (o trabalho liberta). A racionalidade (?) pode ser a mesma e resultado prático o que se sabe…

    Se calhar, este anónimo até é bem intencionado. Baralhado, embora, mas bem intencionado. Daqueles que esgotam os «resorts» infernais, claro.

    Outra coisa incómoda é a generalização. Obtusa como toda a generalização que se preza. Veja-se o dislate: «Um outro cancro: Funcionários públicos a mais. Sedentos de dinheiro público mas de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve e tolerâncias de ponto, direitos a um muro».

    Tanto que havia a dizer sobre a imensidão do disparate, mas não temos tempo. Mas sempre se adianta qualquer coisita:

    Ó homem – claro que também este epíteto é um supônhamos… – primeiro uma das leis mais elementares e transcendentes da Biologia é exactamente a lei do menor esforço. Quanto a isso estamos conversados. Não há, em todo o mundo, uma alminha que não anseie por obter os mesmos resultados fazendo menos – e isso é inteligente; o contrário é estúpido. Depois, querer ganhar mais é assim a modos que um desidério universal a que apenas almas místicas, como a Madre Teresa de Calcutá, se conseguem furtar – ainda que também ela bem precisava de o obter, se não para si, para terceiros… Por fim, de que funcionários públicos é que ele estará a falar: do professor que lhe educa os filhos? Do médico que o trata na ausência de saúde? Do calceteiro que endireita o chão que ele pisa?

    E ele considera que todos eles ganham bem pelo que fazem, havendo tantos que o fazem bem ganhando misérias? E o pobre não sabe que os «direitos sociais» que ele inveja mais não foram do que «pagamentos em géneros» com que o Estado foi ludibriando o funcionalismo, mantendo-o como um dos mais mal pagos da Europa, com a consequente desmotivação… e etc., etc., etc. que ele havia tanto a dizer, mas, na verdade, não temos tempo.

    Agora funcionários a mais? Onde, onde? Nos hospitais? Nas escolas? Nas polícias? Nas repartições? Deve este amigo viver num mundo outro qualquer paralelo. Eu só tenho conhecimento é de falta gritante de funcionários em todas estas áreas…

    Ah, ele refere-se aos amigos do Sócrates e dos outros Sócrates anteriores… Pois, mas esses só lá estão de passagem. E há uma coisa que prezam muito: o anonimato.

    ResponderEliminar
  11. Ó Jorge... Onde é que está o bonequinho da vénia??? E o da dupla vénia?!!!
    (Porque os anónimos não te merecem, mas nós merecemos!)

    ResponderEliminar
  12. Chiça, Ana, qu'é mesmo. Faltam aqui os bonecos!

    ResponderEliminar
  13. Bom dia, Ana. Perdi um comentário que fiz ao teu texto e, depois, perdi-me em anonimices... Bem, aqui fica, reescrito. Da tua árvorezinha e dos seus quatro homens ficar-nos-á essa certeza: todos faziam um frete. Naquela acção não havia alegria ou entusiasmo ou motivação. Apenas frete.
    Nem sei se a culpa será toda deles - ainda que sempre alguma lhes caiba, caramba, que também devemos ser senhores do nosso destino...
    Mas o terrível de tudo isto é quando perdemos a alegria em fazer o que fazemos. Pelo baixo salário, pela falta de perspectivas, pela saturação, pelo desconsolo, pelo desviver. E terem, porventura, aquelas quatro almas perdido a noção da transcendência de plantar uma árvore - se é que alguma vez a tiveram.
    E se todos a plantassem, em equipa, com carinho e dedicação, com o enlevo de ajudar o mundo e, de seguida, aproveitassem o tempo poupado e fossem os quatro beber um copo e falar da vida... Não ganhariam todos e nós também? Mas por beberem um copo poderiam apanhar talvez, um proceso disciplinar, enquanto por estarem ali sem fazer nada... podem sempre dizer que estão a «trabalhar».
    É essa lógica que escapará à falta de lógica dos «anónimos»...

    ResponderEliminar
  14. A mim, no anonimato, o que me assustam são as duas últimas sílabas.

    ResponderEliminar